Eu quis, quase à força, vir escrever este último texto do ano, para cumprir com o cliché. Algures nos últimos dias de cada ano, um blogger de respeito tem que escrever um texto qualquer a despedir-se do ano que passou, a fazer um balanço, e a preparar o ano que vem!
Mas isso este ano é complicado. Não que o ano não tenha sido óptimo em leituras, foi até dos melhores de que tenho memória, mas a verdade é que o grande acontecimento deste ano, na minha vida, foi a entrada na faculdade que eu queria, no curso que queria, o que foi óptimo e não me podia ter deixado mais feliz. No entanto, o facto de agora estar em Engenharia Biomédica, no Instituto Superior Técnico, não me trouxe só vantagens.
Para começar, estudo que nem um desalmado, coisa que nunca tinha feito durante mais do que 2 semanas, e que agora já vai em 3 meses. Mas eu gosto de estudar, por mais estranho que isso possa parecer a algumas pessoas, portanto, não é por aí. O problema é que a vida universitária me tirou algumas coisas, como por exemplo, tempo de leitura. Longe da minha glória de 100 e muitos livros lidos, este ano fiquei-me pelos 64. Em minha defesa, podia afirmar que também li livros maiores, ou mais densos, ou ambas as coisas, mas não gosto desse tipo de desculpas. Se bem que não tenho que pedir desculpas a ninguém, não leio por obrigação, e como tal, o único problema de ter lido menos livros é exactamente esse, ter lido menos livros.
E apesar de tudo isto, é mais do que óbvio que não me posso queixar. Li livros tão bons, mas tão bons... Iniciei-me em Saramago, fiz a minha temporada épica, revisitei todos os livros do Harry Potter, li uma das obras-primas de Gabriel García Márquez... Enfim, no meio de algumas leituras bastante ranhosas, tive umas boas duas dúzias de leituras absolutamente divinais. Como tal, não me posso queixar.
Mas sendo o resmungão que sou, preciso de resmungar com alguma coisa. Não pode ser com as leituras, refilo sobre aquilo que está mais perto. A passagem de ano. Vejo por aí pessoas todas felizes, a festejarem a passagem de ano, mas sejamos realistas, estão a celebrar exactamente o quê? A entrada num ano ainda mais miserável que este? Eu sei que isto é um discurso um bocado amargo, e passível de ser interpretado como derrotista ou coisa que o valha, mas estou apenas a ser realista. E possivelmente amargo e sarcástico, mas isso já não tem cura.
O que é que o próximo ano vai trazer de bom? Eu sei que temos que ter esperança, e não baixar os braços e isso tudo, mas por favor... Deixemos de ser tótós. A esperança do que quer que seja não passa de um penso rápido que pomos sobre a ferida. Não faz nada, mas deixa-nos pensar que estamos bons e prontos para outra. É claro que não baixo os braços, é claro que quero que tudo melhore e que corra bem, mas também não tenho ilusões...
Por outro lado, sou apenas um rapazinho revoltado consigo mesmo, que não sabe bem o que diz, não é? Enfim, vou falar de outras coisas. Por exemplo, da edição de luxo que recebi do último livro das Crónicas de Allaryia, Oblívio, de Filipe Faria. Coisa mais linda. Vai ficar guardadinho até Fevereiro, para ler os 7 seguidos! E tenho que dizer que já acabei A Mãe, do Gorki, e que algures nos próximos dias publico a opinião, quando se acabar a preguiça de a escrever.
Pronto, é tudo. Já escrevi demasiado. Vou voltar ao meu covil, amargo como sempre, ligeiramente maniento como sempre. Se ainda forem capazes de acreditar nisso, tenham um bom ano!