Título: Neverwhere
Autor: Neil Gaiman
Tradutor: Alberto Gomes e Carlos Afonso Lobo
Sinopse: A ideia que deu origem a este romance é basicamente simples, como todas as ideias geniais. Gaiman representa a Londres não como uma cidade mas como duas, a Londres-de-Cima e a Londres-de-Baixo. São dois mundos que coexistem, e se ignoram, articulados por uma única estrutura ordenada: a rede do metropolitano. O protagonista, Richard Mayhew, um rapaz cândido que vem da província para trabalhar em Londres, reflecte na inquietante estranheza dos nomes das estações do Metro. Será que alguma vez existiu um circo em Oxford Circus? Knightsbridge, Earl's Court, Angel Islington ou Marble Arch são outros tantos nomes inspiradores. A um mundo de aparente racionalidade contrapõe-se um outro, insuspeitado, com as suas próprias leis, habitado por personagens bizarras, encerrando perigos e maravilhas. Esse mundo é constituído por tudo aquilo que Lá em Cima caiu por uma qualquer quebra de "lógica". Como acontecerá a Richard quando se cruzar com Door, uma fugitiva que ele acolherá em sua casa, por humana compaixão, quebrando assim o compromisso com a noive Jessica. De repente descobre que ninguém o vê, como se nunca tivesse existido. Resta-lhe então descer, ele que tanto sofre de vertigens, cada vez mais profundamente, no mundo da escuridão, dos túneis, dos esgotos, dos edifícios abandonados. Resta-lhe acompanhar Door na sua demanda através das trevas assustadoras. Perseguida e ameaçada, ela procura saber a razão por que toda a sua família foi morta, a mando de alguém sem nome. Sem o saber, Richard que só desejaria voltar para casa terá de chegar ao fundo de si mesmo para descobrir o Ser que verdadeiramente é. Esta fantasia urbana, thriller psicológico (será sempre algo mais) é Gaiman no seu melhor, brilhante, cheio de espírito, sublime de inspiração, resplandecente de humor e graça, mesmo quando é assustador.
Opinião: Vou ter que discordar da sinopse. Neverwhere não é, de forma alguma, um livro em que se encontra "Gaiman no seu melhor", cheio de brilhantismo e sei lá mais quantos adjectivos e expressões abonatórias. Neverwhere é, isto sim, um livro fraquinho.
E eu gosto bastante de Neil Gaiman, graças à minha anterior experiência com o seu Deuses Americanos, esse sim um livro verdadeiramente genial, o que não ajudou à minha experiência com este livro, já que em comparação, Neverwhere sai a perder. E de que maneira. Foi um bocado como ver o Benfica a arrebatar jogos à goleada, numa época, para na época a seguir o ver a ganhar de forma tangencial e até a perder. É passar de cavalo para burro. Enfim.
É que ainda por cima este livro não é mau de todo. Quer dizer, talvez seja. As personagens são ocas, a história é apressada e incoerente, com montes de passos mágicos espectaculares que só servem para desatar nós intrincados que o autor tinha dado ao enredo. Morreu? Ressuscita-se. É preciso fazer alguma coisa? Que curioso, esta pessoa aleatória por acaso é especialista nisso. Está tudo perdido? Nem pensar nisso, eu sei um truque novo que não me tinha ocorrido até agora e que salva o dia. E mais uma dúzia de coisas que infelizmente não posso contar, caso alguém ainda queira ler este livro. A juntar isso, só mesmo as cenas de luta, completamente anti-climáticas. Se bem que os diálogos nem eram maus de todo. Apenas ligeiramente tótós, já que, enfim, o enredo não era grande coisa.
Depois, não gostei do final. Nem do meio, nem fui particularmente fã do princípio... Digamos que me aborreceram as facilidades e os momentos de deus ex machina... Resumindo, um mau livro, apesar do excelente autor. Se querem conhecer Neil Gaiman, fujam deste e ataquem o Deuses Americanos. Por favor.