Título: água, cão, cavalo, cabeça
Autor: Gonçalo M. Tavares
Opinião: Eu tento, eu juro que tento, mas começo a perder a paciência com as obras de Gonçalo M. Tavares. Reconhece que escreve bem, sem sombra de dúvida, e que é com toda a certeza um homem inteligentíssimo e com capacidade e um potencial enorme. Reconheço.
Mas do que já lhe li até agora... Santa paciência. A sério que já não consigo ler mais um parágrafo que seja de literatura moderna metida consigo própria, cheia de preocupações existencialistas e com vontade de me enfiar uma mensagem ética, moral e filosófica pelos olhos dentro.
E se isso se desculpava nos livros, com alguma extensão e com um certo fio condutor a ligar os vários episódios narrados, no caso deste conto, bastante pequeno, os fragmentos apresentam-se desconexos, apenas com uma ténue ligação temática entre cada um, talvez algumas referências aqui e ali, mas nada mais.
Sinceramente, nem percebi o conto. Pode ter sido a minha mente obtusa, ou o facto de ter embirrado com isto logo após as primeiras páginas, já esperava que o autor nos contos contasse mais uma história, e fez exactamente o contrário, mas não apanhei a mensagem. Passou-me completamente ao lado.
E depois lá está, eu reconheço o talento ao autor. Mesmo a dizer tanto mal dele, e a queixar-me tanto da forma como escreve, reconheço que tem talento. Não suporto é este tipo de literatura, que tenta à força toda ser algo mais, ser superior. Acaba por ficar impregnada de uma arrogância que a escrita de Saramago também tem, por exemplo, mas o falecido autor tinha várias vantagens, para além de escrever muito melhor, incluindo o saber contar uma história, que por vezes fazia de forma praticamente perfeita.
O veredicto final é que me vou abster de ler este autor durante uns tempos, para lhe dar uma última oportunidade com o Viagem à Ìndia, ao qual ainda dou o benefício da dúvida por causa do paralelo com Os Lusíadas e das boas opiniões de amigos que tenho ouvido. Mas as expectativas têm vindo a descer, isso é certo.
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