Título: Relatório Minoritário
Autor: Philip K. Dick
Tradutor: Saul Barata
Sinopse: Philip K. Dick é um dos grandes mestres da ficção científica. As suas obras inspiraram filmes de culto como Blade Runner, e continuam, ainda hoje, a ser adaptadas ao cinema. É o caso de Relatório Minoritário, um conto admirável que nos revela um mundo onde o autor faz coabitar uma estranheza intrigante e uma realidade que se afigura plausível, que temos a ilusão de conseguir tocar com as pontas dos dedos. Tudo se passa num futuro não muito longínquo. A América conseguiu erradicar quase completamente o homicídio graças a um sistema inovador de previsão exacta do crime concebido e colocado em prática por John Anderton, comissário da Agência Precrime. E é justamente quando Anderton está a explicar ao seu novo assistente o complicadíssimo funcionamento de toda aquela parafernália que o mais insólito acontece - o equipamento informático debita uma ficha onde se pode ler o seu próprio nome. John Anderton irá matar um homem. É o início de uma fuga alucinante ao que se afigura na mente do comissário como uma conspiração paranóica para o derrubar e fazer desacreditar todo o sistema. Mas quem estaria tão interessado em fazê-lo? Uma narrativa empolgante, que nos fascina pela sua inacreditável capacidade de nos surpreender e de nos manter suspensos na vertigem de um universo que quase ultrapassa a própria ficção científica.
Opinião: A capa é hedionda, eu sei. Quer dizer, não é propriamente horrível, mas eu nunca gosto quando usam os filmes para fazer as capas dos livros. Especialmente quando o filme é apenas vagamente baseado na história original. Ainda por cima espetaram lá com a cara da personagem principal, John Anderton, que no filme é o Tom Cruise, todo bonitão, jovem e atlético, enquanto que no livro é um homem de meia idade, pouco atlético e careca.
Enfim, não interessa. Até porque as personagens deste conto são muito pouco profundas, o que não tem mal, já que o principal é claramente o enredo e as questões que este levanta. A premissa é simples: a certa altura do nosso futuro, descobriram-se mutantes capazes de prever o futuro, os precogs e fundou-se uma agência Precrime que os usa para prever crimes e assim deter as pessoas ainda antes de cometerem o dito crime. Um sistema de prevenção, em vez de punição.
As suas vantagens e desvantagens são bem exploradas, apesar da pequenez do conto. Rapidamente a história cai numa teia de dimensões temporais alternativas, paradoxos e problemas afins. Não se brinca com a linearidade (ou falta dela) do tempo. E é claro que se está mesmo a ver que tudo isto levanta uma grande questão, a mais normal em histórias que envolvam brincadeiras temporais: existe livre-arbítrio?
E a questão não podia surgir da forma mais natural. Anderton, à frente da Agência do Precrime, lê uma das previsões dos precogs que diz que ele irá matar alguém. A partir daqui acho que conseguem imaginar. Irá ou não irá fazê-lo? O facto de ter acesso a esta informação influenciará os seus actos? Será que que irá cumprir a previsão, independentemente de ter tido conhecimento dela ou não? Ou será que a irá cumprir (ou não), exactamente por ter tido conhecimento dela?
Estas questões são bem desenvolvidas, dentro dos limites de um canto, como é óbvio. O autor vai dando respostas e conclusões bem interessantes, até que chega ao fim e... deixa a conclusão final para nós. Eu cá ainda não me consegui decidir. Mas uma coisa sei: que é um bom livro, pelo qual daria mais uns trocos do que os poucos que dei por ele.
Enfim, não interessa. Até porque as personagens deste conto são muito pouco profundas, o que não tem mal, já que o principal é claramente o enredo e as questões que este levanta. A premissa é simples: a certa altura do nosso futuro, descobriram-se mutantes capazes de prever o futuro, os precogs e fundou-se uma agência Precrime que os usa para prever crimes e assim deter as pessoas ainda antes de cometerem o dito crime. Um sistema de prevenção, em vez de punição.
As suas vantagens e desvantagens são bem exploradas, apesar da pequenez do conto. Rapidamente a história cai numa teia de dimensões temporais alternativas, paradoxos e problemas afins. Não se brinca com a linearidade (ou falta dela) do tempo. E é claro que se está mesmo a ver que tudo isto levanta uma grande questão, a mais normal em histórias que envolvam brincadeiras temporais: existe livre-arbítrio?
E a questão não podia surgir da forma mais natural. Anderton, à frente da Agência do Precrime, lê uma das previsões dos precogs que diz que ele irá matar alguém. A partir daqui acho que conseguem imaginar. Irá ou não irá fazê-lo? O facto de ter acesso a esta informação influenciará os seus actos? Será que que irá cumprir a previsão, independentemente de ter tido conhecimento dela ou não? Ou será que a irá cumprir (ou não), exactamente por ter tido conhecimento dela?
Estas questões são bem desenvolvidas, dentro dos limites de um canto, como é óbvio. O autor vai dando respostas e conclusões bem interessantes, até que chega ao fim e... deixa a conclusão final para nós. Eu cá ainda não me consegui decidir. Mas uma coisa sei: que é um bom livro, pelo qual daria mais uns trocos do que os poucos que dei por ele.
3 comentários:
Relatório Minoritário é o meu filme favorito de Steven Spielberg, mesmo sendo vagamente baseado na história original.A sua estética, fotografia, assunto e actor 8Tom Cruise) formaram uma obra cinematográfica singular. Philip K Dick distancia-se de outros autores de Ficção Cientifica por expor, na altura, temas que não condiziam com os romances tipicos de ficção cientifica, onde figuravam sçpace operas, marcianos verdes e heróis confiantes. As suas personagens são seres inseguros e pessimistas. Os seus contos, romances e novelas são alegorias. Gosto do seu estilo de contar histórias e da sua mensagem. Infelizmente, falta-me Relatório Minoritário, de todos os livros já traduzidos.
Outro livro que vale a pena é O HOMEM DUPLO (A Scanner Darkly), mas só obtendo na colecção Argonauta.
Por curiosidade: Qual foi o preço na feira do livro?
Concordo, apesar de ainda ter lido pouco deste autor. Ficou-me por 4 euros e qualquer coisa, acho.
Enviar um comentário