sábado, 16 de novembro de 2013

Imor(t)al

Ando há uns tempos a matutar no assunto da imortalidade. Parece-me que em tudo o que já li e vi, é algo sempre associado a desgraças, maldições e pessoas desagradáveis.

A minha pergunta é porquê?

Numa pesquisa rápida, descobri que a página da Wikipédia sobre a imortalidade na ficção é deveras interessante, mas não me disse praticamente nada de novo.

Ponto número um: 95% das pessoas (ou criaturas) imortais são completos idiotas. Desagradáveis. No Hitchiker's Guide to the Galaxy, do Douglas Adams, há um tipo imortal que decide insultar todas as criaturas no Universo, só para passar o tempo, por exemplo.

E já nem vale a pena falar de vampiros e outras criaturas sobrenaturais imortais, pois não? Todos uns paspalhos.

Ponto número dois: volta e meia, a imortalidade é associada a alguma espécie de maldição, ou parecido. Nos filmes da saga Highlander (precisava de uma desculpa para pôr ali o Sean Connery naqueles preparos) os imortais têm que andar à porrada até só sobrar um. E são vários os exemplos de ficção em que a imortalidade é atirada às pessoas como uma maldição, do estilo "fizeste asneira, então agora toma lá, vais viver para sempre, ver toda a gente a morrer, o mundo a mudar e tu sempre com esse peso de viveres e viveres e viveres!".

Ponto número três: mesmo quando a imortalidade não é uma maldição, é normalmente encarada como uma maldição. Aquela noção de ver todas as pessoas à volta a morrer, da eterna solidão, do eterno aborrecimento...  De uma forma ou de outra, acho que praticamente todas as obras de ficção em que a imortalidade é trazida à baila, esta perspectiva é tida em conta.

Mas porquê? Afinal, passamos toda a nossa vida a evitar a morte, porquê encarar a evasiva definitiva como algo mau?

A minha teoria é que a resposta provavelmente se prende com o facto de a morte ser algo natural, inerente à nossa condição enquanto seres humanos. Vocês sabem o resto do palavreado filosófico e metafísico. O que interessa é que tendo isso em conta, a imortalidade surge como algo que não é natural. Logo, combate-se, ou melhor, desconfia-se e não se aprova.

É por isso que as criaturas sobrenaturais são todas imortais: a imortalidade é característica dos seres maléficos. E é por isso que alguém imortal raramente acaba bem. Seja confinado e condenado a uma eternidade a enlouquecer lentamente, seja a morrer às mãos do feiticeiro mais inútil de sempre, só porque se acabaram os Horcruxes, seja pelo que for, imortalidade leva a desgraça.

Parece-me um assunto bastante curioso, e imagino que já exista muita coisa escrita sobre isto. Tenho que investigar, mas no entretanto, o que é que acham?

2 comentários:

WhiteLady3 disse...

Eu sou das que pensa ser aborrecido. Como diriam os Queen a propósito do Highlander "who wants to live forever?" :D Sim, precisava de uma desculpa para mencionar os Queen e a minha música preferida de todos os tempos. :P

Acho que a certa altura não há nada de novo. Aprender coisas novas, conhecer novos locais e até novas pessoas são das coisas mais excitantes que a vida tem, até perceberes que já sabes tudo, já andaste por todo o mundo, as pessoas no fundo são todas iguais. A determinada altura a vida torna-se muito pouco excitante, os dias são iguais e arrastam-se... Pelo menos imagino que seja assim.

Rui Bastos disse...

Pois que não sei bem o que achar...

A ideia em si fascina-me, mas não consigo imaginar muito bem como é que seria.

E discordo sobre o facto de a vida se tornar pouco excitante, existem pura e simplesmente demasiadas coisas por esse mundo fora, para que isso aconteça!