Título: Crime na Mesopotâmia
Autor: Agatha Christie
Tradutor: Arminda Pereira
Sinopse: Miss Amy Leatheran é uma enfermeira contratada para cuidar de Mrs. Leidner, esposa de um famoso arqueólogo, que sofre de "manias" que lhe provocam alucinações e o temor constante de ser assassinada. A enfermeira vai para a Mesopotâmia e toma conta da sua doente num acampamento no meio do deserto iraquiano, onde o marido chefia um grupo de arqueólogos. As fantasias da doente são cada vez maiores, mas ninguém a leva a sério, até que um dia aparece morta no quarto.
Opinião: Não há como resistir às histórias criadas por Agatha Christie. Principalmente às protagonizadas por Poirot, embora tenha que admitir a minha parcialidade neste assunto, uma vez que tenho quase a certeza de que 99% dos livros que já li desta autora se centravam na figura do pequeno detective belga com cabeça de ovo.
Em Crime na Mesopotâmia acabei por encontrar mais do mesmo, no melhor dos sentidos. Uma longa introdução à acção, que revela pistas e baralha quem lê; um crime misterioso resolvido de forma engenhosa por Poirot, ao dar uso às suas celulazinhas cinzentas; e é claro, como não podia faltar, toda uma trama digna de figurar em qualquer revista cor-de-rosa.
A forma como o crime é cometido é deveres engenhosa, a pessoa que o comete é, à falta de melhor descrição, obviamente inesperada, ou, se preferirem, inesperadamente óbvia. É daquelas situações em que encontramos uma situação muito típica, ainda que com pormenores intrigantes, que nos leva a pensar "só pode ser esta personagem, é sempre!", mas que volta e meia nos confunde, fazendo-nos acusar todas as personagens que encontrarmos, ou não fosse essa a especialidade de Agatha Christie, para no fim chegarmos à conclusão de que era mesmo a nossa primeira escolha!
Relativamente à história em si, apenas quero assinalar a originalidade da autora em arranjar quem a narre. Muitas das histórias são narradas por Hastings, mas esta é narrada por uma enfermeira que se encontra na cena do crime quase por acidente, e há até uma história em que a maior surpresa está directamente relacionada com o narrador... E é curioso a forma como o estilo de escrita, ou melhor, como a voz do narrador se altera de forma por vezes praticamente imperceptível, mas adaptando-se convenientemente à personagem que narra.
Por fim, quero só dizer que fiquei muito contente, pois aproximadamente a meio do livro cheguei à conclusão do que tinha acontecido! Quer dizer, mais ou menos, a priori posso afirmar que descobri uma quarta parte do mistério... Mas é claro que falhei redondamente nas outras três quartas partes, embora mesmo no final tenha conseguido perceber tudo antes de Poirot o explicar. No final de tudo, fiquei a gostar imenso do livro, provavelmente por ter sido o primeiro em que consegui descortinar alguma coisa de jeito antes do final... mas não digam nada a ninguém.
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