Título: Vollüspa
Autor: Vários
Opinião: Vamos lá começar a falar dos contos. Da capa não falo mais, apesar de ser, repito, uma das capas mais espectaculares que já vi. Mas bem, adiante.
A Vollüspa está divida em 3 partes, por géneros. Primeiro vem a Ficção Científica, o Terror e por fim a Fantasia.
A iniciar a primeira secção, aparece o conto de Afonso Cruz, O Pequeno Guia do Céu, de Tristan de Sapincourt, um pequeno conto delicioso, que me despertou o interesse para este autor. As constantes referências a personalidades famosas e a eventos importantes da história da Humanidade deixaram-me com água na boca, bem como a pequena narrativa, que termina numa crítica à visão excessivamente científica, e que apela, bem como todo o conto, à visão fantasiosa das nossas mentes.
De seguida vem Natal®, de Carlos Silva, uma história que satiriza um hipotético Natal futuro, provavelmente não tão distante da realidade como todos gostaríamos que estivesse. O Natal apresentado é artificial, de uma ponta à outra, como se fosse a coisa mais natural do mundo. E quando a coisa começa a correr mal... Bem, a solução até é fácil!
Depois, Eternidade, de João Ventura, que me agradou bastante. É a história de uma Presença, de certa forma eterna, tanto a história como a Presença, que guarda algo que pode mudar o futuro da Humanidade, e da forma como ela evita que isso venha a acontecer, de forma algo fria e desligada, de acordo com a presença da Presença narradora, passe a repetição. Lembro-me que ao acabar este conto, pensei que já tinha valido a pena ler isto. E mais não digo.
Agora vem A Queda de Roma, antes da Telenovela, de Luís Filipe Silva, mais uma sátira bastante óbvia, ainda que talvez seja, de certa forma, algo subtil. Eu sei que isto parece parvo, e possivelmente algo pretensioso, mas acreditem, depois do primeiro impacto há toda uma série de impactos mais subliminares, vá, que dão uma nova dimensão a este conto.
O quinto conto é Génesis - Apocalipse, de Roberto Mendes, o organizador deste volume, conto em que o autor, como o próprio o diz, homenageia dois grandes da ficção científica, Isaac Asimov e Robert Silverberg, nomeadamente o livro que os dois escreveram juntos, The Positronic Man. Aquilo que o Robert fez foi ir além daquilo que leu, na juventude, pensar e imaginar para além das fronteiras de um livro que só por si já merece todo o respeito, e criou esta pequena história em que evoca essas suas memórias (mais uma vez, como o próprio refere, na nota de editor), de forma interessante e bem escrita.
Já e entrar na secção de Terror, mais curta que as outras duas, o conto inicial não me agradou por aí além. É O Acorde das Almas, de Carina Portugal, e que apesar da boa escrita, não me conseguiu prender por aí além, talvez por não ser o tipo de terror que mais me agrada.
Depois aparece Enquanto Dormias, de Nuno Gonçalo Poças, que é exactamente um dos tipos de terror que mais aprecio: perturbador, algo bizarro e brutalmente directo. Uma história que gostei de ler, com muita loucura envolvida (ou não?), com uma linha narrativa algo obscura e difusa. Tal como eu gosto.
E pronto, fica por aqui a primeira parte, até agora a crítica geral é favorável, diga-se de passagem. Falta só ver quando é que arranjo tempo para escrever a segunda metade!
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