sábado, 10 de março de 2012

Flatland

Título: Flatland
Autor: Edwin A. Abbott

Sinopse: This masterpiece of science (and mathematical) fiction is a delightfully unique and highly entertaining satire that has charmed readers for more than 100 years. The work of English clergyman, educator and Shakesperean scholar Edwin A. Abbott (1838 - 1926), it describes the journeys of A. Square, a mathematician and resident of the two-dimensional Flatland, where women - thin, straight lines - are the lowliest of shapes, and where men may have any number of sides, depending on their social status.

Through strange occurrences that bring him into contact with a host of geometric forms, Square has adventures in Spaceland (three dimensions), Lineland (onde dimension) and Pointland (no dimensions) and ultimately entretains thoughts of visiting a land of four dimensions - a revolutionary idea for which he is returned to his two dimensional world. Charmingly illustrated by the author, Flatland is not only fascinating reading, it is still a first-rate fictional introduction to the concept of the multiple dimensions of space.

Opinião: Já não é a primeira vez que leio este livro, e duvido que seja a última. A primeira vez foi depois de ter andado numa longa e penosa procura pela edição portuguesa, mais difícil de encontrar do se possa pensar. Tinha descoberto o livro algures e ficado absolutamente fascinado. Como é óbvio não descansei até que o encontrei. Li-o, felicíssimo da vida, e adorei. E não é que passado 3 anos encontrei esta versão em inglês casualmente à venda por um preço mais barato que o meu almoço na cantina do Técnico? Nem tive que pensar meia vez.

Aquilo que mais fascina é que agora, passados 3 anos da minha primeira leitura, e apesar de já saber basicamente tudo o que acontecia, ainda me deslumbrei com cada virar de página. Acho espantoso como é que um livro tão pequeno me conseguiu e consegue manter entretido durante horas, ora a lê-lo, ora a pensar em todas as ideias que transmite, de ambas as partes que o constituem.

Essas partes são bastante diferentes, apesar de estarem profundamente ligadas, na obra. A primeira parte, que corresponde mais acentuadamente à primeira metade do livro, é a da crítica à sociedade vitoriana. O autor faz uso dos flatlanders e da sua sociedade a duas dimensões para emular a sociedade vitoriana e tecer algumas críticas que não vou fingir ter entendido por completo, já que não é uma época que eu conheça por aí além. É claro que deu para perceber a crítica à hierarquização da sociedade, e do ostracismo relativamente àqueles que fogem à norma, mas faltou-me mais algum conhecimento daquela época.

A segunda parte, mais acentuada na segunda metade do livro, apesar de estar sempre presente em todas as situações, é a matemática. Ninguém que me conheça minimamente acharia que eu ia gostar assim tanto de um livro destes por causa da sua parte de sátira social, e a verdade é que teria razão. Aquilo que realmente me motivou para a leitura e re-leitura desta obra foi precisamente o seu carácter matemático.

É que Flatland é um mundo a duas dimensões. O nosso é a três (ou a quatro, se preferirem uma abordagem mais física), portanto por um lado é fácil de imaginar um mundo a duas, e por outro é complicado. Quer dizer, como imaginar um mundo em que não existe altura? Em que nem sequer se sabe o que significa "altura", e onde não se tem noção de que há mais direcções para além esquerda, direita, para a frente e para trás, coisas tão banais como para cima e para baixo? Edwin A. Abbott consegue descrevê-lo de forma perfeitamente clara, ilustrando os conceitos com simples analogias e desenhos. E além de Flatland, o autor ainda mostra Lineland, um mundo a uma dimensão que é uma linha recta, e Pointland, o abismo sem dimensões, um único ponto, em que o seu único habitante é rei e senhor do seu reino, que é ele mesmo.

Já a terminar, e depois de ter duvidado da existência de uma Spaceland, um mundo a 3 dimensões, o quadrado protagonista da história pergunta à esfera que lhe apresentou os outros mundos se não existirão ainda outros mundos, a 4, 5 e quem sabe ainda mais dimensões. A esfera reage exactamente da mesma forma que tinha dito ao quadrado para não reagir. É curioso ver como o padrão se repete, e em como todas as personagens se prendem aos seus dogmas, tentando forçar os outros a aceitá-los e a renegar os seus próprios, usando argumentos que se recusam a aplicar a si mesmos. O livro acaba com o quadrado na prisão, prova de que quem é diferente e ousa pensar fora da norma e ir mais além não tem a vida fácil, um fim digno deste excelente livro, que mistura matemática com crítica e que é, sem sombra de dúvida, um dos meus livros favoritos de sempre.

1 comentário:

Wicahpis disse...

Olá,
Tenho um prémio para ti no meu blog. Passa por lá. Bjs.