Vamos lá ver mais pormenores que me atrofiam a mente.
Para começar suavemente, algo que já mencionei na opinião do quarto livro: a utilização de Iá por várias personagens, incluindo Sirius e Hagrid, este último ao responder a Dumbledore; a utilização de que droga! (ou parecido) por Ron e de Hermione a terminar uma frase com valeu?; e por fim, algo novo, o Peeves a chamar Biruta, um termo brasileiro para designar alguém maluco, ao Harry.
Mais uma vez digo que não sei se serão problemas com a tradução, no caso do Iá, ou de opções da autora, mas os brasileirismos não têm safa. Ainda por cima isto coincide com a passagem de apenas uma tradutora para todo um batalhão delas, o que me leva a questionar a sapiência dessa decisão...
Agora algo relacionado com os Thestrals. Os Thestrals são criaturas mágicas de aparência estranha, que vimos a saber, via uma aula de Hagrid, no quinto livro, serem apenas visíveis para aqueles que já viram alguém morrer. No início desse mesmo livro, descobrimos que as carruagens que costumam levar os alunos acima do primeiro ano para o castelo, e que sempre pareceram ser puxadas por seres invisíveis, são puxadas por Thestrals. Sabemos ainda que Harry é capaz de os ver porque no último livro presenciou a morte de Cedric Diggory.
Ora, no final do quarto livro, na página 583 da minha edição, já depois de ter presenciado a morte de Diggory, quando chega a altura de se irem embora da escola, são escoltados pelas mesmas carruagens que ficamos a saber no livro a seguir serem puxadas pelos Thestrals. Então não é que o Harry não vê nada? Mas se já tinha visto o Diggory morrer, devia ver, estou certo? Enfim, uma pequena incoerência, ainda que pouco relevante.
Por fim, algo que já me custa mais a passar por cima. Tenho tantos bocadinhos de informação, que até me custa apresentar isto como deve ser. Portanto, vou por partes:
1. Sabemos, logo no primeiro volume, que Hagrid foi expulso de Hogwarts no terceiro ano. É o próprio Hagrid que o conta a Harry.
2. No segundo volume temos duas informações:
a) A Câmara dos Segredos já tinha sido aberta há 50 anos.
b) Hagrid foi injustamente acusado de ter aberto a Câmara dos Segredos, sendo expulso.
3. No discurso de início de ano do quarto volume, Dumbledore afirma que o Torneio dos Três Feiticeiros é um evento que não se realizava há mais de 100 anos.
4. Novamente no quarto volume, na página 218 da minha edição, Hagrid diz que nunca pensou viver para voltar a ver um Torneio dos Três Feiticeiros.
Conclusões: A partir dos pontos 1 e 2, podemos concluir que Hagrid, no segundo livro, tem à volta de 63 anos, e no quarto livro à volta de 65. No entanto, a partir dos pontos 3 e 4, há indicação de que tem mais de 100 anos!!
Explicação: Ou há aqui um erro de continuidade, ou então houve um qualquer erro de tradução na fala que menciono no ponto 4.
E pronto, digam de vossa justiça.
5 comentários:
Quanto aos Thestrals, não é propriamente ver alguém morrer mas entender que essa pessoa não volta. Que a morte é algo definitivo. Podia-se supor que tendo, apesar de ser muito novo, visto os pais morrer o Harry conseguiria ver os thestrals, mas como ele passou muito pouco tempo com eles e não tendo muita memória, é como de certa forma as suas mortes não provocassem uma impressão. Presenciar a morte de alguém, ou morrer um familiar com quem se partilhe grande parte da sua vida, causa um grande impacto, seja o sentimento da perda (alguém querido, com quem se partilhou vários momentos, que nunca mais volta) ou a dor de ver alguém morrer na nossa frente e sem podermos fazer nada para trazer essa pessoa de volta. Geralmente este tipo de mortes leva um certo tempo a que uma pessoa volte ao seu dia-a-dia, a ficar em paz e é quando se atinge essa "paz" que se passa a ver os thestrals.
No terceiro ano de Hogwarts, Hagrid tinha exactamente 65 anos, dado que a nasceu a 6 de Dezembro de 1928. Provavelmente foi apenas uma fala com um erro de tradução porque é ligeiramente diferente na versão original: "Never thought I'd live ter see the Triwizard Tournament played again!" Hagrid deve referir-se ao facto de o evento ir acontecer outra vez, não que já o tenha visto. A expressão "played again" indica que Hagrid apenas se refere à celebração deste torneio que vai ser praticado mais uma vez. Pelo menos consegue identificar-se uma perspectiva diferente em inglês, e sob o meu ponto de vista não me parece que a tradução foi a mais adequada no que toca à minúcia do contexto. Mas quando eu li o livro, não dei importância a tal pormenor, porque estava tão infiltrado na acção do livro que essa expressão me passou ao lado. Quanto aos Thestrals, a WhiteLady3 já justificou o porquê do Harry não conseguir ver tais criaturas numa altura em que estava completamente atribulado com os acontecimentos recentes que o choque ainda não o fizera voltar à sua vida normal, e assim não conseguia ver os Thestrals como seria natural.
Dos Thestrals já tinha visto algures essa explicação, depois de escrever isto, mas, pelo menos na versão portuguesa dos livros, a coisa nunca vem assim explicada (que me lembre).
Do Hagrid, enfim, lá há-de ser algum problema com a tradução...
Rui, quem explicou foi a JK Rowling. Isto porque depois de o 5º livro sair, muita gente perguntou porque é que o Harry não conseguia ver os Thestrals desde o primeiro livro, uma vez que em pequeno tinha visto os pais (ou pelo menos a mãe) a serem mortos. A autora explicou que o Harry não os via antes porque, quando viu a mãe morrer não tinha ainda a percepção necessária para se aperceber da sua perda. Talvez seja por isso que também não os viu depois do Cedric morrer. Após o torneio o Harry estava em choque.
E tendo já lido as versões portuguesas e inglesas de quase todos os livros... acredita, é da tradução (são bastante pobrezitas, as traduções). O.o
Se é coisa que me deixa bastante aborrecida são erros de tradução e também já tenho apanhado alguns que para um bom entendedor da saga são fáceis de identificar mas que não deixam de baralhar a leitura!
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