sábado, 25 de julho de 2015

Férias

Olá malta. Depois de entrar de férias comecei um estágio de Verão, e estou novamente a ficar assoberbado, portanto vou fazer algo muito simples: tirar férias do blog. Mas é só a próxima semana. A programação habitual volta daqui a uma semana e, espero eu, a partir daí acabam estas "falhas".

Dependendo de como as coisas evoluírem, posso ter que reduzir o volume de publicações, de três opiniões mais uma crónica por semana, para apenas duas opiniões mais crónica. Mas logo penso nisso, ainda depende de muita coisa.

Dia um de Agosto cá vos espero. Até lá, boas leituras!

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Batalha


Autor: David Soares


Opinião: Finalmente! Após tanto tempo e várias desilusões, um bom livro de David Soares! E cheguei a esta conclusão logo no início do livro, o que parece precipitado, mas não é. Bastou ler algumas páginas, talvez o primeiro capítulo, para ficar convencido de que estava ali a escrita que gosto de ver neste autor, assim como a história e as personagens com a qualidade que sei que ele é capaz.

Tudo isto porque é um livro "simples". Uma fábula bem feita que não se tenta enrolar nela própria, e que não é muito prejudicada pelos exagerados devaneios filosóficos do narrador, que são, felizmente, bastante ocasionais.

A história é sobre uma ratazana que é encontrada semi morta por uma casal de ratos do campo que a adopta. Cheira mal, cresce mais que os pais, é apelidada de Caganeta e mais tarde auto-nomeia-se como Batalha. Além disto, é uma excelente personagem, que não precisa de mais descrição do que aquela que vem na capa, uma ratazana ateia.

É tudo muito triste, mas sem dúvida extraordinário. O percurso de Batalha é fascinante, assim como todas as personagens que encontra no caminho. A constante dúvida sobre "os pais do mundo" e fé é uma das melhores representações do ateísmo puro que já vi: livre de dogmas, recheado de perguntas, com uma curiosidade extrema relativa às crenças que existem, mas sem nunca perder o sentido crítico. Borda o agnosticismo, mas Batalha nunca se deixa cair demasiado nesse caminho.

O livro acaba também por ser uma forte reflexão sobre a vida de uma forma geral, e a importância de cada ser, independentemente da existência dos pais do mundo, ou de algum deus, ou outra coisa qualquer. E isso vê-se na capacidade que os seres têm para comunicar uns com os outros, pois só quando um ser acha o outro relevante, é que o ouve. É por isso que os ratos têm dificuldade em perceber os gatos, mas o arquitecto cego consegue ouvir Batalha. É bonito, vá.

Infelizmente, já muito perto do fim, o autor consegue aparvalhar um bocado e deixa-se dispersar. Perde o fio à meada e consegue assustar-me, ao parecer regredir mais para dentro do seu casulo intelectual do costume. Mas não foi muito grave, e não tenho problemas em classificar este livro como muito bom. Não fosse o narrador, de que não gostei por nunca se decidir quanto a que ponto de vista é que tinha, teria sido um livro excelente.

Sempre achei que ia gostar deste livro, e não me enganei. Agora tenho esperança de que as próximas obras sejam desta qualidade, e que a fase excessiva já tenha ficado para trás, mas a ver vamos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Fun Home - Uma Tragicomédia Familiar


Autora: Alison Bechdel
Tradutor: Nuno Sousa Tavares


Opinião: Um livro lento. Um título peculiar. Um enredo cativante e de certa forma tão absurdo que só pode ser real. Fun Home torna-se rapidamente numa exploração da homossexualidade e, mais importante do que isso, de como toda a gente lida com isso.

Do pai que esconde, à mãe que ignora, do irmão que não quer saber, à irmã que sente. Tragicomédia é realmente a melhor forma de descrever o que este livro conta. Autobiográfico e marcante, com uma arte competente (ainda que incapaz de fazer grandes expressões faciais para além de enfado profundo, talvez propositadamente) e uma narrativa fluida e bem construída.

Aquilo que mais me fascinou foi o timing de cada acontecimento, e a forma como as personagens estão construídas e parecem tão reais. O facto de serem representações na folha de pessoas reais, que a autora conheceu toda a vida, deve ajudar, mas mesmo assim é preciso ter muito jeito para isto!

