terça-feira, 30 de junho de 2009

Carrie


O primeiro livro escrito por Stephen King, Carrie conta a história de uma rapariga de 16 anos, orfã de pai, e com uma mãe que é uma fanática religiosa. Com a educação dada pela mãe, torna-se, obviamente, uma inadaptada social. Carrie é aquela rapariga que todos gozam, com quem ninguém conversa, e que a única coisa que quer é passar despercebida, para ninguém gozar com ela. Mas há um senão. Carrie é telecinética. Ela move objectos com o poder da mente.

O inicío do livro é uma situação... traumática, forte e chocante, e que desencadeia um dos primeiros episódios de telecinesia por parte de Carrie. Depois acompanhamos uns diazitos na vida de Carrie, em casa, com os fanatismos religiosos da mãe (que são estranhos, muito estranhos). Enquanto isso, o autor cruza várias coisas ao longo do livro. A história de Carrie, notícias de jornais referentes a algo que aconteceu na cidade onde ela vivia, relatórios disto e daquilo, excertos de livros sobre aquilo que aconteceu, a história de Sue Snell e Chris Hangersen, e os pensamentos das personagens.

No final, Carrie vai ao baile, onde lhe pregam uma partida das lixadas, e ela... como é que eu hei de dizer isto... passa-se dos carretos. E a cidade é que paga.

Mas bem, a escrita é fenomenal, por vezes algo confusa, e a história pode ser um bocado complicada de se seguir, com tanta coisa ao mesmo tempo, mas passadas algumas páginas habituamo-nos e corre tudo bem. Um pormenor que eu acho espectacular, são os parênteses com os pensamentos das personagens. A maneira como estão escritos esses pensamentos, é exactamente como os pensamentos das pessoas são. Confusos, às vezes sem fazerem muito sentido, excepto para a pessoa que os tem.

E a maneira como o autor descreve as emoções e os sentimentos, e descreve as situações, põe-nos mesmo dentro do livro. As personagens têm uma grande profundidade emocional, e a maneira como os acontecimentos se desenrolam, deixa-nos completamente em suspense! Muito bom, muito bom mesmo.

sábado, 27 de junho de 2009

Abhorsen e os Hemisférios de Prata


A conclusão da trilogia de Garth Nix, é uma continuação mais imediata que a anterior. O 2º livro passa-se 14 e 18 anos depois do 1º, ao passo que neste não há nenhum salto no tempo, pega na história exactamente onde a deixou. Isso torna-o muito mais... interessante, vá. No 1º livro, aquilo ficou praticamente acabado, não havia muita coisa a acrescentar de interesse, e o 2º foi quase só introdução a coisas novas. Só que ficaram a meio, e o 3º livro veio dar uma conclusão e um fim às pontas soltas do 2º livro.

Um bocado confuso, eu sei, mas pronto! O que eu quero dizer com isto, é que este foi o meu preferido dos 3 livros. Sameth torna-se muito mais interessante, e há uma clara evolução na personagem de Lirael. A situação de Mogget (o gato branco, um espírito da Magia Livre, aprisionado há mil anos, e obrigado a servir os Abhorsen, de quem eu acho que me esqueci de falar...) é um completo mistério durante a maior parte do livro, até ao final, onde toma um caminho completamente imprevisível!

Uma grande surpresa está também destinada à Cadela Desavergonhada, que se revela ser muito mais do que se pensava, embora já houvessem alguns (muitos) indícios disso mesmo. A história de Nick, o amigo de Sameth, e de Hedge, o necromante malvado, (duas personagens que eu acho que também não referi, ou referi muito pouco nos outros posts), adensa-se, e tem mais "tempo de antena" neste livro, pois acaba por se tornar o principal.

Para acabar, um final quase apocalíptico, que tenho que dizer que gostei, especialmente de alguns pequenos pormenores que achei simplesmente espectacular! Quando à escrita, continua a mesma, rápida, descritiva q.b., e agradável. Já a tradução... Há uma parte em que se fala de 'uma sensação de já visto'. Isto é claramente má tradução. 'Já visto' é a tradução literal de dèja vu, que NUNCA se traduz. Mas pronto, nem tudo podia ser perfeito...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Lirael - A Rapariga do Glaciar


O segundo livro nesta trilogia de Garth Nix, continua a história do livro anterior, 14 e 18 anos depois. Sabriel e Touchstone, já casados e com dois filhos, Sameth e Ellimere, governam o Reino Antigo. Mas na minha opinião, a melhor parte do livro é a história paralela que nos é apresentada. A história de Lirael, uma Filha das Clayr, que, por ser diferente de todas as Clayr, está constantemente a tentar integrar-se.

