A Última Grande Sala de Cinema

Título: A Última Grande Sala de Cinema

Autor: David Soares

Sinopse: A Magia está de volta! O mérito é de Luís, um amante da Sétima Arte, e dos seus companheiros espectrais. Sonhos serão tornados realidade. Pesadelos, também. Ocupem os vossos lugares e mantenham-se em silêncio. A sessão da noite vai começar, cortesia dos projectores fantasma da ÚLTIMA GRANDE SALA DE CINEMA.

Opinião: David Soares nunca deixa de me surpreender. Quando penso que já o vi a fazer as coisas mais estranhas que lhe podiam sair da cabeça, leio outra obra sua e reduzo-me à minha insignificância.

Neste caso é mais uma BD completamente escrita e desenhada pelo próprio David Soares, à semelhança de Cidade-Túmulo, e devo dizer que cada vez mais me convenço que prefiro as suas BD's quando são ilustradas por ele, e não por outras pessoas.

A razão é que o estilo dos desenhos fica muito mais adequado à escrita, o que seria de esperar, já que saem da mesma cabeça e pelas mesmas mãos. O resultado, em ambos os casos, é um livro negro, fantástico (pela qualidade e pelo género), ligeiramente perturbador, recheado de simbolismos obscuros e tenebrosos, mas também de alguma, pode-se dizer, luz, seja por contraste com o macabro que recheia as histórias, ou por simplesmente se deixar entrever entre os acontecimentos.

Em A Última Grande Sala de Cinema, a história é sobre um cinéfilo que descobre o submundo do cinema que costuma visitar, onde encontra deuses e criaturas estranhas que lhe falam sobre o submundo do cinema em geral.

Uma homenagem à magia do cinema, este livro conseguiu deixar-me maravilhado ao mesmo tempo que me deixou um bocado incomodado com alguns acontecimentos, mas nada a que eu não esteja habituado, com tanto David Soares que já li. Já sabia que ia ser um livro estranho e recheado de horror e simbolismo em igual medida, um muitas vezes usando o outro como veículo, e depois de o ler não mudei a minha opinião.

Destaco ainda a edição, muito boa e cuidada, que começa e acaba como se de um filme se tratasse, com cena de abertura e créditos finais. Um livro muito bom que figura entre as primeiras obras de David Soares, e que aconselho certamente não só a fãs do autor, mas a quem quer que seja, desde pegue nele com o estômago preparado.