A personagem que mais gostei de acompanhar foi o pai, com os seus segredos mais ou menos óbvios e os seus tiques, particularidades e idiossincrasias várias, que fizeram dele uma personagem complexa, fácil de compreender em certas alturas, e muito difícil de perceber noutras.

Não posso deixar de aconselhar esta leitura, a qualquer pessoa, embora tenha sentido falta de alguma coisa. Eu sei que é uma autobiografia, e o objectivo não era inventar, mas acho que bastava uma mudança de foco, de vez em quando. A autora fala várias vezes de algumas coisas que mereciam um enorme destaque, ou mostra situações relevantes, e nem umas nem outras têm mais do que um papel secundário em toda a história.

Só que lá está, novamente, eu compreendo. A vida também não faz pausa para vermos melhor as coisas, e o livro transmite bem essa experiência. Não conta aquilo que gostávamos mais de ver, mas sim aquilo que aconteceu, como aconteceu, e por aí faz sentido e dá-lhe pontos. Por outro, preferia que tivesse sido ligeiramente aldrabado.

De qualquer forma, é um bom livro, com isso nunca me deixei enganar.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O Baile


Argumento: Nuno Duarte
Arte: Joana Afonso


Opinião: As expectativas sempre foram boas. Boa(s) capa(s), um argumento de Nuno Duarte, argumentista de A Fórmula da Felicidade, e desenhos de Joana Afonso, uma das artistas que mais me tem fascinado nos últimos tempos. A história promete ser sobre zombies e a PIDE. Venha ela!

A primeira coisa a confirmar-se é que a arte é de facto fenomenal. Um traço meio de cartoon, muito expressivo, ligeiramente exagerado e, acima de tudo eficaz. As personagens transmitem emoções e sensações com a cara e a linguagem corporal, com facilidade, e os cenários em pano de fundo funcionam muito bem.

O argumento não é a ideia mais original e bem pensada de sempre, mas está sem dúvida bem escrito. Algo de que gostei muito foi que apesar do protagonista ser exactamente um agente da PIDE, a história foca-se pouco nisso, ou na ditadura, que não passa nunca de simples pano de fundo, contexto histórico. O que é interessante são os zombies na pequena vila piscatória (um sítio irónico para uma história tão lovecraftiana), e é isso que ocupa a maior parte do tempo de antena.

Enquanto livro, o maior defeito, para mim, é mesmo o facto de ser tão pequeno. Esta história podia ter durado mais, podia ter contado mais coisas. Não que esteja mau como está, porque não está, mas mesmo assim pareceu-me apressado, embora tenha que fazer a ressalva que isso pode ter sido fruto da minha leitura rápida e não do próprio livro.

É que as personagens são sem dúvida boas, assim como a reviravolta, que me conseguiu surpreender, mas fica a faltar qualquer coisa. Mais conteúdo... Deixem-me explicar. A sensação com que fiquei foi a de que tudo o que li/vi era enredo. Ou seja, não houve tanto espaço para caracterização das personagens, dos espaços, do contexto, para criar empatia com o leitor. O Baile é uma história sempre a direito, o que não é necessariamente mau, e neste caso é apenas não tão bom quanto poderia ter sido.

Resumindo, é um bom livro, que precisava de uns retoques e de mais páginas, com um argumento bom e uma arte muito boa, e que merece, sem dúvida, ser lido, especialmente por quem diz que autores portugueses não escrevem/desenham nada de jeito.

sábado, 18 de julho de 2015

Como vão as Lusofonices?

Da minha perspectiva vão bem e recomendam-se. Faz amanhã um ano que comecei esta Temporada Temática, e já li 27 livros de autores lusófonos (4 ainda por publicar por aqui), o que perfaz um bocadinho mais de uma quarta parte da minha média de leituras por ano.

Um feito impressionante só por si, ter-me conseguido dedicar a esse nível. Ainda por cima não me fiquei pelos livros: falei de pelo menos um filme e incluí várias crónicas na lista, além de entrevistas, lançamentos de livros, declarações de guerra (Chagas Freitas, 'tou-te a ver!) e citações. Posso dizer, sem pudor, que estou orgulhoso do meu trabalho!

