terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ah pois, o problema da leitura

E eu que tenho andado muitíssimo desaparecida por estas bandas. Este querido blog, que me faz sempre recordar o prazer que é o de folhear.

O que se passa é que estou num curso artístico a ler um calhamaço como Os Maias. E por calhamaço (que só por acaso é uma palavra que odeio tremendamente) não me subentendam: estou a gostar.

Mas como disse anteriormente, o meu curso requisita ocupação constante. Num tempo livre ter de escolher entre desenhar ou ler, acaba por se mostrar uma decisão complicada. Mais o estudo.

A minha edição dos Maias é das mais antigas, enorme, de capa dura vermelha. Em suma: impossível de transportar diariamente, logo, só arranjo um quartozinho de hora por dia para ler, e é quando o consigo arranjar.

Tento ler o máximo possível, e (graças a quem quiserem) já estou quase no fim.

Para aqueles que acham este blog suspenso nas mãos (de oiro) do Rui, desenganem-se, pois por detrás de um grande homem, estão sempre duas grandes mulheres. ;D

Enfim, bom Novembro extenuante e sem subsídio de Natal e claro, boas leituras para todos.

PS: Odeio o Carlos da Maia.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vollüspa (Parte 1 de 2)

Título: Vollüspa
Autor: Vários

Opinião: Vamos lá começar a falar dos contos. Da capa não falo mais, apesar de ser, repito, uma das capas mais espectaculares que já vi. Mas bem, adiante.

A Vollüspa está divida em 3 partes, por géneros. Primeiro vem a Ficção Científica, o Terror e por fim a Fantasia.

A iniciar a primeira secção, aparece o conto de Afonso Cruz, O Pequeno Guia do Céu, de Tristan de Sapincourt, um pequeno conto delicioso, que me despertou o interesse para este autor. As constantes referências a personalidades famosas e a eventos importantes da história da Humanidade deixaram-me com água na boca, bem como a pequena narrativa, que termina numa crítica à visão excessivamente científica, e que apela, bem como todo o conto, à visão fantasiosa das nossas mentes.

De seguida vem Natal®, de Carlos Silva, uma história que satiriza um hipotético Natal futuro, provavelmente não tão distante da realidade como todos gostaríamos que estivesse. O Natal apresentado é artificial, de uma ponta à outra, como se fosse a coisa mais natural do mundo. E quando a coisa começa a correr mal... Bem, a solução até é fácil!

Depois, Eternidade, de João Ventura, que me agradou bastante. É a história de uma Presença, de certa forma eterna, tanto a história como a Presença, que guarda algo que pode mudar o futuro da Humanidade, e da forma como ela evita que isso venha a acontecer, de forma algo fria e desligada, de acordo com a presença da Presença narradora, passe a repetição. Lembro-me que ao acabar este conto, pensei que já tinha valido a pena ler isto. E mais não digo.

Agora vem A Queda de Roma, antes da Telenovela, de Luís Filipe Silva, mais uma sátira bastante óbvia, ainda que talvez seja, de certa forma, algo subtil. Eu sei que isto parece parvo, e possivelmente algo pretensioso, mas acreditem, depois do primeiro impacto há toda uma série de impactos mais subliminares, vá, que dão uma nova dimensão a este conto.

O quinto conto é Génesis - Apocalipse, de Roberto Mendes, o organizador deste volume, conto em que o autor, como o próprio o diz, homenageia dois grandes da ficção científica, Isaac Asimov e Robert Silverberg, nomeadamente o livro que os dois escreveram juntos, The Positronic Man. Aquilo que o Robert fez foi ir além daquilo que leu, na juventude, pensar e imaginar para além das fronteiras de um livro que só por si já merece todo o respeito, e criou esta pequena história em que evoca essas suas memórias (mais uma vez, como o próprio refere, na nota de editor), de forma interessante e bem escrita.

Já e entrar na secção de Terror, mais curta que as outras duas, o conto inicial não me agradou por aí além. É O Acorde das Almas, de Carina Portugal, e que apesar da boa escrita, não me conseguiu prender por aí além, talvez por não ser o tipo de terror que mais me agrada.

Depois aparece Enquanto Dormias, de Nuno Gonçalo Poças, que é exactamente um dos tipos de terror que mais aprecio: perturbador, algo bizarro e brutalmente directo. Uma história que gostei de ler, com muita loucura envolvida (ou não?), com uma linha narrativa algo obscura e difusa. Tal como eu gosto.

