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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

The Detective (Johannes Cabal #2)


Autor: Jonathan L. Howard


Opinião: Gostei mais do primeiro. Não é a melhor forma de começar uma opinião, mas é verdade. A personagem principal, convenha-se, é fascinante, mas é preciso ter cuidado na sua utilização: neste livro, acho que o autor falhou ligeiramente.

No entanto o livro é bom. Diverti-me quase tanto como ao ler o primeiro, mas notei mais a artificialidade da narrativa e do humor.

Estou a tornar-me confuso. Em termos simples: gostei, mas fiquei desiludido.

Parte do problema é o foco do livro. Enquanto que em The Necromancer, são as artes negras que estão no centro da narrativa, sendo que Cabal quase que fica só com o papel de simples e sarcástico veículo dessas artes, em The Detectiva as magias e ciências ocultas tomam um papel muito mais secundário.

Qual é o problema disto, exactamente? Bem, Cabal é divertido, em grande parte, por causa das suas reacções e interacções completamente fora de sintonia com os seres humanos normais, mas foi a forma como age junto do sobrenatural que me cativou.

E aqui perde-se isso em favor de intrigas políticas e militares entre caricaturas de países povoados de caricaturas de povos ridículos por si próprios. Não é mau ver que a história de Cabal não se prende demasiado ao que quer que seja, tirando a sua sempre presente missão de conseguir ressuscitar os mortos com total eficácia, mas aqui afastou-se de mais.

Não deixa de ser um homem extremamente engraçado. A sua personalidade fria e metódica continua fascinante, e a forma como pensa e como trata toda a gente é hilariante.

O enredo, esse, é relativamente banal, ainda que tenha algumas pitadas de interesse mais acentuado aqui e ali. Tenho mais interesse para o terceiro, The Fear Institute, mas queria deixar bem claro que gostei de ler este livro, e que ainda deu para rir um bom bocado. Os diálogos têm momentos brilhantes, e o próprio narrador consegue fazer rir com alguma facilidade.

Ou seja, apesar de tudo o que eu disse, façam o favor de experimentar!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Que as citações nos caiam em cima [49]


'[...] You know what's waiting?'

'I'll know soon enough,' said Barrow. 'I'll just enjoy life while I can.'

Cabal leaned forward. 'I know now,' he said, caution gone. 'One place is run by a bored, disappointed sadist. The other... Spiritual transfiguration, do you know what that means? It means having everything that you ever were stripped away, bars of light, too intense to look upon.' He unconsciously fingered the smoked glasses in his breast pocket. 'Homogeneity incarnate. Can you imagine that? That's what the Heavenly Host is, countless thousands of bars of light, souls burning, all the same. Your personality lost forever. Immortal souls, hah! It's the final death. Sacrificed to a mania for order.' He looked around at the middle distance, his disgust a palpable thing. 'Lambs to the slaughter.'

Barrow put his cup down. 'Why do you hate death so much?'

Cabal seemed to rein himself in. 'I don't hate death. It's not a person. There's no grim skeletal figure with a scythe. I try to avoid hating abstracts, it's a waste of effort.'


The Necromancer (Johannes Cabal #1)
Jonathan L. Howard

The Necromancer (Johannes Cabal #1)


Autor: Jonathan L. Howard


Opinião: Divertido até ao tutano. Acho que a minha opinião fica por aqui. A sério, podia perfeitamente não dizer mais nada. Aquela frase inicial já vos diz tudo o que precisam de saber: ler este livro é embarcar numa longa viagem de figuras tristes (quando desatarem a rir sozinhos em público), dores musculares (de tanto rir), e vista turva (de lerem durante tanto tempo seguido).

Sim, este livro é viciante, engraçadíssimo e muito bem escrito. É o primeiro romance de Jonathan L. Howard, que antes se dedicava a criar jogos de computador, mas não parece. O humor tipicamente britânico está muito presente, aqui permeado pelo macabro, com uma boa escrita, uma história interessante e personagens fantásticas, com destaque para Johannes Cabal, o necromancer do título, e o seu irmão Horst Cabal que, bem... é peculiar.

Juntos, têm que reunir cem almas no espaço de um ano, para que Johannes vença uma aposta feita com o próprio Diabo e possa recuperar a sua alma, que tinha trocado pelo conhecimento negro que possui e que agora lhe faz falta, já que o seu estado sem alma interfere com as suas experiências.

E qual a forma perfeita de fazerem isto? Com uma feira ambulante! O diabo tem uma série delas armazenadas, todas perfeitamente diabólicas, como é óbvio, e empresta uma aos irmãos Cabal. O resultado é uma série de situações engraçadas, negras e ocasionalmente bastante dramáticas, numa trama que consegue balançar momentos emotivos com momentos de chorar a rir no espaço de apenas algumas páginas.

Mas a grande vitória do autor são as personagens, como já disse. Johannes é carismático, engraçado, frio e bastante complexo. Há ali claramente um objectivo escondido desde o início e que é perfeitamente perceptível a meio do livro, embora só seja oficialmente revelado no fim, com essa revelação a proporcionar um final fraco para um livro fantástico. Cabal é um homem racional e implacável, que não olha a meios para atingir os seus fins, e de cada vez que abre a boca está muito provavelmente a gozar com alguém ou alguma coisa.

Já o seu irmão, Horst, embora também seja bastante gozão, e uma personagem com características peculiares por si só, é mais ligado às emoções e tem princípios morais mais fortes e bem definidos, razão dos constantes confrontos com o irmão.

E isto tudo sem falar das inúmeras personagens secundárias, como Mr. Bones e o próprio diabo, todas elas a proporcionarem momentos que além de hilariantes, avançam com a história de alguma forma. Isso é uma das grandes proezas do autor, o conseguir contar piadas E uma história.

Como já disse, só o fim é que me desapontou, porque de resto este é um livro excepcional, com o melhor que o humor britânico tem para oferecer misturado com uma boa dose de fantasia macabra. Só não é aconselhado a quem não apreciar humor negro...


'Have you any interest in psychology?' asked Horst.
'Certainly not,' replied Cabal. 'I'm a scientist.'