Título: Insónia
Autor: Stephen King
Tradutor: Manuel Cordeiro
Sinopse: Ralph Roberts enviuvou recentemente e além de estar dominado pela dor da perda, começou a debater-se com outro problema... não tem dormido bem ultimamente, na verdade, quase não dorme!
Para se distrair e tentar encontrar o sono, instala-se numa cadeira à janela para observar quem passa e os vizinhos. Subitamente compreende que coisas estranhas estão a acontecer à sua volta, experimentado sensações que não acredita serem alucinações.
Vê o seu sempre amável vizinho a espancar brutalmente a mulher, ao mesmo tempo que grita palavras incoerentes como "centuriões" e "Rei Vermelho"... e quem serão aqueles estranhos pequenos médicos carecas que entram todos os dias no lar de idosos?
O Bem e o Mal estão prestes a confrontar-se num combate sem tréguas... Ralph Roberts não vai voltar a adormecer... e o leitor se ler o livro até ao fim irá voltar a dormir?!
Opinião: O poder que Stephen King tem de contar história é algo de excepcional, quase sobre-humano. A leitura de um livro da sua autoria é sempre uma aventura que praticamente me obriga a ficar de tal forma embrenhado no livro que não consigo parar de ler. Só assim se percebe que apesar de eu ter um ritmo bastante rápido de leitura e de estar de férias, só tenha demorado 3 dias a ler as 700 páginas. O meu recorde anterior acho que foram as 750 páginas de Harry Potter e a Ordem de Fénix em pouco mais de 5 dias.
Mas antes de continuar a elogiar o livro e o autor de forma excessivamente efusiva, tenho que fazer 2 pequenas críticas que por acaso até nem têm nada a ver com o autor, a história ou a escrita. Ou melhor, 3 não tão pequenas críticas. Em primeiro lugar os livros deste autor, por cá, são estupidamente caros. Este comprei-o na feira do livro, 50% de desconto e ficou-me por 12,5 euros, o que significa que custa à volta de 25, mais coisa menos coisa. O mais barato que já comprei em português foi Cell - Chamada para a Morte, em edição de bolso, com 474 páginas, por 11 euros. Em contrapartida, comprei o It, em inglês, igualmente em edição de bolso, com 1374 páginas (que monstro, eu sei, estou excitadíssimo para o ler!) por 10 euros. O triplo das páginas, pelo que já li, o quádruplo da qualidade, e menos 1 euro. Enfim.
Depois há a questão dos erros. Ou melhor, gralhas. Apanhei umas poucas. Seria de esperar que num livro que custa à volta de 25 euros tivesse havido um cuidado extra no que toca a este aspecto. Mas pronto, nada de muito estupidificante. Aquilo que mais me aborrece é mesmo a sinopse. Aliás, se há coisa que me aborrece muito são sinopses idiotas, e esta, embora acerte nos aspectos gerais, como na insónia (mas com o título do livro, não havia de ser difícil acertar...), na viuvez, no nome da personagem, nos "centuriões" e no "Rei Vermelho", assim como nos pequenos médicos carecas, falha muito nos pormenores. Quem ler a sinopse fica a pensar que a personagem principal se senta todas as noites no seu cadeirão a observar a rua e que presencia toda uma série de acontecimentos estranhos. Que eu me lembre, esta situação só acontece 1 vez em todas as 700 páginas.
E os pequenos médicos carecas a entrarem todos os dias no lar de idosos? Primeiro ri-me à socapa, chateado e divertido, pois não há nenhum lar de idosos na história, mas depois percebi. Não é um lar de idosos, são os lares dos idosos, as suas casas. Percebe-se, mas é uma construção frásica bastante infeliz e, mais uma vez, é uma situação que acontece apenas uma vez. Curiosamente, é precisamente na única vez em que Ralph se senta à janela. Fica a dúvida: será que quem escreveu a sinopse é realmente pouco inteligente, ou terá apenas lido até à noite em que esta situação acontece?
Enfim, já escrevi tanto e ainda só disse mal, praticamente... Vamos lá falar daquele que é, sem dúvida alguma, o meu escritor favorito. O livro tem um início lento mas cativante. Não há pessoas a ficarem loucas na segunda página, nem uma cena nojenta e inesperada no primeiro capítulo, nem sequer um acidente de viação horripilante logo ao início. Há apenas a história de Ralph Roberts, recém-viúvo e velhote desiludido com a vida, que começa a ter insónias. Deste ponto de partida aparentemente banal, o livro desenrola-se a um ritmo quase tortuosamente lento, na primeira parte, ainda que exponencial, com pequenos acontecimentos a darem-se aqui e ali, todos eles pequenas peças de um puzzle do tamanho do Universo. Chega-se à segunda parte e o ritmo começa a acelerar, com os acontecimentos a sucederem-se cada vez mais rapidamente até se chegar à terceira parte, quase 300 páginas de um gigantesco clímax final, alongado e com um ritmo absolutamente alucinante. E o livro está tão bem planeado e tão bem escrito, que se a divisão não tivesse sido feita, notar-se-ia perfeitamente, com a leitura.
É realmente de louvar, a imaginação deste escritor, assim como a sua tremenda capacidade de escrita e de planeamento. É que apesar de eu não conhecer assim tão bem o resto da sua tremenda obra, reparei que alguns pormenores pareciam ligeiramente desconexos e desligados do resto da história. Daquilo que conheço do autor, formulei uma teoria, a de que eram elos de ligação com outras obras, e uma pequena pesquisa revelou-me isso mesmo. Personagens que se repetem, situações parecidas, a mesma cidade... Stephen King já criou um autêntico Universo que passa despercebido aos leitores ocasionais, mas que não deixa de fascinar quem o segue com mais atenção. Pelo menos no que a mim me toca, considerem-me fascinado. Leiam, ou dou-vos porrada.
2 comentários:
Comecei a ler It em ebook por não encontrar o livro impresso, acredita? Os livros do King por aqui são imensamente caros também, mesmo os de bolso. Comprei o Dança Macabra de mais ou menos 400 páginas por 21,00 em um sebo! Uma edição de 1980 e poucos. Absurdo!
Esse Insónia ainda não tive oportunidade de ler mas deve ser incrível como todos os livros do mestre!
Bruna
allstarejeans.blogspot.com
Tenho neste momento o audiobook no carro e está a correr tão bem que chego a querer apanhar mais uns sinais vermelhos para demorar mais tempo a chegar ao trabalho :)
Quanto ao preço dos livros, concordo plenamente, e se tivermos em consideração o valor do ordenado mínimo no país… passa a ser vergonhoso!
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