Título: A Criatividade em Matemática
Autor: Miquel Albertí
Sinopse: Este livro foi escrito com base na convicção de que a matemática é uma actividade democrática, isto é, que qualquer pessoa é capaz de criar matemática. Partindo de exemplos históricos e actuais, e também de preciosas lições aprendidas com culturas não ocidentais, o leitor será levado a descobrir que matemáticas há muitas, e que o segredo da criação é "viver matematicamente" um pouco todos os dias.
Opinião: Encontrei o meu favorito desta colecção. É o primeiro (se bem me lembro) que vai além da objectividade necessária à matemática, e que faz uso de uma visão mais pessoal do seu autor, na qual se reconhece uma verdadeira paixão pela matemática e por tudo aquilo que a inclua.
Esse pequeno pormenor faz toda a diferença. O autor, ao usar um tom mais pessoal, e até um capítulo inteirinho baseado nas suas experiências pessoais, contadas de formas muito mais subjectivas que o resto do livro! É claro que quando se trata de matemática pura e dura, de contas de demonstrações, a objectividade e a racionalidade fria estão lá, mas até nos raciocínios e nas analogias usadas o autor conseguiu usar um tom mais pessoal e vívido.
O tema é o papel que a criatividade tem na matemática. À primeira vista, talvez muita gente diga que não tem nenhum, afinal, a matemática é algo tão exacto, objectivo, preciso e racional, que não deve haver espaço a algo aparentemente tão caótico e fora do contexto como a criatividade. Enganam-se. Quando é preciso resolver um problema, a criatividade é absolutamente fundamental. Usando o exemplo que o autor usa, se a criatividade e o discernimento humano não fossem precisos, e a criação matemática fosse meramente fruto de uma aplicação racional e objectiva de um conjunto de regras, qualquer problema seria resolvido por um computador, bastava inserir as regras, as condições, e ele resolvia.
Mas não funciona assim. A beleza da matemática, aparentemente incompreensível para a maior parte da população, está exactamente na descoberta, ou melhor, na criação de soluções para os mais variados problemas, desde escolher o caminho mais rápido, a estratégia mais eficiente, e até mesmo desenhar padrões geométricos sem demorar 45 minutos a fazer traçados auxiliares e medições.
No tal capítulo super pessoal, o autor fala das várias matemáticas, ou seja, de como culturas diferentes chegam a soluções diferentes para o mesmo problema, e de como a necessidade é um grande motor dos avanços matemáticos nos seus mais variados ramos. Mais especificamente, fala de artesãos na Indonésia que produzem intrincados e complexos padrões geométricos sem fazerem qualquer tipo de medições, quase a olho e com métodos intuitivos, uma estratégia que contraria o mais usual na nossa cultura de medições rigorosas e planeamento cuidadoso.
É de facto um livro espectacular, sem dúvida nenhuma o meu favorito de toda a colecção, até agora. Especialmente por causa do excelente trabalho do autor, que transmite a paixão que é a matemática, ao falar dela de tal forma que demonstração na perfeição como para além de ser a ciência mais exacta e pura de todas, é também uma das mais belas artes.
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