Lirael é posta a trabalhar na biblioteca e com a ajuda de um livro, cria uma amiga, a Cadela Desavergonhada, que é mais do que parece à primeira vista. Algum tempo depois, Lirael encontra as 7 flautas de Pã, o Espelho Negro e o Livro da Lembrança e do Esquecimento, e torna-se uma Lembradora, alguém que consegue ver o passado.

Já quase no final do livro, Lirael e Sameth encontram-se, e juntos vão até à Casa de Abhorsen, onde Lirael descobre que é meia-irmã de Sabriel, a mão de Sameth, e consequentemente, sua tia. Chocados com esta notícia, chegam à conclusão que Lirael deve ser a Futura Abhorsen, e não Sameth, que fica aliviado com esta descoberta.

Uma boa continuação, e devo dizer que vi logo duas coisas quando ia a meio do livro. Não gosto do Sameth, mesmo nada, e Lirael é quase de certeza a minha personagem preferida de toda a trilogia, até agora. Sameth não passa de um rapazinho cobarde, que teve a sorte de ser filho de quem é, e por causa desse legado ser um Mago da Carta poderoso. Já Lirael... Sem saber quem era o seu pai, e completamente isolada do resto da sua comunidade, acaba por fazer grandes coisas sozinha. Derrotou um grande mal na Biblioteca, criou a Cadela, e descobriu os artefactos que fizeram dela uma Lembradora. Mais tarde, tornou-se a Futura Abhorsen.

Tal como o livro anterior, uma escrita rápida, mais concentrada na história que outra coisa, mas com um enredo mais complexo, ao invés do enredo mais linear do livro anterior. Mas continua excelente. As partes do Sameth eram um bocado irritantes, mas pronto eu não gosto dele, sou suspeito!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Danças na Floresta


Mais vale tarde que nunca! Sim, há cerca de uma semana que estava para vir aqui escrever sobre esta obra, mas a falta de tempo (e provavelmente um pouco de preguiça à mistura) impediram-me de vir escrever sobre o livro de Julliet Marillier.

Não me surpreendeu, porque as minhas expectativas eram bastante elevadas, logo o livro cumpriu-as à risca. Não podia ter gostado mais.

Passado num tempo imaginário algo parecido com um século XVI numa aldeia remota da Transilvânia, Jena, uma rapariga inteligente e sensata de quinze anos e as suas quatro irmãs, partilhavam um enorme e maravilhoso segredo: Em pequenas haviam descoberto por acaso (ou talvez não tão por acaso) um portal que lhes concedia a entrada para o Outro Reino nas noites de Lua Cheia.

A partir dessa noite, nos anos seguintes Jena, Tati, Iulia, Paula e Stela em conjunto com o estranho sapo de Jena com o qual partilhava todos os pensamentos e dúvidas, passaram a entrar no Outro Reino em todas as noites de Lua Cheia.

Do outro lado, no reino de Ileana esperava-as sempre uma festa na Clareira da Dança, à qual eram autorizadas a participar.

Porém uma noite, com a chegada inesperada do Povo da Noite - criaturas sinistras que aparentemente se alimentavam de sangue humano-, e o profundo interesse de Tati num deles, tudo muda na vida das cinco irmãs.

A adicionar aos transtornos que Povo da Noite lhe causaria, Jena tem também de lidar com a ausência do pai durante o Inverno, e lutar contra as intenções de possessão por parte do seu primo Cezar que, cego pelo ódio, pretende também destruir a floresta e os habitantes do Outro Reino. Serão a inteligência de Jena e a sensatez de Gogu suficientes para lutar contra tudo isto?

