Título: Um Americano na Corte do Rei Artur
Autor: Mark Twain
Tradutor: Nascimento Rodrigues
Sinopse: Revólveres, canhões ou motores, não há nada que escape a Hank Morgan, o chefe de uma fábrica de armas em Hartford Connecticut. Mas uma luta com um dos trabalhadores põe Morgan inconsciente e fá-lo recuar até... ao século VI. Em Inglaterra, no meio do mítico reino de Camelot, com rei Artur, Lancelot e Guinevere. Com inúmeras adaptações no cinema, Um Americano na Corte do Rei Artur encanta tanto as crianças como os adultos.
Opinião: O azul da capa deste livro é espantabuloso! É que nem vos passa pela cabeça, é absolutamente hipnotizante, estupidamente apelativo e perfeitamente azul. Fiquei tão fascinando que tratei logo de tornar este livro no "próximo a ler" o mais rapidamente possível. E cá está.
Ainda por cima até custava a acreditar que eu ainda não tivesse lido nada deste tão famoso escritor, especialmente se se tiver em conta que tenho ali uns 2 ou 3 livros da sua autoria. Pois bem, esta verdadeira comédia pareceu-me ser o livro ideal para me iniciar na leitura da sua obra, aproveitando o facto de ter saído na colecção "Não Nobel", pois de outra forma acho que nunca iria saber que este livro existia (só conheço um filme, e não tem NADA a ver) e muito menos que foi escrito por Mark Twain!
E apesar de ter as expectativas presas naquele limbo entre "altas" e "o que raio é que vai sair daqui?", por tanto ouvir falar do autor, apesar não lhe ter lido nenhuma obra, fiquei satisfeito. Tremendamente satisfeito.
"Camelot... Camelot - pensei. - Não me lembro de já ter ouvido esse nome. Será o do manicómio, possivelmente."
É assim que verdadeiramente se inicia a história, depois de um começo curioso em que o autor se descreve a si mesmo a dar de caras com um homem desconhecido de modos um pouco estranhos, que acaba por lhe falar da história narrada ao longo do livro, mostrando-lhe o diário novelizado que escreveu enquanto esteve "prisioneiro" de uma época passada, ao serviço do Rei Artur (esse mesmo, o das lendas). A partir daí, e começando com aquele excerto que transcrevi acima, lemos esse mesmo diário, acompanhando as aventuras da Hank Morgan na Inglaterra do século VI.
O tom do relato é essencialmente cómico, apesar de o fazer sempre com uma cara séria, se é que me faço entender. Descrevem-se as maiores barbaridades e parvoíces, sempre com uma linguagem impecável e imperturbável, o que dá toda uma nova dimensão cómica a tudo o que se passa, desde os cavaleiros convertidos em vendedores de sabonetes, às equipas de basebol constituídas apenas por soberanos dos vários reinos existentes naquela época...
Tudo aquilo que o livro tem de cómico deriva da transposição da tecnologia e do conhecimento do século XIX, do ridículo dos comportamentos das personagens da época e da sua ingenuidade. Estes três elementos permitem que Hank, através de uma série de truques, tornar-se a segunda pessoa mais importante do reino, suplantando o próprio Merlin, que neste livro não passa do pior tipo de charlatão: aquele que não acredita que o é.
De notar especialmente o humor e a classe com que esse humor chega até ao leitor. É preciso, no entanto, ter em atenção que os mais variados tipos de humor, todos bem misturados, no início, comecem a dar lugar a um tom muito mais ácido e corrosivo, de autêntica crítica já pouco disfarçada, dando lugar a apenas alguns escassos gracejos aqui e ali.
É um livro fascinante, tal como a capa desta edição. Acho muito bem que o leiam e fiquem maravilhados por vocês mesmos, com uma obra capaz de fazer soltar gargalhadas na mesma medida em que faz pensar. O que, aliás, se lerem, vão ver que só confirma aquilo em que cada vez mais acredito: é o humor que permite uma melhor visão do mundo como ele realmente é.
2 comentários:
Ah, isto parece absolutamente fascinante :D deu-me vontade de rir só com a descrição que fizeste do livro, mal posso esperar por o ler :D
É que não tenhas dúvidas! :D
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