E pronto, fica por aqui a primeira parte, até agora a crítica geral é favorável, diga-se de passagem. Falta só ver quando é que arranjo tempo para escrever a segunda metade!

domingo, 13 de novembro de 2011

Vollüspa: um conceito, uma ideia, um projecto



Além de uma das capas mais espectaculares que já me passaram pelas mãos, Vollüspa tem ainda por trás um dos melhores "conceitos de existência".



Tudo começou como uma ideia, aliás, como uma excelente ideia, que podem ler aqui. A ideia foi de Roberto Mendes, o organizar e a mente por trás deste projecto.



O objectivo foi, como podem ler no link, criar uma revista de contos que juntasse autores portugueses consagrados no género do fantástico com autores menos conhecidos. Esta revista rapidamente evoluiu para uma verdadeira antologia, digna de passar à categoria de livro, e que conta com a participação de autores mais conhecidos, de Afonso Cruz a Carla Ribeiro, que dispensam quaisquer apresentações, e com autores desconhecidos, que mostram agora ao público os seus primeiros trabalhos, como Carlos Silva e Carina Portugal.



Ora, depois de tudo concluído (este tudo inclui o interesse de uma pequena editora), o Roberto Mendes tratou de fazer chegar a versão final a alguns blogs, para que opinassem e divulgassem este seu projecto. O Que a Estante nos Caia em Cima, foi um dos blogs felizardos, e eu aceitei, obviamente interessado não só na possibilidade de ler contos de autores conhecidos, como na possibilidade de descobrir novos talentos, bem como na possibilidade de participar, ainda que de forma mínima, neste projecto, ao dar a minha opinião sobre os contos presentes nesta antologia, que não é nada mais nada menos do que uma "mostra" ou um meio de divulgação da literatura fantástica portuguesa.



Aliás, foi essa uma das principais razões para ter aceite divulgar a Vollüspa, ou não fosse eu alguém que adora este género de literatura e que acha muito bem que aquilo que se a nível nacional seja divulgado. Temos muitos bons autores, alguns incluídos neste projecto, que só têm é que ser divulgados. E lidos!



Portanto, cá fica este texto, em jeito de introdução. A opinião, ou melhor, as opiniões, vêm a seguir, em duas publicações separadas, para poder falar à vontade. Fica desde já o meu voto positivo!

domingo, 6 de novembro de 2011

Números Notáveis


Título: Números Notáveis
Autor: Lamberto García del Cid

Sinopse: Onde é que reside a importância de um número? Há números, como o zero, que são importantes para os matemáticos. Outros são relevantes para determinadas religiões, como o 3 e o 666. E também os há para os apaixonados da lotaria, como por exemplo o 22. Mas quer sejamos matemáticos, crentes ou apostadores, as três coisas ou nenhuma, o certo é que a importância e a influência dos números invadem toda a nossa vida.

Opinião: Se a curiosidade matasse eu tinha morrido logo a seguir a ter lido o título deste livro. O fascínio que os números têm exercido sobre a Humanidade sempre me fascinou, passe a redundância. Eu próprio sinto essa atracção, especialmente tendo em conta que passo a vida a lidar com números.

Há poucas coisas mais fascinantes do que descobrir que as primeiras 4 potências de 11 são capicuas, tal como ele próprio. Ou que é impossível desenhar uma linha de comprimento pi. Ou até descobrir que existem números imaginários, que são raízes de números negativos! Toda uma catrafada de coisas absolutamente fascinantes que vêm incluídas neste livro, que ainda traz muito mais coisas. Só lendo.

E da colecção, é dos que já li que tem uma melhor estrutura. Muitos factos sobre números, alguns apontamentos históricos, poucos desvios relativamente ao tema principal, nem aprofundamentos do mesmo de forma exaustiva (e incompreensível). Um livro em tudo perfeito, relativamente a esta colecção.

Ainda por cima tem a particularidade de ser daqueles cuja leitura não exige conhecimentos matemáticos por aí além. Qualquer pessoa o pode ler e sentir-se igualmente fascinada, sem perder nada de relevante. É por isso que o aconselho, se algum dia tiverem a hipótese de pegar nele. Lê-se rapidamente, como todos os livros desta magnífica colecção, está bem escrito, de uma forma directa e linear (o que dá jeito, quando se trata de matemática), e ainda tem um conteúdo absolutamente fascinante. O que é se pode querer mais?