Eu sei, mas não vos digo :D

sábado, 20 de junho de 2009

A Missão de Sabriel



O primeiro livro desta trilogia escrita por Garth Nix, é uma introduão perfeita a este mundo. A Muralha separa o Reino Antigo de Ancelstierre, estando o primeiro repleto de Mortos que caminham sobre a terra, e o segundo relativamente seguro. Sabriel é uma necromante, filha de outro necromante, conhecido como Abhorsen, e, com 16 anos, encontra-se a salvo dos mortos do Reino Antigo, no Colégio de Wyverley. O seu pai visita-a de vez em quando, ensinando-lhe a necromancia, enquanto pelo colégio, ela aprende a Magia da Carta.

Mas uma noite, o pai não a visita, e em vez disso, envia-lhe a sua espada e os seus sinos de necromante. Sabriel acha estranho, e acha que o pai só pode estar morto, ou em vias de morrer, por isso vai à sua procura. Uma vez no Reino Antigo, vai até a Casa de Abhorsen, onde conhece Mogget, um misterioso gato branco, que é, afinal, um espírito de Magia Livre, tão antigo quanto a Muralha, aprisionado e condenado a servir os Abhorsen. Juntos partem em busca do pai de Sabriel, a voar numa Asa de Papel, uma construção dos Abhorsen.

No caminho são atacados, e a Asa de Papel despenha-se e é destruída, caindo dentro de um buraco fundo, onde Mogget, liberto da sua coleira, tenta matar Sabriel, como vingança por estar preso, mas Sabriel consegue voltar a aprisioná-lo, e encontram uma galeria que os leva até outro recinto, onde se encontravam vários barcos, tendo um deles, um jovem aprisionado. Sabriel entra na Morte, e traz o seu espírito até à Vida, libertando-o da sua prisão de 200 anos. Ele agradece-lhe, mas não se lembra do seu nome, por isso Mogget chama-lhe Touchstone, como referência a algum acontecimento passado, que só os dois se lembravam e sobre o qual não podiam falar, subjugados por algum feitiço.

Agora com Touchstone para os guiar, os três partem juntos, novamente em busca do pai de Sabriel, e no caminho ajudam uma cidade a libertar-se dos Mortos que os estavam lentamente a matar. Chegam, por fim, a Belisaere, onde encontram um reservatório subterrâneo, onde está o corpo do pai de Sabriel, preso na Morte, para se salvar a ele próprio de Kerrigor, um Adepto da Morte. Sabriel mergulha na Morte, e traz o pai de volta à Vida, mas apenas por alguns momentos, o suficiente para ele lhes dizer para fugirem, e para tocar o Astarael, o sino que leva para a Morte todos os que o oiçam. Mogget fica lá, e Touchstone e Sabriel fogem até Ancelstierre, levados por outra Asa de Papel, que lhes foi dada por duas Clayr, habitantes dos glaciares.

Chegados a Ancelstierre, vão em busca do corpo de Kerrigor, e quando não conseguem abrir o sarcófago, levam-no até ao colégio de Sabriel, para que as alunas das aulas de Magia, e a professora de Magia os ajudassem com essa tarefa. Kerrigor vai também até ao colégio, e no meio da batalha, o sarcófago é aberto, e Kerrigor é mandado de volta para o seu corpo. Mas isto apenas o enfraqueceu, tal como enfraqueceu Sabriel, e ele conseguiu agarrar em Sabriel, e preparava-se para a matar, quando Sabriel o aprisiona da mesma maneira que tinha aprisionado Mogget. Num último esforço, Kerrigor atira a espada de Sabriel contra ela, e prepara-se para matar Touchstone, quando o aprisionamento faz efeito, e o transforma num gato, preto.

Sabriel, mergulhada na Morte, desce o rio até ao último Portão, até que todas as gerações de Abhorsen antes dela a convencem a voltar para trás, e a viver.

Uma bela história, de acção rápida e condensada. O livro é pequeno, mas tem uma quantidade de coisas que até parece impossível. A maneira como aborda a necromancia, especialmente pela parte dos Abhorsen, é interessante, e a escrita é rápida, sem se demorar muito em descrições, concentrado-se na história, dando um ritmo rápido à história. Parece que tudo acontece muito depressa! Um bom livro, mais do que aconselhado!

domingo, 14 de junho de 2009

Drácula


Um verdadeiro clássico, a história do Conde Drácula, é-nos contada através de um conjunto de diários: o de Jonathan Harker, o de Mina (e mais tarde Mina Harker), o de Lucy Westenra e o do Dr. Seward, bem como um memorando ocasional de Van Helsing.

