segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sharaz-De


Autor: Sergio Toppi
Tradutor: João Miguel Lameiras


Opinião: Mas que livro excepcional. E nem é preciso ir muito longe: olhem-me para aquela capa. As ilustrações são todas assim, completas, cheias, em páginas enormes sempre preenchidas. Não é difícil uma pessoa esquecer-se da história que está a ser contada, para se perder nos desenhos.

O que é contado também vale bem a pena, atenção... A estrutura repetitiva pode cansar muita gente, mas a mim não me desagradou, porque é uma estrutura que até aprecio. Especialmente quando o tom dado a cada história é o mesmo que se dá aos mitos: aquela sensação de serem histórias "maiores do que a vida", suficientemente específicas para soarem verdadeiras mas suficientemente gerais para soarem como lendas.

Só que as ilustrações são verdadeiramente impressionantes, seja a preto e branco, seja a cores, e deslumbram completamente qualquer pessoa que pegue no livro. A forma como tudo encaixa nos diálogos e na história é extraordinária. A fluidez da narrativa escrita e da narrativa desenhada tem uma qualidade como acho que nunca vi em mais lado nenhum.

As histórias em si são diferentes daquilo a que estou habituado, já que são histórias baseadas em histórias baseadas em histórias (...ad eternum) passados no Médio Oriente, e que nasceram, exactamente, nas tradições, mitos e fábulas do Médio Oriente. A roupagem talvez seja algo diferente, por estarem a ser recontadas por um italiano, mas a diferença é marcante o suficiente para ser genuína.

Este é, como já deu para perceber, um livro excelente, que me encheu as medidas, especialmente por causa das ilustrações. Não o aconselho facilmente a qualquer pessoa, que a estrutura repetitiva da escrava que é salva mais um dia, para contar mais uma história, rapidamente pode aborrecer algumas pessoas, mas a quem não tiver problemas com isso, digo para não hesitar! E quem tiver problemas, que experimente, ou que pelo menos veja os desenhos. Valem bem a pena.

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