quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Homem do Castelo Alto

Título: O Homem do Castelo Alto
Autor: Philip K. Dick
Tradutor: António Porto

Sinopse: 1962. Estados Unidos. Quinze anos depois das Potências do Eixo terem derrotado os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos ficaram sob o controlo da Alemanha nazi e do Império do Japão. A obra de ficção científica mostra uns EUA incapazes de superar a Grande Depressão em 1929 depois do assassinato do presidente Franklin D. Roosevelt e uma URSS que rui em 1941. O Homem do Castelo Alto valeu um Prémio Hugo a Philip K. Dick, reconhecido em meios de ficção científica.

Opinião: A pior pergunta que alguém pode fazer sobre alguma situação é "E se...?". Não só por haver um número infinito de perguntas como esta, aplicadas à mesma situação, como cada uma dessas perguntas tem um número infinito de respostas. E ainda por cima o mais normal é as perguntas serem já por si exasperantes, quanto mais as respostas.

E no fundo foi exactamente isso que fez Philip K. Dick, reconhecido autor de ficção científica: questionou-se sobre como seria o mundo se a tentativa de assassínio de Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos na altura da Segunda Grande Guerra Mundial, tivesse tido sucesso, e a Alemanha tivesse ganho a guerra, juntamente com a Itália e o Japão.

O mundo que nos apresenta é diferente do nosso, mas não é assim tão diferente quanto se possa pensar, na minha opinião. O mundo está dividido entre as três potências vencedoras da guerra, que à falta de inimigos mais palpáveis, guerreiam internamente, um confronto frágil e constante que faz uso do melhor meio que a estupidez humana teve o dom de perverter: a política. Sem esquecer a ganância e a mesquinhez, pois claro. No fundo é um mundo como o nosso, só que fascista dum pólo ao outro. Relativamente a algumas coisas é até melhor, pois os avanços tecnológicos da Alemanha nazi não foram refreados e levaram o homem a Marte e a outros planetas...

A cultura nipónica é algo que neste mundo se encontra fortemente enraizado, de tal forma que a maior parte das personagens faz uso crónico e quase compulsivo do I Ching, antigo livro chinês do qual os japoneses se apropriaram. Usam-no para basicamente todas as decisões que têm de tomar. O próprio autor confessou ter usado esse mesmo livro para tomar decisões relativamente ao enredo e ao desenvolvimento da história d'O Homem do Castelo Alto.

Aquilo que é mais interessante, para além do final surpreendente, sobre o qual não posso de todo falar, é observar as lutas interiores e exteriores que os personagens, representativos de várias classes sociais, travam entre si e consigo próprios. A mestria do autor neste livro em particular, para mim, está nos contrastes e nos confrontos que conseguiu desenhar e desenvolver, por vezes de forma subtil, outras vezes de forma mais aberta, mas sempre de forma esclarecedora. Às vezes até de forma extremamente retorcida, como é o caso do livro que uma das personagens escreve, e que apresenta uma alternativa àquele mundo, que é uma alternativa ao nosso.

E se me perguntarem, digo-vos que este livro é essencialmente sobre mudança. Sobre aquilo que podia ter acontecido e sobre aquilo que ainda pode acontecer. É também um livro sobre o destino e sobre a fatalidade, de certa forma, sobre como todos estamos ligados de alguma forma, seja por um antigo livro chinês, como nesta obra, seja por outra coisa qualquer. E é ainda sobre como essa ligação que todos temos nos pode mudar a nós e ao mundo.

Ou seja, não sei do que é que estão à espera para ler este livro. Da minha parte já comecei a minha busca por mais coisas deste autor...

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