sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Best Served Cold

Título: Best Served Cold
Autor: Joe Abercrombie

Sinopse: Mercenaries are a wonderful thing: they fight as you tell them, whom you tell them, and when you tell them, for nothing more precious or complicated than money. And Monzcarro Mercatto, and her brother (and lover) Benna Mercatto, are the two most successful, most popular, and most wealthy mercenaries in Styria...but wealthy, popular mercenaries are not such a good thing. In fact they're a downright dangerous thing. Which is why Grand Duke Orso of Styria arranges to have them dealt with. Permanently. With hindsight, he may come to consider this a tactical error. Through sheer good luck - which her brother doesn't share - Monzcarro survives the long and fatal drop Orso arranged for her, and staggers away from her encounter with a ruined right hand, an opium addiction ...and a plan to come back with a fortune, plenty of bladed weapons, and a single-minded determination to kill the seven men in the room when her brother was murdered. Preferably in as gruesome a manner as she can ...


Opinião: Mais um livro que me foi emprestado, e mais uma aposta ganha. Tenho mesmo que passar a fazer isto mais vezes. A mesma pessoa também me emprestou o Jogo Final e o Childhood's End, duas apostas mais do que ganhas, especialmente a segunda, uma das obras primas do grande Arthur C. Clarke. Este Best Served Cold é bastante diferente desses dois, a começar por não ser de ficção científica e a acabar em ter litros e litros e litros e litros de sangue.

Para terem noção, eu acho que se fosse possível espremer os livros para extrair o sangue que corre ao longo das suas páginas, Portugal deixava de precisar de dadores de sangue para os próximos 5 anos. Não estou a exagerar. Este é principalmente um livro de acção, com tantas traições, espadeiradas, machadadas, envenenamentos, marteladas, porrada em geral, alguma tortura e, acima de tudo, sangue sangue sangue, que é quase impossível não sentir a adrenalina a espalhar-se pelo corpo, enquanto se lê. Isso e ganhar uma certa imunidade a descrições sangrentas.

Mas ainda antes de abrir de facto o livro, demorei-me um pouco a admirar o exterior. Raros são os livros com uma edição tão cuidada e tão bem conseguida, especialmente em formato paperback. O nome do autor está em relevo, realçado a prateado, prateado esse com que depois se escreve o título. A capa tem uma textura peculiar, para um livro: é rugosa, a fazer lembrar papel antigo e grosso. E como se pode ver na imagem ali em cima, o sangue começa logo aqui.

Abrindo o livro e começando a leitura, só consigo comparar o mergulho quase instantâneo para a acção com o Cell, do Stephen King. Antes sequer de me conseguir ambientar na história e de perceber exactamente o que se estava a passar, já havia gente a morrer, sangue por todo o lado, e promessas de morte e de vingança a voarem por aqui e por ali. Tudo isso com uma escrita exemplar. Se isto não for o suficiente para prender alguém à leitura, aconselho a que leia mais um pouco. Antes de ter lido 100 páginas, menos de um sexto do livro, já aconteceu tanta coisa que dá vontade de parar de ler, gritar alto e bom som "PAROU, PAROU, PAROU", e rebobinar tudo.

É claro que há outra coisa que apetece fazer e que esmaga por completo essa primeira vontade: continuar a ler. As personagens estão muito bem construídas, e cada vez mais me convenço que a vingança é o tema perfeito para uma história. A protagonista, Monzcarro Murcatto, rapidamente reúne um grupo díspar mas mortal, no mínimo. Caul Shivers, um homem enorme, do Norte; Friendly, um ex-prisioneiro, serial killer meio para o psicopata, com uma obsessão por números; Shylo Vitari, a mulher faz-tudo; Castor Morveer e Day, mestre dos venenos e respectiva aprendiz; e Nicomo Cosca, bêbedo de profissão e mercenário nos tempos livros. Este grupo, como seria de esperar e por mais cuidadosos que todos tentem ser, acaba por espalhar o caos, pura e simplesmente, enquanto Murcatto prossegue com a sua vingança.

O autor escreve alternadamente do ponto de vista das várias personagens, não só estas 7 como ainda algumas outras, o que permite ao leitor se não identificar-se com alguma personagem, pelo menos de perceber os seus motivos e a sua mentalidade em geral, em mais pormenor. É por causa disso que fiquei fascinando com Friendly. Os capítulos do seu ponto de vista mostram como a sua vida é comandada por números, de livre vontade. Nem consigo explicar, é absolutamente fascinante. Tal como Cosca, que tem uma evolução interessante, uma história curiosa, e que tem uma personalidade extremamente carismática.

Mas para além das personagens, a história em si, um conto de vingança à antiga, com muita morte pelo meio, é interessante e tem reviravoltas suficientes para captar e prender a atenção durante longos períodos de tempo. É óbvio, no entanto, que em 662 páginas de desbunda total de tudo o que mexe, há coisas que facilmente aborrecem. Outras opiniões que li apontam isso mesmo, e enfim, é inevitável, é impossível ser muito original e criativo ao quinquagésimo esfaqueamento traiçoeiro em 200 páginas. Mas acaba por ser algo por cima do qual facilmente se passa por cima, em favor do resto.

E já mencionei o Shenkt e a Ishri? Duas personagens deveras interessantes e que, infelizmente, não tiveram o tempo de antena que merecia. Mais um pequeno defeito, havia como que demasiadas boas personagens e, nesse aspecto, as quase 700 páginas pareceram poucas.

Se bem que no final da leitura a única coisa que posso dizer é que este é um excelente livro que me deixa bastante curioso quanto às outras obras do autor. Espero, com o tempo, adquirir algumas, e se tiverem pelo menos metade da qualidade desta obra, considero o dinheiro bem gasto!

1 comentário:

Ana/Jorge/Rafa disse...

Depois da tua crítica e da do Rafa, fiquei mesmo curioso sobre este livro, que calha a já estar na minha estante em Lisboa, à espera ;)

http://metaforaderefugio.blogspot.pt/2012/06/best-served-cold-joe-abercrombie-by.html