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quinta-feira, 24 de junho de 2010

After Dark - Os Passageiros da Noite

Por uma noite, Murakami leva-nos com ele através de uma Tóquio sombria, onírica, hipnótica. Um deslumbrante romance perpassado de uma singular atmosfera poética, na fronteira entre a realidade e o universo fantasmático, onde cada pormenor, olhado retrospectivamente, faz sentido. Num bar, Mari encontra-se mergulhada num livro, enquanto bebe o seu chá e fuma cigarro atrás de cigarro. Às tantas, entra em cena um músico que a reconhece. Ao mesmo tempo, encerrada num quarto, Eri, a irmã de Mari, dorme com os punhos cerrados, sem saber que está a ser observada por alguém. Em torno das duas irmãs desfilam personagens insólitas: uma prostituta chinesa vítima de agressão, a gerente de um hotel do amor, um técnico informático, uma empregada de limpeza em fuga. Sucedem-se acontecimentos bizarros: um aparelho de televisão que, de um momento para o outro, começa bruscamente a funcionar, um espelho que conserva os reflexos. Em Tóquio, durante as horas de uma noite, vai desenrolar-se um estranho drama...

Foi este pequeno resumo que me despertou a curiosidade para Haruki Murakami, do qual já tinha ouvido falar bastante. As críticas eram fenomenais, e eu não podia simplesmente deixar escapar este génio da literatura japonesa e internacional.
Devo dizer que não me arrependi nem um segundo enquanto me deliciava com a beleza psicadélica de After Dark, que tal como a própria história, se lê como se estivéssemos nós próprios a viver uma noite de insónias.

Neste romance, tanto as situações como as personagens simplesmente fluem, como se fossem completamente indispensáveis ao destino de todo o resto da cidade de Tóquio. Subitamente, o autor faz de nós próprios, leitores, parte da história, caracterizando-nos como "observadores neutros" que acabam por se juntar a todas as outras criaturas misteriosas que se escondem nas sombras da cidade, observando o seu ciclo.

Filosófico, sinistro e hipnotisante, esta obra de Murakami arrisca-se a ser uma das melhores histórias de literatura contemporânea que já me passou pelas mãos.