quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um Homem: Klaus Klump

Título: Um Homem: Klaus Klump
Autor: Gonçalo M. Tavares

Sinopse: Primeiro romance de Gonçalo M. Tavares, que nos últimos dois anos publicou meia dúzia de livros (por vários géneros, poesia, narrativa e teatro), ganhou dois prémios (Prémio Branquinho da Fonseca, atribuído a "O Senhor Valéry" e Prémio de Revelação de Poesia da APE pelo livro "Investigações.Novalis"), e galgou fronteiras, com traduções em antologias poéticas (na Holanda e Bélgica) e em revistas anglo-saxónicas. A obra de Tavares tem vindo como que a crescer de uma forma sustentada, digamos assim. Feita de experimentação, de transfiguração, afinando mecanismos de escrita. Uma escrita de ideias, com ideias, onde há já uma marca autoral bem visível. Em Um Homem: Klaus Klump, a invasão de um país faz com que nada volte a ser como era, a guerra interrompeu o decurso da vida. A floresta, para onde muitos fugiram, é o último reduto da resistência.

Opinião: É com receio que começo a escrever esta opinião. Aquilo que tinha ouvido falar deste autor é que ele é o futuro da literatura portuguesa. Montes de prémios, traduções a serem feitos um pouco por todo o lado e uma catrefada de adaptações a tudo e mais alguma coisa... Até Saramago dizia bem dele!

Portanto esperava um livro muito bem. Mas por outro lado não fazia ideia de como era a sua escrita. Ainda por cima o autor já escrevei um pouco de tudo: poesia, romances, contos, 1 epopeia e sei lá mais o quê.

Mas assim que comecei a ler percebi que não me podia preparar para este escritor. Aquilo que escreve é tão diferente que duvido que houvesse forma de o prever, baseado apenas no que já ouvi.

Gonçalo M. Tavares escreve claramente com a intenção de, acima de tudo, transmitir ideias, e ideias fortes. Neste livro em particular, o tema principal parece ser a guerra, mas não acho que o tenha sido verdadeiramente. A guerra pareceu-me apenas um propósito para o resto, um motor para pôr as ideias principais em andamento.

Estas outras ideias é que já são mais complicadas. Eu sei que sou relativamente (estou a ser simpático para comigo próprio, atenção) arrogante, mas não vou ser pretensioso o suficiente para dizer que percebei e captei tudo o que o autor tentou transmitir.

Consegui perceber uma certa intenção em falar sobre a condição humana e as reacções frente a condições extremas, mas tirando isso, a coisa passou-me maioritariamente a lado. Foi demasiado profundo, demasiado denso e, de certa forma, demasiado poético.

Não vou dizer que não gostei, porque achei interessante. E nota-se que é novo, diferente, e que tem bastante qualidade. Mas acaba por se tornar muito denso e por ser demasiado diferente. Digamos que preciso de ler mais, para me habituar melhor.

Mas fica a curiosidade em relação aos próximos livros, isso de certeza.

4 comentários:

Tiago M. Franco disse...

Considero Gonçalo M. Tavares e António Lobo Antunes os dois autores de língua portuguesa com mais qualidade, são no entanto escritores com estilos diferentes. Relativamente a este livro, na minha opinião ele é tão rico que a uma quarta ou quinta leitura ainda descobriríamos coisas novas. Aprender a rezar na Era da Técnica é para mim o seu melhor trabalho

Ana/Jorge/Rafa disse...

Não suporto Lobo Antunes e prefiro o Tordo ao Tavares, mas também acho este um grande autor, apenas se tem de encarar com uma certa mentalidade!

Rui Bastos disse...

Antes de responder aos vossos comentários, quero deixar aqui o comentário que me foi enviado por mail, por ter havido dificuldades com o processo de comentários aqui do blog:

"Interessante o teu comentário. Sinto uma enorme distância entre mim e este autor. Também não "entro" com facilidade nos livros dele. Acho que são demasiado racionais, muito bons de um ponto de vista "técnico" mas com pouca emoção, ou algo assim...

Pedro
http://pedrices.blogs.sapo.pt/"

Rui Bastos disse...

Tiago, não posso concordar quando dizes isso. Pelo menos não ainda, tendo em conta que nunca li Lobo Antunes e que M. Tavares não me deixou inteiramente convencido, apesar de ter reconhecido o seu talento.

Concordo, no entanto, com a tua preferência pelo "Aprender a Rezar na Era da Técnica", foi o meu favorito dos 4 que li dele.

Jorge, eu prefiro Tordo a Tavares, de longe, e quanto a Lobo Antunes, enfim, já disse que não li, eventualmente tratarei disso. Vou ficar à espera de ler mais de M. Tavares antes de formar uma opinião muito definitiva.

Pedro, apesar de eu pessoalmente também ser acentuadamente a favor da racionalidade, sou obrigado a concordar com o que dizes... É como se os livros fossem demasiado objectivos e mecânica, seja esse o objectivo ou não, complicando a "ligação" entre quem lê e o que lê.