sábado, 15 de dezembro de 2012

A Nona Vida de Louis Drax


Título: A Nova Vida de Louis Drax
Autor: Liz Jensen
Tradutor: Ana Saldanha

Sinopse: Louis Drax é um miúdeo de nove anos, precoce, inteligente, problemático e muito dado a acidentes. Sofreu pelo menos um episódio maior, acidente ou doença, em cada ano da sua curta vida, mas sobrevive sempre como o gato que cai sobre as quatro patas. Durante o piquenique familiar por altura do seu novo aniversário, cumpre-se a maldição que parece assombrá-lo, cai do alto de uma falésia e afoga-se num rio permanecendo num coma profundo de onde poderá não regressar. Tão dramático e dúbio acontecimento implica também o misterioso desaparecimento do pai de Louis, Pierre Drax. Louis acaba por ficar ao cuidado de Pascal Dannachet, um neurologista que acredita em coisas que os outros médicos não acreditam. Em simultâneo, desenrola-se uma investigação policial para tentar encontrar o principal "suspeito" do que poderá ter sido um crime, o desaparecido pai. Esta história brilhante e impecavelmente arquitectada, cheia de um irreverente humor negro e intensamente empolgante, é contada a duas vozes: a do próprio Louis, dentro do seu inacessível subconsciente, e a do neurologista, que não consegue resistir à sedução de Natalie Drax, a sofredora e vitimizada mãe de Louis.

Opinião: Este livro é definitivamente uma das grandes revelações do ano. E a história de como peguei nele para o ler é engraçada. Recebi um mail a fazer publicidade a umas promoções da Presença, e para aproveitar andei à procura de livros porreiros dentro de uns certos critérios. Achei piada a este e ia aproveitar. E não é que no dia a seguir vou à Biblioteca Orlando Ribeiro para a Troca de Livros, e está lá este à minha espera. Oh!

Portanto eu não esperava nada de especial deste livro, nem me lembrava de alguma vez ter ouvido falar dele. A ideia era experimentar e ver se era minimamente interessante. É assim que aparecem as revelações. A Nona Vida de Louis Drax é um livro pequeno e de leitura rápida, mas com um enredo interessantíssimo e muito bem construído e desenvolvido. A escrita de Liz Jensen oscila na perfeição entre o registo de um miúdo de 9 anos com um QI acima da média, e o seu médico atormentado pelos seus próprios demónios pessoais.

Esse é, aliás, um dos pontos fortes deste livro, a forma como a escritora consegue "entrar" tão bem na pele de cada uma dessas duas personagens, o próprio Louis Drax e o Dr. Dannachet. O primeiro é um rapazinho deveras inteligente com bastante propensão a acidentes. Volta e meia tem um acidente, ou apanha uma doença qualquer e fica às portas de morte. Isto desde que nasce, quase mês sim, mês sim.

O segundo é o médico que fica a tratar dele depois de Louis entrar em coma, devido a um acidente durante um piquenique com os pais. Há especulação sobre o que sucedeu, há buscas pelo pai do Louis, que desaparece, há dilemas pessoais do médico... Mas o mais interessante é mesmo o facto de haver capítulos passados na cabeça do Louis, estando ele em coma.

E depois o final. O clímax é lento, e deu para me ir apercebendo do que vai acontecer, mas quando me caiu em cima a compreensão total daquilo que faltava perceber... Fiquei literalmente de boca aberta. Genuinamente... chocado. E isso não é fácil. Como tal, posso apenas elogiar este livro e esta escritora. Com uma qualidade acima da média, Liz Jensen conseguiu escrever uma história que me prendeu e que me surpreendeu, dentro de um estilo que raramente me agrada por aí além. Muito bom.

2 comentários:

Pedro disse...

Sinceramente, o livro desapontou-me. Li-o quando saiu e as expectativas eram elevadas, já que sou um fã dos chamados livros de "humor negro".

A escrita da autora é fantástica. Sem dúvida, muito bem escrito. A história, contudo, não me cativou. Lembro-me de não me sentir surpreendido de todo, até achei o final previsível. Não cliché, mas previsível. Achei o livro muito mais sério do que deveria ser.

De qualquer forma, parece-me óbvio que chama a atenção das pessoas. Volto a dizer, a escrita é absolutamente fenomenal, só é pena o livro não estar ao seu nível, para mim.

Rui Bastos disse...

Isto de humor negro tinha pouco... Mas achei bastante interessante. Provavelmente temos que ter em conta que eu não tinha expectativas quase nenhumas...