Título: D. Casmurro
Autor: Machado de Assis
Sinopse: Bento Santiago quer “atar as duas pontas da vida”. Santiago é a personagem principal do romance Dom Casmurro, que relata a sua vida entre a infância e o momento em que escreve o livro. As brincadeiras, as reminiscências da juventude e a entrada no seminário dão lugar ao caso com Capitu, que se torna o centro de uma história de ciúme. O romance retrata a moral e os costumes da sociedade brasileira do Rio de Janeiro nos finais do século XIX.
Opinião: Não sei se me vai ser muito fácil opinar sobre este livro... Digamos que tem um tom, vá, modesto, sem se perder em grandes considerações metafísicas ou cousa que o valha.
E o enredo fez-me lembrar, ainda que vagamente, A Relíquia de Eça de Queirós: um menino querido, neste caso da mamãe, no de Eça, da titi; que parte numa demanda religiosa, a ida para o seminário da personagem de Assis e a viagem a Jerusalém da personagem de Eça; e que tenta aldrabar a coisa, só para conseguir o que quer, casar com Capitu, neste livro, ou fazer o que lhe der na real gana, falando-se de Raposão.
Ainda por cima as semelhanças não se ficam por aí, podendo ainda comparar-se o tom humorístico de ambas as narrativas. Mas, verdade seja dita, ficam-se por aí. Eça era fã incondicional de descrições longas e exaustivas, ao contrário de Assis, que as prefere curtas e incisivas. Já para não falar da diferença de vocabulário, que o português tinha muito mais rico. Pelo menos empregava um vocabulário mais extenso, pronto.
Mas não fiquem a pensar que a escrita de Assis é de desprezar, antes pelo contrário! Além de raramente se notar que o autor é brasileiro, este tem um dom que eu muito admiro e que chego a invejar: brinca com o leitor e com a própria narrativa. Não são raras as vezes em que o narrador se dirige directamente a quem lê, pelas mais variadas razões.
Parecendo que não, foi algo que me deixou muito à vontade, enquanto lia, dando-me a ideia de estar quase a conversar com o narrador, que está sentado ao meu lado, a contar-me a história.
História essa que, já agora, não é nada de especial, apesar das semelhanças com a obra de Eça de Queirós. O que torna o livro interessante é essa interacção do narrador com o leitor.
Já para não falar do facto de ser um livro que se lê muitíssimo bem, graças aos seus super-hiper-mega-ri-mini capítulos, que vão de apenas um parágrafo a não mais que 2 ou 3 páginas. Fica aconselhado mes amis.
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