Título: O Fim do Sr. Y
Autor: Scarlett Thomas
Tradutor: Inês Castro
Sinopse: Ariel Manto, uma solitária estudante, descobre, no decurso das suas pesquisas para a tese de doutoramento, uma obra rara do escritor do século XIX Thomas Lumas, O Fim do Sr. Y, que havia sido publicado em 1893. Sobre este livro corria o rumor de estar amaldiçoado e que quem o lesse morreria passado pouco tempo. O romance daquele autor desvenda como entrar na Troposfera, onde se pode encontrar o pensamento de outras pessoas. Ariel não sabe se há-de acreditar, mas como prefere a ficção à sua triste e pobre realidade, opta por descobrir tudo o que conseguir acerca da existência daquele lugar misterioso. Porém, em breve se vê obrigada a lutar pela sua própria vida, repartida entre o mundo real e o da ficção, numa fantasia cerebral que a conduz a um universo paralelo, onde outros pretendem apropriar-se dos seus segredos.
Escrito como uma aventura contemporânea, O Fim do Sr. Y é uma experiência do pensamento muito própria que debate a relação entre a linguagem, o pensamento e a matéria e os limites do ser e do tempo, na linha de Derrida e de Baudrillard.
Opinião: Uma bela duma surpresa, é o que tenho a dizer! Comecei a leitura meramente curioso e agradado pela capa, mas há medida que fui avançando fiquei cada vez mais preso a estas páginas.
A verdade é que tinha ouvido falar sobre o livro e não li muitas opiniões que por aí houvessem, e nem sequer conhecia a autora... No entanto, o aspecto curioso e bem conseguido da capa tinha-me atraído e comecei a lê-lo, sem saber exactamente o que esperar.
Que surpresa foi quando descubro que a protagonista, Ariel Manto, é uma personagem bastante interessante, uma mente científica a trabalhar na área das Letras, essencialmente na mistura das duas coisas, a Ciência retratada na Literatura, e a Literatura enquanto Ciência. Ariel pensa de forma lógica e algo fria, o que a leva a conclusões inesperadas e faz com que a história siga por vezes caminhos aparentemente improváveis, apenas possíveis graças à peculiaridade desta personagem.
A história em si não tem grandes reviravoltas, mas apresenta um enredo sólido, ainda que a certa altura faça uma viragem que não me agradou por aí além e que deixou algumas perguntas no ar... Tudo começa quando um dos edifícios da universidade colapsa, graças a um enfraquecido túnel que passava mesmo por baixo dele, e que leva ao encerramento do parque da estacionamento, obrigando Ariel a seguir a pé para casa. No caminho encontra uma livraria, onde consegue, quase milagrosamente, do ponto de vista dela, comprar um exemplo de O Fim do Sr. Y, um livro raríssimo e do qual se diz estar amaldiçoado. Lê-o, como é óbvio, e a partir daí os acontecimentos começam a acontecer em catadupa, com a descoberta da Troposfera, daquilo que pode fazer quando lá se encontra, do surgimento de dois estranhos homens loiros, de Adam, um padre que não é tão religioso quanto isso...
Enfim, uma evolução de peculiar para estranho até que a história chega a um nível de bizarria tal que a única coisa que posso fazer é ficar vidrado, a ler. Ainda por cima a autora fala de Ciência, usa a Ciência para fazer analogias e faz com que as personagens tenham longos diálogos e até monólogos sobre Ciência (apesar de por vezes começar a dar treta, mas pronto). Junte-se a tudo isto uma escrita sóbria e sem grandes pudores, e tem-se uma combinação que funciona muito bem, que me agradou bastante e que me leva a aconselhar este livro sem reservas!
1 comentário:
Muito boia a sua opiniao a este livro.
Cativou-me!
Boas leituras
silenciosquefalam.bogspot.com
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