Título: Marés Negras
Autor: Filipe Faria
Sinopse: Nova incursão na fervilhante Allaryia, neste terceiro volume das suas crónicas, contadas pelo fiel escriba, Pearnon. Reencontramos Aewyre e os seus companheiros na cidade de Val-Oryth em Tanarch, a um passo do seu destino último: Asmodeon. Aí, Aewyre espera poder por fim descortinar o destino de seu pai Aezrel, o desaparecido campeão de Allaryia. O jovem príncipe e os seus companheiros aprofundaram entretanto os laços de amizade que os unem, mas não sem duros sacrifícios, dos quais resultaram feridas profundas que dificilmente sararão. Velhos inimigos regressam para atormentar o grupo, e nas sombras da própria Val-Oryth residem perigosos adversários que os companheiros desconhecem e que os submeterão a rudes provações. Não muito longe de Tanarch, as Marés Negras sobem uma vez mais, trazendo consigo memórias de um passado sombrio e pressagiando tempos conturbados para Allaryia e todos os seus habitantes.
Opinião: As minhas teorias confirmam-se! Esta saga vai de facto melhorando à medida que avança. Marés Negras é sem sombra dúvida o melhor até agora, especialmente se ignorarmos os desaires amorosos das personagens, para os quais não tenho a mínima paciência, tão à là telenovela que são, e nos focarmos na parte final do livro: o embate das hostes de criaturas malignas nas muralhas de Aemer-Anoth, a primeira linha defensiva de Allaryia, controlada pelos sirulianos.
A trama adensa-se a cada página, a história vai tomando contornos cada vez mais complexos, e há situações cada vez mais bizarras. Eu pessoalmente sempre achei que uma das cenas finais, que envolve Baodegoth, o moorul (esqueleto ambulante e sedento de sangue) possuído por udagais (espíritos maus das estepes), Hazabel, a harahan (mulheres das sombras, fígadívoras), e Ancalach, a Espada dos Reis, era hilariante, de tão bizarra...
Mas bem, antes que eu comece a regurgitar demasiados pormenores, deixem-me revelar só um, um grande, mas só um, e perdoem-me pelo spoiler, mas aparece o Seltor! O grande vilão, a melhor personagem das Crónicas! Seltor é o Anátema, o Flagelo, o Segundo Pecado... Filho de Luris, a Entidade primordial mais inclinada para o Mal, e de um humano, Seltor demorou praticamente 3 livros a aparecer e sei que vai continuar bastante desaparecido durante grande parte dos outros livros, mas não hesito em afirmar que é a melhor parte desta saga.
Diga-se o que se disser do Filipe Faria, da sua escrita e dos seus livros, ele conseguiu criar aqui um grande vilão. Eu sei do que falo, que sou fã de vilões e vilãs. As minhas personagens favoritas são habitualmente os maus da fita, pelas mais variadas razões, e isso volta a acontecer com Seltor.
Se calhar é melhor não falar tanto de Seltor e falar um pouquinho mais sobre o livro. Eu bem quero, mas é complicado. Ele mal aparece neste livro e o seu poder não só ensombra o futuro de Allaryia, como as suas Crónicas, fazendo o resto do livro parecer pálido e sensaborão quando em comparação. Se bem que o livro não é, de todo, mau. Não se deixem enganar pelas minhas palavras de admiração exagerada por Seltor, o livro é bom, é o primeiro desta saga que apelido de bom, sem que a voz me trema de insegurança.
E como bónus ainda tem a capa mais horrível de todos os 7. Tirando as últimas duas, nenhuma delas está nenhum portento da natureza, mas esta em particular... eugh. Enfim, ignorem isso e aventurem-se na leitura desta autêntica epopeia pioneira de high fantasy portuguesa de qualidade crescente!
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