quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O Fim da Viagem

O último livro das Crónicas de Allaryia chama-se Oblívio, mas talvez se devesse chamar Alívio. Depois de já ter lido os outros 6 livros, o sétimo pareceu-me interminável. Eu sei que a culpa foi minha, ninguém me manda reler toda a saga só para acompanhar o último volume como deve ser, mas enfim...

Não que o livro tenha sido mau. Foi bom, ou quase quase quase bom, como já mencionei na opinião respectiva. Mas aquele fim... Ahhh, aquele fim... Tenho que dizer que o Filipe Faria tem um certo jeito para as personagens, mas não faz a mínima ideia do que fazer com elas, quando é para desaparecerem de cena, ou simplesmente para acabar a história delas. Deve ser o maior defeito que tenho a apontar a este autor, agora que tenho a saga toda lida.

Mas falemos das coisas boas durante breves momentos. Não me farto de dizer que tenho uma afeição especial por esta saga, portanto toda e qualquer opinião que eu emita sobre algum aspecto da mesma, está obviamente condicionada pela minha parcialidade. Acho que não sou capaz de me distanciar como deve ser, para dar uma opinião objectiva sobre estes livros. Portanto vou-me limitar a opinar com o todo o meu facciosismo (não confundir com fascismo) orgulhosamente exibido e assumido.

A saga, no geral, é espectacular. Esquecendo a divisão em 7 livros e pensando apenas nas suas 3000 e qualquer coisa páginas como um contínuo, esta saga é algo de bom e inovador no panorama literário português. Ainda está a léguas metafóricas de um David Soares, ou de um Saramago, como é mais do que óbvio, mas é bom, especialmente tendo em conta o género, a high fantasy. É claro que se pode sempre afirmar que high fantasy a sério foi Tolkien e pouco mais, mas acho que é injusto comparar o que quer que seja com um escritor tão magistral como J.R.R.Tolkien. Não considero que os seus livros sejam high fantasy, são Tolkien.

Adiante, que já estou a divagar demasiado. Filipe Faria é um autor que tenho seguido com uma atenção especial, pelas razões que já estou farto de mencionar. As suas Crónicas acompanharam-me durante alguns anos e isso leva a que por um lado não consigo dizer muito mal destes livros, mas, por outro, leva a que me sinta bastante desapontado com o final. Foi fraco. O autor tinha tudo para acabar esta autêntica odisseia de uma forma espectacular, mas aproveita muito mal as personagens que tem, algumas delas geniais. Como Seltor. Seltor. Uma das melhores personagens que tenho visto, com tanto potencial e tão mal aproveitado.

A coisa começa bem, com o desenrolar sub-reptício dos seus planos, lenta e misteriosamente. E depois de mais um momento deveras conveniente no final do sexto livro, Seltor é renegado a vilão de segunda, neste último volume. Enfim, nem tudo podia ser bom.

Porque sim, a escrita tem qualidade. Não necessariamente um grande nível literário, mas qualidade. Ainda por cima essa característica destaca-se bastante, vendo o contraste entre o primeiro e o último livro. A diferença é abissal! O miúdo de 16 anos do primeiro livro cresceu e tornou-se num escritor a ter em conta.

Quero só mencionar que tenho a edição de luxo do último livro. Que de luxo quase só tem o nome. Aquilo vem numa caixa de qualidade deplorável, traz um livrinho bastante interessante, mas de qualidade deplorável, e um CD apenas vagamente interessante. A única coisa que se safa é mesmo o livro, em capa dura, isso sim, com boa qualidade.

Por fim, tenho que chegar a alguma conclusão. A melhor saga de sempre? Nem lá perto. Uma saga muito boa? Prefiro não arriscar. Uma boa saga, portanto? Confirma-se. O mais objectivamente possível, digo que é uma boa saga, cujos pontos fortes são as cenas de porrada e algumas das personagens. Isso e tão cedo não me volto a meter numa destas...

2 comentários:

Pedro disse...

Peço que me desculpes por não ler os teus últimos textos na íntegra, já que não quero tropeçar nalguma revelação!

Quer dizer então que aquele final "maluco" que tinhas em mente... Não teve nada a ver?

O final de uma saga será, sem dúvida, o mais difícil de escrever. Criam-se imensas expectativas e supostamente é o clímax de uma série inteira, é uma responsabilidade enorme. Já mal posso esperar por lá chegar (e na altura venho ler os teus textos e dar a minha opinião). De qualquer forma, no fim do dia, o que importa mesmo não é a qualidade do livro mas sim a satisfação da leitura. Apesar de tudo, acho que o meu crítico literário seguirá sempre essa máxima. Portanto, espero que Filipe Faria tenha ocupado de facto um lugar especial dentro de ti com estes livros ;)

Rui Bastos disse...

Não te preocupes, eu compreendo, deves ficar meio aterrorizado quando vês estes textos aqui xD

E como é que eu hei-de explicar isto... É mais fácil falarmos depois de leres o sexto livro, mas aquilo que eu tinha em mente aconteceu mais ou menos. Houve um pormenor que errei, mas que pessoalmente acho que dava um tom muito mais interessante à história.

Anyway, depois falamos melhor, quando tiveres mais avançado na leitura... Eu vou-me limitar a assombrar as tuas opiniões com vislumbres do que vai acontecer mais à frente :D

E sim, definitivamente, toda a afeição especial por esta saga e por este autor não se perdeu!