Alguns textos ficaram mais ranhosos do que outro, mas acho que ainda escrevi alguns que sim senhor, ficarão para a minha história pessoal, aqui o blog.

O que é que aprendi até agora? Para começar, que isto era suposto durar, dois, talvez três anos, mas acho que vai ser para demorar mais. Estou com vontade de definir um limite, digamos, 100 livros. Só para ter um final para a temporada.

Aprendi também que se as pessoas acham que autores lusófonos significa autores portugueses e brasileiros, andam a perder muita coisa. Depois de ler um livro do Agualusa, convenci-me definitivamente que literatura luso-africana é coisa para mim.

Escritas até agora fascinantes, com livros que além de contarem boas histórias, são bonitos. Tudo naquelas narrativas (Mia Couto e José Eduardo Agualusa) transpira, ao mesmo tempo, os países africanos que decidem apresentar, o português da língua, e uma capacidade hipnotizante de contar histórias. Mais no caso de Mia Couto no que de Agualusa, m as ainda li poucos livros de cada um para me pronunciar completamente quanto a este assunto, mas epah, por agora, contem comigo.!

A coisa mais importante que aprendi, no entanto, é que existe muita coisa. De todos os géneros possíveis e imaginários! Qualidade, enfim, é mais subjectivo, mas a mim parece-me que temos muita coisa e muita coisa boa. Eu pelo menos ando a descobrir com cada coisa, algumas já bem antigas, que se usaram sabe-se lá porquê.

Isto é de tal forma verdade que já me sinto assoberbado. De cada vez que vou à prateleira das Lusofonices, ela prece ter mais livros. Torna-se ridículo. Para lá de ridículo!

É desencorajador, mas por outro lado, olho para lá e caço várias coisas que me abrem o apetite e me pedem para mergulhar o mais rapidamente possível. É fantástico.

Por agora não se preocupem, que tenho mais quatro opiniões prontas a serem escritas, e vários livros aptos a fazerem parte da Lusofonices. Acho é que até ao próximo Julho sou bem capaz de ler mais do que os 27 livros que li entretanto. A ver vamos!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Insólito


Autor: Loustal


Opinião: Um livro curto e engraçado. Está tudo dito. Gostei de ler, mas nada por aí além. a verdade é que isto é uma leitura que assenta muito melhor à minha namorada (que me emprestou o livro), do que a mim.

O humor entre o nonsense e o levemente mórbido, é um tipo de humor que ela aprecia bastante, especialmente quando bem feito, como está neste livro. Mas não é um tipo de humor que me fascine. Nonsense por nosense, venha o humor britânico.

No entanto bastam lerem a sinopse para perceberem que este não é um livro normal, com histórias normais. Todas elas têm algum pingo de impossibilidade que as tornam bem mais interessantes do que aquilo que são realmente, porque a arte está boa.

Essa sim, assenta que nem uma luva neste livro. E nem sequer é nada de especial, mas está estranhamente (ou não) adequada à coisa, o que é simplesmente fascinante.

Ou seja: aconselho, sim, mas de espírito aberto. Se forem à espera de encontrar uma história com um fio condutor muito óbvio, vão ler qualquer coisa que esteja na moda. Isto são histórias curtas que ocasionalmente não fazem uma pinga de sentido. O que por um lado é bom, mas por outro... Enfim.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Rugas


Autor: Paco Roca
Tradutora: Joana Neves


Opinião: Já há muito tempo que eu sabia da existência deste livro, mas nunca me tinha chamado particularmente a atenção. Aqui confesso-me uma vítima da publicidade: a deste livro foi muito fraca, com pouca ou nenhuma divulgação, e eu, inconscientemente, nunca lhe prestei muita atenção.

Agora que o li só posso agradecer ao meu primo (que lançou um livro há pouco tempo) pelo empréstimo. Rugas revelou-se uma leitura rápida, mas pesada, e sem dúvida uma das melhores deste ano, e de sempre!

Não, não estou a exagerar. Esta história sobre um velhote com Alzheimer, que se torna na história do amigo que faz no lar de idosos, é um dos mais tocantes e excepcionais retratos da doença que já vi. E não só da doença como da solidão e da terceira idade em geral.

