Autor: José Gomes Ferreira
Sinopse: História fantástica que recorre ao imaginário mágico, por vezes de inspiração surrealista, este romance é um prodígio de efabulação e engenho narrativo.
Opinião: As Aventuras de João Sem Medo são surreais, são metafóricas, são sátiras antigas mas actuais, são tudo e mais alguma coisa.
A escrita em si não é nada do outro mundo, e nem sequer é realmente importante. Este livro vale pela sua história, pelas situações que aqui são descritas que criticam certos aspectos da sociedade e companhia limitada. E tudo sempre bastante surreal, a condizer com a surrealidade das condições em que vivemos hoje em dia.
Basta começar por dizer que o protagonista é oriundo de uma povoação chamada Chora-que-logo-bebes, ou, como eu pessoalmente gosto de lhe chamar, Portugal. Este Portugal é uma localidade de gente conformada, remetida para sempre à tristeza e aos prantos intermináveis de um fado irremediável. O protagonista, este João Sem Medo, que qual Vasco da Gama na magna obra que são os Lusíadas, é muito mais do que uma personagem individual, representa um conjunto de pessoas bastante interessante, os inconformados, que se atrevem a saltar o Muro e a penetrar na Floresta Branca, cheia de mistérios e afins.
Este Muro é que é das coisas mais curiosas de toda a obra, pela sua quantidade absurda de conotações. Pode ser feito de panhonhice e apatia, ou ter sido construído com o suor misturado com extracto de rosas e sais de ouro de sucessivos governos retrógrados... Se quiserem podem até pensar que este Muro tem uma consistência mais etérea, de tijolos esbranquiçados sobre tijolos esbranquiçados da mais fina essência limitada e tacanha do povo português. Este Muro é o que quiserem. Tal como a Floresta Branca, passível de ser entendida como uma míriade de coisas, e que vou deixar ao vosso critério. Para mim, esta Floresta Branca é exactamente aquilo que o autor descreve: é o desconhecido, um mistério densificado repleto de coisas por descobrir. É tudo aquilo que eu não conheço e tudo aquilo que eu não percebo. O que João Sem Medo fez foi enfrentar esse desconhecido. Não necessariamente percebê-lo, mas encará-lo, olhá-lo de frente e mostrar-lhe quem é que manda.
É isso que fascina, neste livro. João Sem Medo viaja de metafórica história absurda em metafórica história absurda, sempre corajoso, como o seu próprio nome indica, sempre confiante e sempre irredutível na sua capacidade de ser feliz, quaisquer que sejam as condições que o rodeiam e em que se encontra. A Floresta Branca atira-lhe com tudo o que tem, e ele limita-se a aproveitar da melhor forma cada situação, a rir-se das adversidades e a enfrentar os problemas de cabeça erguida, sem nunca desistir nem desanimar. João Sem Medo é o que todos devíamos ser: persistente, inconformado, crítico e feliz.
A escrita em si não é nada do outro mundo, e nem sequer é realmente importante. Este livro vale pela sua história, pelas situações que aqui são descritas que criticam certos aspectos da sociedade e companhia limitada. E tudo sempre bastante surreal, a condizer com a surrealidade das condições em que vivemos hoje em dia.
Basta começar por dizer que o protagonista é oriundo de uma povoação chamada Chora-que-logo-bebes, ou, como eu pessoalmente gosto de lhe chamar, Portugal. Este Portugal é uma localidade de gente conformada, remetida para sempre à tristeza e aos prantos intermináveis de um fado irremediável. O protagonista, este João Sem Medo, que qual Vasco da Gama na magna obra que são os Lusíadas, é muito mais do que uma personagem individual, representa um conjunto de pessoas bastante interessante, os inconformados, que se atrevem a saltar o Muro e a penetrar na Floresta Branca, cheia de mistérios e afins.
Este Muro é que é das coisas mais curiosas de toda a obra, pela sua quantidade absurda de conotações. Pode ser feito de panhonhice e apatia, ou ter sido construído com o suor misturado com extracto de rosas e sais de ouro de sucessivos governos retrógrados... Se quiserem podem até pensar que este Muro tem uma consistência mais etérea, de tijolos esbranquiçados sobre tijolos esbranquiçados da mais fina essência limitada e tacanha do povo português. Este Muro é o que quiserem. Tal como a Floresta Branca, passível de ser entendida como uma míriade de coisas, e que vou deixar ao vosso critério. Para mim, esta Floresta Branca é exactamente aquilo que o autor descreve: é o desconhecido, um mistério densificado repleto de coisas por descobrir. É tudo aquilo que eu não conheço e tudo aquilo que eu não percebo. O que João Sem Medo fez foi enfrentar esse desconhecido. Não necessariamente percebê-lo, mas encará-lo, olhá-lo de frente e mostrar-lhe quem é que manda.
É isso que fascina, neste livro. João Sem Medo viaja de metafórica história absurda em metafórica história absurda, sempre corajoso, como o seu próprio nome indica, sempre confiante e sempre irredutível na sua capacidade de ser feliz, quaisquer que sejam as condições que o rodeiam e em que se encontra. A Floresta Branca atira-lhe com tudo o que tem, e ele limita-se a aproveitar da melhor forma cada situação, a rir-se das adversidades e a enfrentar os problemas de cabeça erguida, sem nunca desistir nem desanimar. João Sem Medo é o que todos devíamos ser: persistente, inconformado, crítico e feliz.
É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir.
2 comentários:
mais um que me deixa curiosa. essa última frase está tão fixe.
E isso é basicamente o começo...
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