Título: O Malhadinhas
Autor: Aquilino Ribeiro
Opinião: Daquilo que já tinha ouvido falar de Aquilino Ribeiro, esperava algo ligeiramente diferente, mas não fiquei propriamente desiludido.
O grande atractivo, pelo menos para mim, é a escrita, nomeadamente a linguagem e o vocabulário utilizado. Para quem tiver lido algumas das minhas opiniões anteriores, deve ter noção do meu gostinho especial por vocabulário arcaico, elaborado ou simplesmente peculiar.
Pois bem, Aquilino Ribeiro usa um vocabulário provinciano e regional da Beira Alta que dá um gostinho bastante especial à linguagem e às duas novelas presentes neste livro, O Malhadinhas e A Mina de Diamantes.
O primeiro conta a história de António Malhadinhas, homem da Beira Alta, na primeira pessoa. Entre amores e desamores, cenas de pancadaria e de chico-espertice, o retrato fica muito tirado a esta personagem: Malhadinhas é moderadamente ambicioso, amigável mas facilmente irritável e anda um pouco ao acaso por entre acontecimentos.
Já o segundo é mais desinteressante, uma história sobre um funcionário do governo brasileiro, de origem portuguesa, que regressa a Portugal numa fuga meio rebuscada e é tratado como uma alta celebridade, acabando por esbanjar rios de dinheiro nas mais variadas coisas, tudo por causa da fama artificial criada pelas palavras certas às pessoas certas e aos jornais certos.
No entanto, quer num quer noutro, o mais importante não é o enredo, ambos apenas vagamente interessantes, nem propriamente as personagens, apesar de as haver relativamente interessantes, com o Malhadinhas como caso flagrante. Aquilo que realmente apreciei, como já disse acima, foi a escrita. Na primeira história o vocabulário típico da Beira Alta e as expressões rurais deixaram-me deliciado, e na segunda foi a vez de um português meio-abrasileirado me entreter.
Ambas as novelas me deixaram com vontade de ler mais deste autor capaz de manipular a língua portuguesa com tamanho à-vontade.
Sem comentários:
Enviar um comentário