É um livro triste, claro que sim, mas tem os seus momentos de alegria. E está recheado de momentos incríveis, ao nível do retratado na capa: a melhor forma possível de explicar a alguém o que é viver com uma memória que se desvanece a todos os momentos.

O grande triunfo de Roca não é o facto de conseguir explicar como é que a doença funciona e progride, mas sim como é que esta afecta as pessoas, não só quem dela sofre, como todos à sua volta. E quem diz Alzheimer diz qualquer uma das maleitas dos vários idosos do lar. Enfim, da velhice em geral.

Sabem qual é o maior efeito? É que depois de uma fase inicial em que a pessoa está demasiado consciente daquilo que lhe está a acontecer... há uma fase em que fica feliz. Perde as memórias de uma vida, mas ganha a leveza da juventude. Com as lembranças vai-se a idade.

É por isso que o protagonista, doente, se torna numa personagem cada vez mais alegre, com aquele sorriso benevolente e ignorante cada vez maior. Os momentos de lucidez escasseiam e encurtam, mas ele eventualmente já não quer saber.

Sobram os outros velhos do lar, todos eles dignos de terem o seu momento de antena, desde a avozinha que vai "roubando" pacotes de molhos e açúcar e todas estas pequenas coisas a que consegue deitar a mão, para um propósito algo inesperado, até, e este sim é importante, ao velho resmungão que dedica os seus dias a roubar uns míseros euros aos outros velhos.

Só saberão a importância de lerem. E vale bem a pena lerem até ao fim, não se enganem. A arte, ainda por cima, facilita, ao ser simples, mas eficaz, com alguns pormenores que acertam em cheio no alvo e fazem deste livro, sem dúvida, algo excepcional.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

The Bhagavad Gita


Tradutor: Juan Mascaró


Opinião: Na minha incessante busca por epopeias, deparei-me com esta, indiana e difícil de arranjar. Sem dúvida uma das mais antigas de sempre, intrigou-me desde o início por ser tão diferente daquilo a que estou habituado. Aficcionado por mitologia como sou, sei qualquer coisa sobre deuses e afins indianos, mas raramente me deparei com eles na literatura.

Este livro parecia ser o ideal para colmatar essa falha. Felizmente tenho uma namorada que me compreende e que me arranjou o livro, ainda por cima numa edição espectacular, de capa dura, igual à imagem lá em cima, encadernada a tecido, com zero notas de rodapé e uma introdução compreensiva.

A epopeia em si, infelizmente, deixa algo a desejar. Acho que gostei mais de ler a introdução. Acabei por gostar do livro todo, mas a epopeia propriamente dita é um livro religioso escrito em verso épico, que de certeza perde muito na tradução (sânscrito não é das coisas mais óbvias, de certeza), como tudo o que é escrito em verso, mais do que qualquer outro tipo de texto.

O pouco de história que há é uma conversa entre Arjuna, um herói, e Krishna, o deus supremo do hinduísmo durante uma batalha, com o primeiro a ter dúvidas, e o segundo a responder a essas dúvidas e muito mais.

No fim, e embora os ideais hindus sejam interessantes, este livro lê-se como um martelo a tentar enfiá-los dentro da nossa cabeça. Há ali muita coisa que até valia a pena conhecer melhor, mas também há ali muita coisa que está muito, mas muito fora do contexto, o que dificulta muito a compreensão.

E o tradutor, que escreveu a introdução, não tem razão numa coisa: por muito que ele tenha tentado, a musicalidade desapareceu completamente dos versos. Tenho a certeza que fez o seu melhor, e que esta tradução é de facto excelente, mas deve ser impossível manter a qualidade original quando a tradução é entre duas línguas mais comuns e parecidas entre si, quanto mais quando uma delas é sânscrito.

Isto para dizer que foi uma boa leitura, mas que ficou aquém, por motivos difíceis de combater, a tradução e o conteúdo. Para aquilo que é... está muito bom. Para mim... está razoável, mas não me ficará na memória como uma obra muito relevante.

domingo, 12 de julho de 2015

Lançamento de "Lágrima", de André Pereira


Depois de pequenas estórias de muitas vidas, chegou a altura do meu primo, André Pereira, lançar o seu primeiro romance. É um orgulho, e já está na pilha para ser a próxima leitura, como é óbvio, que ainda por cima tive direito a versão autografada e tudo.