A história começa com Jonathan Harker de visita ao castelo do Conde, na Transilvânia, para tratar dos assuntos relativos à casa em Londres que Drácula quer comprar. Acaba por ser sequestrado, recebendo uma visita das 3 noivas de Drácula, e quase enlouquecendo ao se aperceber do que lhe estava a acontecer. Mas consegue escapar, embora fique muito doente.

Depois são-nos apresentadas um conjunto de cartas, trocadas entre Mina e Lucy, até que decidem encontrar-se. Durante a estadia juntas, Lucy é mordida pelo Conde (embora essa só lá cheguemos indirectamente, pois nunca se diz mesmo isso no livro). Ora, Lucy tinha 3 pretendentes, o Dr. Seward, dirigente de um manicómio (e 1 daqueles cujo diário lemos), Quincey Morris, o americano imperturbável, e Arthur Godalming, o filho de um Lorde. Lucy decide-se por Arthur, e os outros dois ficam a ver navios, embora lhe jurem amizade. O mais interessante? Os 3 conhecem-se e são bons amigos. Ora, quando Lucy é mordida, e uma qualquer doença estranha se abate sobre ela, o Dr. Seward chama o seu antigo professor e amigo, Van Helsing, uma mente brilhante em vários campos da ciência.

Como eu fiquei feliz quando li o nome de Van Helsing. Sempre ouvira falar deste poderoso caçador de vampiros e demónios na generalidade, e sempre o admirara enquanto personagem. Como eu fiquei desiludido quando o seu cabelo e bigode brancos, que repousavam na sua cara já sulcada de algumas rugas, são descritos. O tenebroso caçador de vampiros holandês... é velho. Enfim, adiante: Van Helsing chega à conclusão que Lucy foi mordida por um vampiro, mas não a consegue salvar da morte, e então, com a ajuda dos 3 pretendentes de Lucy, mata a "falsa-Lucy" como lhe chamam no livro, devolvendo a alma da pobre Lucy ao descanso.

Mais tarde, quando tudo parecia já bem, descobre-se que o Conde pretende fazer de Londres a sua nova residência, e a partir daí criar uma nova hoste de mortos-vivos. Por isso, todos juntos, iniciam o trabalho de purificar os esconderijos do Conde, para que ele não possa lá voltar, usando o manicómio do Dr. Seward como base de operações. Azar dos azares, nesse mesmo manicómio está instalado um louco chamado Renfield, que é uma espécie de servo de Drácula, e que a certa altura o convida para entrar no manicómio. Uma vez lá dentro, o Conde tem liberdade de movimentos, e por isso morde Mina, e infecta-a com o seu sangue. Ou seja, quando Mina morrer, irá tornar-se um vampiro, e mesmo antes de morrer, os traços do vampirismo irão começar a surgir nela.

Decididos a impedir que isso aconteça, o grupo parte todo para a Transilvânia, para matar de vez o Conde, e depois de matarem também as suas 3 noivas, conseguem reduzir o Conde a pó. Durante a batalha com os ciganos que transportavam o Conde, Quincey é ferido, acabando mesmo por morrer. Uns anos mais tarde, já com Arthur e o Dr. Seward casados, e Mina e Jonathan já com um filho, vemos que embora esse filho reúna os nomes do pequeno grupo, todos lhe chamam Quincey. E assim acaba o livro, com Van Helsing a dizer que não precisam de provas para dizer que aquilo tudo aconteceu, apenas precisavam de o saber, e que o mundo estava livre daquele mal.

Um livro brilhante, enciclopédico, onde aprendemos muito sobre os vampiros em geral, e que está escrito à boa maneira antiga inglesa, de uma maneira muito formal, com todos os contactos entre personagens muito formais. É um livro um bocado... chato às vezes, pois como está escrito sobre a forma de diários, às vezes há pouca acção, e muito quotidiano, mas no geral, está muito bom.

