Título: A Mãe
Autor: Máximo Gorki
Tradutor: Egito Gonçalves
Sinopse: Depois da morte do seu marido, Pelágia Nilovna começa a observar o filho Pavel. Apesar de morarem juntos, eram praticamente desconhecidos. Um dia, Pavel diz-lhe que está a ler livros proibidos: “São proibidos porque dizem a verdade sobre as nossas vidas de operários”. A história passa-se num dos bairros fabris da Rússia em princípios do século XX. Já com alguma idade, a Mãe interessa-se pelos ideais pelos quais o filho de bate e quando Pavel é deportado, Pelágia toma o seu lugar.
Opinião: A Mãe é um livro a tender para o denso, ou melhor, intenso. Digo isto porque as ideias e os ideais não estão escondidos, antes pelo contrário, são gritados aos 7 ventos! Eu pessoalmente acho fascinante ler um clássico, ainda por cima de um autor russo, com uma mensagem tão clara e explícita, e tão ansiosa para saltar para fora das páginas. Não que eu conheça muito de literatura russa, mas do pouco que li, a ideia que tenho é a de que os autores russos são romancistas por excelência, capazes de gastarem um livro inteiro sobre algum ideal menor, quanto mais algo da magnitude desta contínua e efervescente revolução do proletariado russo, no princípio do século XX.
Mas Gorki, pelo menos neste livro em particular, não é adepto de grandes floreados, no que toca a diálogos e a imagens transmitidas pela narrativa, apesar de, como qualquer autor russo que se preze, ser bastante dado a floreados na narrativa em si e em tudo o que seja descrição. E a forma como o faz é óptima, se bem que aquilo que mais apreciei foram de facto os diálogos, muitas vezes mais monólogos que outra coisa, praticamente todos mais do que inflamados pelo mesmo espírito revolucionário.
O livro começa por contar o dia-a-dia de uma família, representativa de muitas famílias parecidas, na qual o patriarca morre, deixando Pelágia, a Mãe, e Pavel, o filho, sozinhos e livres da tirania de marido e pai. É então que Pavel conhece os ideais socialistas, e não tarda a ver-se bastante envolvido na luta secreta que se desenrolou ao longo de vários meses e anos, tornando-se inclusivamente um dos seus principais instigadores. No entanto, um dia as coisas correm mal e Pavel é preciso, deixando Pelágia sozinha. E não é que Pelágia, quando se vê sem o filho, cujos discursos tinha começado a ouvir e a interiorizar, se torna cada vez mais activa e interessada na luta que ele e os seus camaradas travam, e acaba por praticamente tomar o lugar dele nas fileiras revolucionárias?
É nessa altura que Pelágia se torna não só a mãe de Pavel, o homem, não só a mãe de Pavel, o revolucionário, mas literalmente a Mãe de uma revolução silenciosa com ocasionais e violentos surtos de barulho. E é sobre isso que o livro fala, sobre Pelágia, a Mãe, da sua força enquanto mãe e da sua força enquanto Mãe. Da sua vontade em dar a melhor vida possível a filho e da sua vontade em dar a melhor vida possível a todo o povo russo, fazendo tudo aquilo que está o seu alcance para ficar um bocadinho mais perto de ambos os objectivos. Pelágia não desaponta e mostra uma força quase inimaginável, ultrapassa contratempos e luta activamente contra a repressão.
Resumindo, posso dizer que gostei bastante. Demorei um bocado a ler, mas tudo graças à minha maravilhosa vida de estudante universitário. Garanto-vos que gostei mesmo, e que se tivesse estado de facto de férias, tinha começado a ler do princípio e tinha lido tudo em 3 dias. Portanto... Leiam!
3 comentários:
Olá Rui!
Um excelente livro, de facto!
Um bom ano!
Olá Iceman! Confirma-se, um livro muito bom :)
Um bom ano para ti também ;)
Li este livro na minha adolescência e fiquei arrebatada com ele.
E agora, quando por coincidência entre no teu blog, gostei de ler a tua análise. Para mim "A Mãe" é, sem dúvida, um dos livros da minha vida.
Ana Cristina
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