O lançamento foi na Sexta, dia 10, em Lisboa, na Livraria Desassossego, e Sábado, dia 11, em Leiria, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira. Lá estive dia 10, para colmatar ter falhado o lançamento do primeiro livro, e a coisa correu bem.

Antes de continuar, no entanto, e para efeitos de aviso, gostava de dizer que vou deixar de lado os meus problemas com a Chiado. Não, não me agrada fazer publicidade a esta... "editora", mas ainda me agrada menos não fazer publicidade ao livro do meu primo, que eu sei que escreve bem e merecia isto já há muito tempo.

Continuemos.

Daquilo que fiquei a saber sobre o livro, a coisa promete e promete muito. Basta ler o primeiro parágrafo, transcrito na imagem ali em cima, para perceber o calibre do que aí vem. Como foi dito na apresentação, é uma autêntica entrada à leão águia!

Já agora, a apresentação esteve a cabo de Nuno Costa Santos, um criativo da mesma raça do André e que foi seu colega no Rádio Clube Português. Correu bem, mas falou demasiado, na minha opinião. Não é fácil apresentar um livro, como é óbvio, especialmente para um público que ainda não o conhece, mas enfim, tenham em atenção que eu é que não gosto do estilo da apresentação, que tirando isso foi muito boa e sem grandes falhas a apontar.

E o que fica do livro? Que é ao mesmo tempo triste e feliz, e que não é de forma óbvia. É mais feliz a mãe que chora a morte do filho, do que o pai que ri. Tenho a certeza que lá pelo meio há pontadas de humor, ocasionalmente negro como uma mancha de tinta daquelas desagradáveis que teima em não sair, mas sempre bom. Homem dos milhentos ofícios, se há um que lhe é transversal, é o de humorista.

O que, aliás, se notou durante a apresentação, que foi tal e qual como eu estava à espera: emocionada, nervosa, extremamente satisfeita, orgulhosa, engraçada e cautelosa, que se há coisa que não me parece que ele faça, é dar passos maior do que as pernas. Tem noção da sua posição enquanto escritor estreante e sabe para onde quer ir, o que por agora é vender o máximo possível do seu primeiro livro.

Eu estou curioso, quero de certeza ler isto e não tenho dúvidas de que será uma leitura rápida. Estejam atentos, que a opinião há-de aparecer aqui algures.

E para o André, desejava-lhe boa sorte, mas isso é para quem não é bom naquilo que faz, portanto, parabéns e continua assim. Um dia espero ser eu a fazer como tu (sem ser na Chiado, desculpem, não resisti), e por agora fico satisfeito em apresentar o próximo livro!

sábado, 11 de julho de 2015

Sci-Fi LX - 18 e 19 de Julho de 2015


Preparados para a maior convenção de Ficção Científica em Portugal dos últimos anos (acho eu)? É já no próximo fim de semana, no Instituto Superior Técnico (lá vou ter que voltar a esse sítio antes do próximo semestre), e promete!

Vai haver cinema, cosplay, jogos, palestras, literatura, banquinhas e workshops. De tudo um pouco, para todos os gostos, desde feira do livro, jogos de tabuleiros e de miniaturas, palestras sobre cinema, steampunk e afins, a workshops de (algo muito parecido a) Arduino, cosplay, escrita criativa e, novamente, afins.

Tudo isto junto no mesmo sítio? E eu de férias? Sou tipo para passar lá os dois dias, oh se sou!

Já mencinei os workshops de jedi fencing? Para quem não estiver a perceber, há um tipo que vai ensinar a lutar com sabres de luz.

Este barulho que ouviram foram as vossas mentes a estoirar.

Caríssimos, não há muito mais a dizer. Vale a pena. Apareçam!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Agents of S.H.I.E.L.D. [T2]



Ah, Coulson, Coulson, Coulson. És realmente qualquer coisa de especial. Não sei como é que o actor, Clark Gregg, relativamente pouco conhecido como era, tem conseguido manter uma das melhores personagens do Universo Cinemático da Marvel com tanta qualidade! O apreço por ele é praticamente unânime por entre os fãs, o que é para lá de ridículo.