Marés Negras


O terceiro volume das Crónicas de Allaryia, e que continua na perfeição os dois títulos anteriores, com um uso de palavras difíceis fora do normal, e um enredo que dá tantas voltas e reviravoltas, que até dá dores de cabeça. O grupo do costume (menos Babaki, que morreu no livro anterior) tanto junto como separado, a enfrentar inimigos de todos os lados e a toda a hora, continua a história de high-fantasy a que o autor já nos habituou, com um estilo parecido à melhor campanha épica de qualquer jogo de Role-Play. Esta semelhança com os jogos, é provavelmente causada pela tenra idade com a qual o autor começou a escrever os livros, embora ao escrever este, já tivesse os seus 19/20 anos, e já se comece a notar uma maior maturidade na escrita.

Claro que, ainda assim, é mais do que vísivel, a tal falta de maturidade, com óbvias semelhanças entre o estilo do livro, jogos de computador, e mesmo algumas coisas de outros livros. Não me entendam mal, não é plágio. Apenas, como todos os escritores, o autor tem fontes de inspiração, e no caso dele, como ainda não tem (ou tinha, na altura) maturidade suficiente na escrita, essas inspirações são mais óbvias de descobrir com a leitura do livro. Ainda assim, um bom livro.

O grupo encontra-se em Tanarch, a o ponto de Allaryia mais perto do seu destino, Asmodeon, onde Aewyre espera encontrar o seu pai, Aezrel. As Marés Negras sobem uma vez mais, pressagiando um futuro negro e tempos difíceis para Allaryia. Dá-se uma grande batalha em Aemer-Anoth, com a fortaleza dos Siruliano a ser cercada por um exército de drahregs, ulkekhlens e ogroblins, liderados por um temível azigoth. Dentro da fortaleza estavam Aewyre e os seus companheiros, bem como 400 e qualquer coisa prisioneiros tanarchianos, que os Sirulianos decidiram usar como exército, e um pequeno batalhão de arqueiros Sirulianos, decididos a ter uma participação pouco activa na batalha.

O azigoth empunhava a Dalshagnar, a espada de Seltor, o Primeiro Pecado, e a meio da batalha, numa situação um bocado esquisita, que envolve o moorul e a harahan a serem trespassados pela Dalshagnar e a Ancalach, tanto Aezrel (que se encontrava preso na Dalshagnar) como Seltor (que se encontrava preso na Ancalach) se libertam, e começam à porrada. Seltor mata Aezrel, e embora tenha dado um novo fôlego ao seu exército, limita-se a desaparecer, e a ordenar a retirada dos monstros.

Estranho. Mas bom.

domingo, 7 de junho de 2009

Nómada


Tenho de confessar que fiquei agradavelmente surpreendido. Stephenie Meyer, a autora da saga Crepúsculo, tem uma escrita simples, mas cativante. Quando este livro primeiro saiu, nem lhe dei muita atenção, por ser da mesma escritora que escreveu o Crepúsculo e sequelas. Essa tetralogia era (e é) tão popular que até chateia. Tantos maluquinhos por aquilo, 'ai o meu Edward, aiaiaiaiai'. E a história nunca me pareceu ser assim alguma coisa de especial. Vampiro gosta de mortal. Complicações óbvias. Pouco mais que isso. Uma espécie de Romeu e Julieta, versão gótica. Pelo menos é o que me parece pois nunca li nenhum desses livros.

Nómada, quando vi a sinopse, chamou-me a atenção. Duas "pessoas" no mesmo corpo, debatendo-se com a partilha dos sentimentos uma da outra. Isto sim, é uma história que chama a atenção. E embora estivesse um bocado apreensivo quando o comecei a ler, tenho de dizer que gostei. É realmente uma história diferente, e conta com alguns pontos positivos, pelo facto de ser contada na 1ª pessoa, embora a parte que eu mais gostei, tenha sido a parte onde a história é contada na 2ª pessoa do plural! Num momento em que as duas "pessoas", se "sincronizam", o eu passa a nós. E isso sim, é original.

A história assenta numa base simples: uma espécie alienígena invade vários planetas, incluindo a Terra, e usa os corpos dos seus habitantes como hospedeiros. E é através dos olhos de um desses hospedeiros "possuídos", que a história nos é contada. A hospedeira é Melanie Stryder, e a Alma que a ocupa é Nómada. Só que, ao contrário do que é normal, a mente da hospedeira não deixa o corpo, conseguindo falar por pensamentos com Nómada, e partilhando ou bloqueando as suas memórias à Alma que habita o seu corpo.

