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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Que as citações nos caiam em cima [42]


"Sabe, ouvi falar de um homem cujo amigo tinha sido preso e que todas as noites se deitava no chão do seu quarto para não gozar de um conforto de que havia sido privado aquele que ele amava. Quem, meu caro senhor, quem se deitará no chão por nós?"

A Queda
Albert Camus

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Queda

Título: A Queda
Autor: Albert Camus
Tradutor: José Terra

Opinião: Eu não sei qual é o meu preconceito inconsciente e involuntário contra este autor, mas já é a segunda vez que leio um livro dele, e a segunda vez em que tive de ser influenciado a fazê-lo.

Desta vez ainda foi pior, porque eu já sabia perfeitamente que gostava do autor e da sua escrita. E no entanto, nunca mais peguei em nada de Camus.

Caro falecido Albert Camus, perdoe-me. Acredite que lhe tenho o maior dos respeitos, e uma boa dose de admiração.

Se já assim pensava depois de ler O Estrangeiro, esta leitura confirmou a minha ideia sobre o autor e a sua escrita: fantástica.

Confesso que já não me lembrava de detalhes, apenas de que tinha gostado bastante da escrita. Pois bem, fiquei impressionado, ainda achei a escrita melhor do que aquilo que eu me lembrava.

A forma como a narração é feita é bastante curiosa, uma vez que o narrador fala directamente para o leitor, como se este fosse uma personagem que o acompanha noite após noite, do bar para as ruas.

O efeito disto, como devem imaginar, é tremendo. A forma como Camus nos envolve, não só com a sua escrita descomplicada, directa e viciante, mas também com esse "truque", é muito boa.

É claro sendo Camus, a maior parte do livro é perdida em reflexões e em conversas que surgem quase do nada e que parecem não ter nada a ver com nada, mas que servem como uma espécie de confissão do narrador, que diz ser um "juiz penitente".

O resultado é um livro aparentemente bastante parado, mas que cativa bastante. A escrita é mesmo muito boa e a história acaba por se tornar interessante, contada pelo narrador de forma bastante pessoal.

Claramente um livro, e um autor, a não perder.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Estrangeiro


Leitura influenciada pela Beky, que disse "o tipo parece um psicopata, vais adorar!". Aqui se vê a fama que eu tenho... Mas bem, adiante.

A Beky tinha razão. O tipo, Mersault, é um autêntico psicopata! O livro começa com a morte da mãe dele, e Mersault a ir ao funeral. E nota-se logo a quase total ausência de qualquer tipo de sentimento. Mersault parece completamente alheio ao facto de que a sua mãe morreu.

A personagem é completamente desprovida de sentimentos, e guia-se pelas sensações. As coisas acontecem, à sua volta, até com ele, e ele pouco faz além de as comentar, ou de ficar indiferente. Perguntam-lhe se quer casar, e que diz ele? "Tanto faz."

É isto que Camus explora no livro, uma personagem que leva a racionalidade ao extremo, deixando os sentimentos de lado. E a forma como o faz é sinceramente arrepiante...

Mersault vive a vida completamente indiferente àquilo que o rodeia, de tal maneira que é levado a cometer um crime, e não sente qualquer tipo de remorso. Nem sei bem como vos explicar isto, mas Mersault tem de facto traços de psicopata, excelentemente retratados pelo autor, e fez-me confusão a calma e abstracção com que a personagem descreve e comenta aquilo que acontece. Situações capazes de levar ao desespero uma pessoa normal, não lhe dizem nada. Passa por eles como quem lê o jornal. E é essa visão, tão diferente do habitual, que faz deste livro uma tão boa leitura.

E a Beky teve mesmo razão. Adorei!