Mas compreensível. O homem faz da personagem o que quer: Coulson é um tipo porreiro, com um carisma imbatível, uma confiança praticamente inabalável, e um nível de espectacularidade bem acima da média. O facto de existirem várias personagens bastante boas não o prejudica nem por ele é prejudicado, pois consegue dar o lugar a quem de direito, e manter-se fixe, em segundo (e até terceiro e quarto) plano.

Podia ficar aqui bastante tempo nisto, mas ia acabar por escrever odes a esta personagem, em vez de dizer algo de interessante sobre a série, portanto vamos lá a concentrar.

Esta segunda temporada já não tinha a muleta da novidade, nem a de servir única e exclusivamente para expandir um Universo já criado. Depois de tudo o que aconteceu até agora, e de todas as revelações que já foram feitas, esta temporada já estava sentada no seu próprio espaço, com uma mitologia própria (ainda que integrada num mundo mais vasto) e um conjunto de regras específicas.

Para começar foge claramente dos filmes no ponto mais óbvio: quando falamos de grandes vilões estamos literalmente a falar de grandes entidades maléficas como a Hydra e conspirações afins, e não de super-vilões apenas derrotáveis por super-heróis com poderes vistosos.

O que faz todo o sentido, lá está: Agents of S.H.I.E.L.D., mesmo incluindo pessoas com poderes, nunca foi sobre super-heróis e nunca o será propriamente. Mais do que salvar o mundo, o objectivo é fazer o que está certo, tanto uns pelos outros como por toda a Humanidade, com uma ênfase ao mesmo tempo mais particular e mais geral.

Para fazer isso, a primeira temporada tentou balançar a ficção científica em que assenta o Universo Marvel com o desenvolvimento das personagens, que se quiseram fortes desde o início, com mais ou menos sucesso. No início desta temporada as coisas estão muito diferentes, há personagens que se revelaram como completamente diferentes daquilo que esperávamos, outras que sofreram consequências inimagináveis, e todas sem excepção têm que lidar com as escolhas que foram feitas.

O fantástico desta segunda temporada está nisso mesmo: apesar de (mais do que) ocasionalmente morna, a história andou a um bom ritmo e não se limitou a introduzir situações novas. Em vez disso continuou a desenvolver as antigas, porque elas não desapareceram nem ficaram magicamente resolvidas. Tal como acontece realmente! As mazelas foram e são demasiado grandes para serem simplesmente ignoradas, e raramente o são.

Depois as principais linhas narrativas são todas interessantes por si só e confluem de forma bastante inteligente, se querem que vos diga. Uma segunda S.H.I.E.L.D., nascida das mesmas cinzas da S.H.I.E.L.D. que temos estado a acompanhar, os Inumanos (introduzidos vários anos antes de terem direito a um filme seu, o que ainda me deixa espantado e me diz que a Marvel tem grandes, GRANDES, planos para este grupo), os resquícios da Hydra, os poderes de Skye... E por aí fora.

(a forma como convergem não vos digo, para não perder o interesse)

Aquilo que mais afectou a temporada e lhe tirou bastante do seu brilho, foi mesmo um problema intrínseco à série: o número de episódios. Vinte e dois é demasiado, e a sensação que tenho é que o argumento se aproveita disso para arrastar algumas coisas que não deviam ser arrastadas, e assim dar origem a vários episódios bastante medianos. Obrigar a malta criativa a contar as suas histórias em metade dos episódios, para além de desafiante e de implicar incluir menos coisas, seria uma forma bastante fácil de tornar a série melhor.

É que nem só de Coulson vive a série, e por muito que o Fitz, a Simmons, a Bobbi, o Hunter, o Mack, a May, a Skye, e as outras quinhentas mil outras personagens que por lá andam, se esforcem, precisavam de episódios mais intensos e mais bem planeados.

