sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Forças do Mercado


Autor: Richard Morgan
Tradutora: Ana Mendes Lopes


Opinião: A capa toda brilhante pode enganar, mas este até é um bom livro. Escrita fast-food à là Stephen King, consegue a proeza de, tal como esse fantástico autor de terror, pôr o ênfase nas situações que vão acontecendo.

Basta imaginarem um mundo dominado por corporações e empresas afins, em que os conflitos são resolvidos com lutas na estrada. Se há dois candidatos a uma promoção, lutam na estrada, de preferência até à morte. Se duas pessoas se chatearem podem, literalmente, desafiar-se mutuamente para um duelo. Na estrada.

Esse é um dos temas dominantes da história, uma ultra-violência sem limites que representa o pináculo da civilização. O mundo é dos ricos e poderosos, mas é também do sangue derramado.

Infelizmente apresenta duas grandes falhas. O protagonista, por um lado, não faz sentido nenhum. Começa por ser um tipo pragmático mas com pouca vontade de andar por aí a matar pessoas, mesmo em duelos que é suposto serem até à morte, mas rapidamente se torna num executivo sanguinário igual aos outros.

Não há realmente uma evolução palpável, nem nada que se pareça. Ele simplesmente é duma forma, e depois é doutra. A personagem perde credibilidade e perde muito do interesse.

O outro problema é a gritante falta de um enredo. Não há propriamente uma história para contar, há sim um mundo para apresentar (que é muito interessante), uma série de personagens para acompanhar (que também têm os seus bons momentos), mas no fim mais de metade do livro é sobre nada, apenas o dia a dia naquele mundo violento.

Além destas duas há uma outra falha fatal que não é culpa do autor, mas sim da tradutora e resto da equipa técnica responsável pelo texto. A quantidade de erros, gralhas e afins é enorme, e há muitas situações em que deviam estar ali claramente umas reticiências, mas em vez disso está um ponto final a interromper uma frase de forma idiota.

Forças do Mercado consegue, ainda assim, ser uma leitura interessante e no mínimo cativante. Bom entretenimento, em suma, que precisava de ser mais trabalhado para se tornar um livro realmente bom, mas que não é nada mau.

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