Título: Lituma nos Andes
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradutor: Miguel Serras Pereira
Sinopse: Sob a ameaça constante dos guerrilheiros maoístas do Sendero Luminoso, o cabo Lituma e o seu adjunto Tomás vivem num acampamento mineiro das montanhas do Peru, onde inexplicáveis e obscuros desaparecimentos lhes prendem o interesse. Paralelamente, a vida pessoal de ambos - sobretudo o reaparecimento de um antigo amor de Tomás -, intrometer-se-á profundamente na investigação. O drama real das comunidades peruanas, nos anos 80, reféns da organização paramilitar de esquerda, e as dúvidas pessoais dos personagens cruzam-se durante todo o romance, tornando Lituma nos Andes uma obra ímpar no percurso literário de Mario Vargas Llosa, mas também uma das suas mais ferozes críticas à violência estrutural que afectou o Peru durante tantas décadas. Uma obra obrigatória em qualquer biblioteca.
Opinião: A minha curiosidade natural já me tinha permitido descobrir que este autor, o mais recente galardoado com o prémio Nobel da Literatura, escrevia livros com uma forte componente de crítica social, mas nada me tinha deixado preparado para aquilo que encontrei nesta obra.
É com uma linguagem rude e áspera, bastante apropriada ás situações que descreve, que o autor retrata o cenário de violência extrema e sádica que grassava nos Andes.
Lituma é um oficial da guarda-civil destacado para uma aldeola no fim do mundo, Naccos, onde, juntamente com o seu adjunto, Tomás Carreño, vai investigar 3 misteriosos desaparecimentos, embora aquilo que descobre o faça desejar não ter andado à procura...
Com várias narrativas entrelaçadas, sendo até passíveis de confundir quem lê, tal é a brusquidão das mudanças de registo, o autor conta a história de Naccos; a dos desaparecidos; a do adjunto (Tomás ou Tomasito, Carreño ou Carreñito), que sente saudades da mulher da sua vida; a de Dioniso e Adriana, os cantineiros da aldeia, com fama de bruxos e coisas piores; e conta também uma história que serve como pano de fundo a todas estas narrativas, uma história de violência, de revolta, de fanatismo, de tribunais populares e milícias quase militarizadas...
Mario Vargas Llosa é, sem dúvida, um autor a reler.
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