Mas a temporada acaba bem, depois de todos os conflitos evoluírem e evoluírem e evoluírem, incluindo o pai da Skye, que vemos finalmente na sua forma monstruosa (ou pelo menos a caminho). Pelo menos a mim, deixou-me interessado, falta ver se a coisa se concretiza como deve ser na próxima temporada, ainda em Setembro deste ano.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Orquídea Negra


Argumento: Neil Gaiman
Arte: Dave McKean
Tradução: José de Freitas e João Miguel Lameiras


Opinião: A inconfundível arte de Dave McKean é bonita o suficiente para dar valor a qualquer livro em que apareça. O tipo consegue fugir às normas da ilustração da BD com um estilo muito característico e ao mesmo tempo cinematográfico e onírico, quase abstracto.

O argumento de Neil Gaiman por cima disso ainda melhora a coisa. Se bem que, reparem, por muito espectacular que Gaiman seja, este livro em específico quem ganha é McKean. A história é interessante, sim, e demonstra novamente que autores consagrados e semi-alternativos a trazerem de volta personagens semi-esquecidos é a melhor coisa de sempre, mas nada se compara às sequências oníricas que McKean espalha pelas páginas.

Até porque a história, apesar de interessante, é confusa e extremamente estranha, ao ponto de me ter deixado a perguntar "mas que raio?" e não no bom sentido.

Foi bom ver cameos de outras personagens de DC, assim como é fácil de apreciar a mensagem ecologista e tudo o mais, mas nunca é uma história que cative. Começa bem, e deixou-me logo em pulgas, mas depois acalma e torna-se num livro morno. Discreto.

Não tem menos valor por isso, apenas não me agradou tanto. Podia ter-se tornado mais envolvente, mas a personagem principal, a titular Orquídea Negra, nunca é suficientemente próxima do leitor. E nem sei se por culpa de Gaiman, se por culpa de McKean. O que acontece é que não há nada onde o leitor se possa agarrar. A personagem principal é completamente alienígena, os vilões são, enfim, vilões, e pouco mais há de relevante.

Portanto, digo-vos: esperava mais. Mas vale bem a pena, de qualquer forma. Abençoado sejas, Dave McKean.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

XIII #11 a #22


Eu tentei, a sério que tentei. Mas este barulho que estão a ouvir, sabem o que é? É o desapontamento a aterrar violentamente aqui ao pé de mim, sem mais nem menos. De tal forma que decidi que não valia a pena continuar a arrastar isto: este texto serve como opinião para os últimos onze volumes e a saga como um todo.

Opinião essa que não é muito famosa: se a primeira meia dúzia de volumes (talvez um bocadinho mais, vá) foi realmente interessante, o resto da saga arrasta-se de uma forma ridícula e que dá pena. A sério, dá mesmo pena.

Tanto potencial para contar uma história de espiões e intrigas medievais e rocambolescas nos dias de hoje! No início ainda é exactamente isso, um belo de um conjunto de histórias com personagens que não são más, situações interessantes e resoluções cativantes.

Algumas reviravoltas estranhas, é certo, especialmente com a identidade de XIII, mas tudo razoável. Até ao momento em que deixou de o ser e nunca mais se endireitou. As conspirações passaram a ter conspirações dentro delas, bem enroladas noutras conspirações diferentes das duas primeiras e servidas num prato feito de porrada.

A arte, essa, tem limitações, mas é interessante. Só que aborrece. Não há nada demasiado chamativo (o que até é bom, normalmente) e nem a lufada de ar fresco do argumentista e do artista fez com que a coisa melhorasse.

Enfim, a certa altura isto apenas consegue alongar-se e alongar-se sem propósito para além de chocar e surpreender e tentar a todo o custo manter os leitores cativados. A única coisa que consegue, na minha opinião, é confundir toda a gente que tente perceber a história de XIII. E a história é interessante, apenas mal contada, nem quero imaginar se fosse uma seca descomunal!

Fica, portanto, o aviso. Isto até é porreiro, mas assim que parece que está a descambar, é porque está. Não vale a pena continuarem.

sábado, 4 de julho de 2015

Fim de semestre

Depois de vários dias com o monstro dos exames pendurado do meu pescoço, cá estou eu. Ainda estou a sofrer as mazelas de insanidade temporária, mas já estou a restabelecer. Confiem em mim, isto agora entra nos eixos. Se bem que acabei as aulas, os testes e os exames, e vou começar um estágio de pelo menos mês e meio, já para a semana.

