sábado, 30 de junho de 2012

O Pequeno Incendiário

Título: O Pequeno Incendiário
Autor: E.S.Tagino

Sinopse: "Tinha onze anos quando o meu avô morreu. Mas não fui ao funeral porque tinha um teste à mesma hora e a minha mãe achou que os meus estudos eram muito mais importantes."
Assim tem início ma narrativa rica e sensorial, onde o menino narrador é o nosso anfitrião. Pelos olhos dele vêmo-lo crescer, e ao seu mundo com ele. A idade da descoberta, dos prazeres da vida, da percepção do mundo dos adultos e das coisas menos belas que este lhe ensina.
As relações familiares povoam cada página, enviando-nos frequentemente mensagens subliminares do peso da educação para a formação do indivíduo.
Este é um livro para pais e filhos. Tem duas leituras e ambas resultam numa agradável surpresa. O ágil jogo de espelhos prende-nos do princípio ao fim com um sentimento ora terno ora resignado.

Opinião: Há livros dos quais esperamos muito e há livros dos quais não esperamos nada. Este situa-se algures no meio. Não conhecia o autor, nem o livro, quando o comprei, e só a fiz a reboque de outro livro de E.S.Tagino, "Adamastor", que enfim, se tem o Adamastor, tinha que comprar.

Isto significa que não estava à espera que fosse uma obra-prima, mas sinceramente também não esperava que fosse uma grande desgraça. E acertei, "O Pequeno Incendiário" é um livro pequeno, de leitura rápida e agradável, em que não acontece grande coisa, em termos de história. Aquilo que achei mais interessante foi o narrador, um miúdo que começa a história com 11 anos e a acaba com 13, se não me engano.

Caracterizado de forma excelente, este miúdo vai anotando o seu dia-a-dia num caderninho, revelando as coisas mais estranhas e ao mesmo tempo as mais comuns. É a descoberta de um mundo, visto pelos olhos inocentes de uma criança, com as suas particularidades e estranhezas próprias de quem explora algo.

É por isso que assistimos a coisas normais, como a descoberta do amor e da sexualidade, ainda que de forma invulgar, mas também a coisas mais estranhas, como o prazer que ele tinha com a dor e com o sofrimento, além de uma certa apatia e indiferença face à maior parte das coisas que o rodeavam e que normalmente afectam bastante as pessoas.

E tudo isto com uma boa escrita, seguindo uma linha narrativa sólida e interessante. A ideia que me ficou foi a de um bom autor que não atingiu aqui o seu potencial máximo. Tenho mais expectativas para o tal "Adamastor", e também bastante vontade de o ler, agora que já li este e sei aquilo que posso esperar.

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