Sendo a espécie invasora, mais do que pacífica, e simpática e bem-intencionada com toda a gente (uns secas, resumindo), os sentimentos avassaladores que Melanie transporta com ela no corpo partilhado com Nómada, são algo de novo e aterrorizante para esta última. Mas, no meio disto tudo, Nómada acaba por partilhar do profundo amor que Melanie sente pelo irmão mais novo, Jamie, e pelo namorado, Jared. Por causa deste sentimento, Nómada parte em busca dos dois, em parte persuadida por Melanie, em parte por vontade própria. Encontra-os a viver com um grupo de Humanos fugitivos, a viver numas grutas descobertas pelo tio de Melanie, Jeb.

Passado um período de difícil adaptação, Nómada é aceite no grupo, e participa nas tarefas diárias, e, embora Melanie continue apaixonada por Jared, a Alma apaixona-se por Ian. No fim, e depois de um dos Humanos morrer, e outro ser morto, e de começar a participar nos raides para ajudar a pequena comunidade, Nómada é mudada de corpo, contra a sua vontade, e continua a viver com aquele grupo.

O mais interessante neste livro? O confronto constante entre Nómada e Melanie, e entre os seus sentimentos e pensamentos. Convivendo no mesmo corpo, com Nómada a ter acesso às memórias da hospedeira, o que cada uma sente e pensa, começa-se a tornar difuso. Muitas das acções de Nómada são baseadas em sentimentos que ela não sabe se são dela, ou reminiscências das memórias de Melanie. Este estranho e brilhantemente escrito confronto mental e emocional, é o centro de toda a história, e aquilo que torna este livro algo digno de ser lido.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Kôt


Kôt, um grande livro de Rafael Ábalos, o autor de Grimpow, outro grande livro. Kôt conta 3 histórias completamente distintas umas das outras, e que lentamente se vão juntando e interligando. Dum lado seguimos a história de Walter Stuck, um assassino, grão-mestre de uma diabólica seita secreta , chamada Kôt, que é um código para Gótico, e a sua procura pela Essência do Mistério. Do outro seguimos a história de dois adolescentes sobredotados, Nicholas Kilby e Beth Hampton, participantes na EEJA, a Escola Experimental de Jovens Astronautas, um projecto de Kenneth Kogan, enquanto jogam o jogo dos mistérios infinitos, para chegarem à Essência do Mistério. Por fim, na terceira história, temos Aldous Fowler, um detective de homicídios, a investigar, juntamente com a Tenente Taylor, do FBI, o caso do Prestidigitador, um assassino que mata talentosos cientistas.


O interessante, além dos vários códigos encontrados por Nicholas e Beth, é a forma como as histórias se cruzam. Descobrimos que tanto Walter, como Nicholas e Beth, estão atrás da Essência do Mistério; que Walter é o Prestidigitador, o assassino procurado por Aldous; que Walter casa com Susan Gallagher, a "irmã" de Aldous (não é irmã, é irmã gémea do melhor amigo de Aldous, que é assassinado quando eram novos, passando assim Susan a ver Aldous como irmão e vice-versa); que Nicholas e Beth descobrem coisas que ajudam o caso de Aldous; quando Aldous descobre a Fundação Universo, um grupo de cientistas que está a ser morto por Walter , e que está na base do jogo dos mistérios infinitos de Nicholas e Beth.

Enfim, isto emaranha-se tudo, é giro. No final, Walter , com os seus capangas, rapta Nicholas e Beth e os mantém prisioneiros, Susan descobre a verdadeira identidade de Walter , e foge, encontrando a polícia, que cercou a casa de Walter. Este desiste, cortando a sua própria cabeça com uma guilhotina, e Nicholas e Beth são soltos. Claro que no meio disto tudo há alguma porrada, principalmente virtual, e uma coisa estranha. Transferência de mentes, é muito estranho mesmo. Antes da pessoa morrer, metem-lhe umas agulhas pelos olhos e lêem-lhe a mente, sugando-lhe o cérebro de seguida, preparando-se para transferir essa mente para outro corpo.

Excelente, uma história complexa, com muitas coisas emaranhadas, mas excelente.