Ninguém me mandou vir para engenheiro, é verdade, e vai ser esta a vida que me espera, cromo como sou. Estudar, estudar, estudar. Acho bem que valha a pena.

Mas tirando isso, muitas leituras interessantes me esperam! Várias BD's, incluindo portuguesas, vários autores portugueses que nunca li, alguns clássicos da FC, epopeias, enfim, o costume.

Depois eu não quero é ficar a prometer muita coisa, mas... Juro que vai este Verão que vou mexer em qualquer coisa aqui no blog. Vou acrescentar umas páginas, tentar organizar isto de forma diferente... Provavelmente mentalizar-me de que será uma coisa para se ir fazendo, com pequenas mudanças todos os meses, conforme for tendo tempo.

"Como é que não vais ter tempo, agora que estás de férias?", perguntam vocês. Vão-se lixar e não me chateiem a cabeça, respondo eu. Hum... Eu queria dizer que durante o semestre (e, enfim, o ano) fui adiando várias coisas para o Verão, portanto tenho muito que fazer, ainda que de forma diferente.

Não tenho grandes prazos, nem avaliações idiotas, apenas coisas para fazer. Coisas que me interessam! Vai dar trabalho, vou sentir falta de umas belas dumas férias, mas vai-me saber bem, também, realmente trabalhar.

E ter tempo para os meus projectos! E tenho bastantes, alguns coisas pequenas e pessoais, como arranjar um Arduino para me divertir (vai ser das primeiras coisas), outras são maiores (e mais secretas, muahahahah), mas todas me interessam bastante e vai ser bom finalmente ter tempo.

Acima de tudo, aquilo que quero é conseguir que o próximo ano tenha tudo balançado, com conta, peso e medida, que tem que correr consideravelmente melhor que este.

Mas já chega de falar sobre a minha excelsa pessoa. Segunda há mais para ler, e desta vez prometo regularidade ininterrupta para os próximos meses!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Até tenho vergonha

Mas este semestre anda puxado. Eu juro que vos compenso depois.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O Vendedor de Passados


Autor: José Eduardo Agualusa


Opinião: Depois de ler este livro tenho que me render: venham a mim os escritores luso-africanos! Até agora tinha apenas a experiência de ler Mia Couto (NOBEL! NOBEL! NOBEL!), e Agualusa convenceu-me definitivamente de que não é sorte, há definitivamente aqui um filão a explorar em força.

Para começar, o título. Soa bem, é intrigante, faz sentido, é perceptível e tem várias camadas de simbolismo. Óptimo.

Depois, o narrador. Que é uma osga. Eu e o meu fascínio por narradores agradecemos.

A escrita não é tão fenomenal como a de Mia Couto (NOBEL! NOBEL! NOBEL!), mas é boa, e consegue contar uma história do princípio ao fim sem nunca perder o interesse. Os capítulos curtos e bem feitos ajudam, pois quase obrigam a uma leitura muito rápida, mas a conjugação da escrita e da história contada é realmente o que faz com que a leitura valha a pena.

Ainda há espaço para que as coisas fiquem confusas, e também muito estranhas, mas o fio condutor desenrola-se bem, não fica com nós, e desfia-se num final fantástico, novamente muito bem feito, que me custou um pouco a aceitar, ao início, por parecer demasiada coincidência ao mesmo tempo, mas que depois até é bem explicado.

O protagonista, um albino, é um homem que se especializou em, literalmente, vender passados. Constrói passados semi-fictícios para pessoas que precisam de um melhor, e vende-os. Uma ideia tão simples, e tão eficaz, que só podia acabar em desgraça, como realmente acaba, quando aceita um cliente muito especial e se enamora de uma rapariga muito especial.

No meio disto, o narrador-osga, que afinal é uma pessoa reencarnada e que têm um ligação onírica e telepática com o protagonista. Fascinante? Para lá disso! Fiquei mesmo agradado. Não fosse a confusão que grassa lá pelo meio, tinha ficado completamente rendido ao livro... O que é que querem, boas escritas deixam-me assim.

Vou sem dúvida manter este autor debaixo de olho!