quinta-feira, 29 de abril de 2010

Feira do Livro 2010

Eis que se inicia hoje a 80ª Feira do Livro de Lisboa. Durante dezassete dias o Parque Eduardo VII será invadido por milhares de livros cada um cheio de vontade de nos dar a conhecer um qualquer lugar da nossa imaginação que não descobrimos ainda, e melhor que tudo, a um preço normalmente mais acessível.
Para além de uma óptima oportunidade para comprar livros a preços mais reduzidos, a Feira do Livro é o sitio ideal para se descobrirem novos autores e obras, assistir a eventos lúdicos relacionados com a leitura, participar o assistir a debates sobre os mais variados assuntos e ainda receber autógrafos deste ou daquele escritor.

Aqui fica o programa oficial


Dia 29 de ABRIL 14h30 - Dá-me um livro... Conta-me uma história. Que história é esta do livro que tu me dás, que queres conhecer e ainda não sabes ler? (Espaço Bibliotecas Municipais de Lisboa). 18h30 - República e Monarquia, debate moderado por Maria João Costa (Aud. APEL).
Dia 30 17h - Apresentação da obra Angelina Vidal - Escritora, jornalista, republicana, revolucionária e socialista (Aud. APEL). 21h15 - Stonesbones & Bad Spaguetti, folk/bluegrass (Palco Central)
Dia 1 de MAIO 11h30 - Histórias com cheiros (Espaço Bibliotecas Municipais de Lisboa). 18h30 - Os melhores livros do ano, debate moderado por José Mário Silva (Aud. APEL).
Dia 2 11h - Saxofones pedagógicos 4teto de saxofones: Pedro e o Lobo (Palco Central). 17h30 - Livros infantis, debate moderado por Luís Caetano (Aud. APEL).
Dia 3 21h15 - Nanã Sousa Dias 4teto, jazz/ /fusão (Palco Central).
Dia 4 14h30 - Oficinas de Expressão. Ouvimos histórias que nos encantam, para com as mãos criarmos a nossa própria história (Espaço Bibliotecas Municipais de Lisboa). 19h30 - Convesas com... Clara Pinto Correia (Espaço EDP).
Dia 5 14h30 - Aqui há ninho, aprender a construir um ninho artificial (Espaço Bibliotecas Municipais de Lisboa). 21h15 - Raspa de Tacho 4teto, música brasileira (Palco Central)
Dia 6 18h30 - Livro com arte, debate moderado por João Morales (Aud. APEL). 21h15 - Politonia 4teto, jazz (Palco Central).
Dia 7 18h30 - Os livros da minha vida, debate moderado por Filipa Melo (Aud. APEL). 21h15 - Jazz à Sexta: El Fad (Palco Central).
Dia 8 17h30 - Debate sobre os mistérios do sono, com Teresa Paiva e Helena Rebelo Pinto (Praça Verde). 21h15 - Kumpania Algazarra Octeto, ska/músicas do mundo (Palco Central).
Dia 9 11h - Exposição Reinventar e Ilustração, a partir de ilustrações de André Letria e Danuta (Espaço EDP). 17h30 - Bruxas, vampiros e zombies, debate moderado por Luís Caetano (Aud. APEL).
Dia 10 14h30 - Árvores de Lisboa, construção de painéis ilustrativos das espécies arbóreas de Lisboa. 21h15 - Poezz 5teto, poesia/jazza (Palco Central).
Dia 11 21h - Lisboa e a República, debate moderado por António Reis. 21h15 - Intempore 4teto de cordas, música clássica (Palco Central).
Dia 12 21h15 - Mistura Fina 4teto, jazz/soul/ /R&B (Palco Central).
Dia 13 21h15 - Laura Ferreira 4teto, jazz vocal (Palco Central). 21h30 - Literatura bíblica e música (Aud. APEL).
Dia 14 18h30 - Poesia portuguesa no séc. XXI, debate moderado por José Mário Silva (Aud. APEL). 21h15 - Jazz à Sexta: Septeto do Hot Clube de Portugal (Palco Central).
Dia 15 15h - Bullying: Da impotência à violência, com Tânia Pais, Ana Almeida e Ana Vasconcelos (Espaço EDP).
Dia 16 11h - Crokorócódilo, marionetas de fios (Palco Central). 18h - Quero ser autor, e agora?, debate moderado por Filipa Melo (Aud. APEL)
Para mais informações consultem o site oficial 80ª Feira do Livro Lisboa

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro


Hoje comemora-se o Dia Mundial do Livro, e como não podia deixar de ser, tive que cá vir dizer qualquer coisa.

Este dia começou a ser comemorado a 7 de Outubro de 1926, como forma de celebração do nascimento do escritor espanhol, Miguel de Cervantes (embora ele não tenha nascido a 7 de Outubro), mas foi mudado, mais tarde, para a data da sua morte, 23 de Abril, aproveitando-se o facto de coincidir com a morte de dois outros escritores: Josep Pla, autor catalão, e o conhecidíssimo William Shakeaspeare, dramaturgo inglês.

A parte engraçada é que Shakeaspeare morreu 10 dias depois de Cervantes. Esta ideia geral de que morreram no mesmo dia, existe devido ao facto de Inglaterra, na altura, ainda usar o calendário juliano, enquanto que Espanha (e a maior parte dos outros países Europeus), já usava o gregoriano. Ora, existe uma discrepância de 10 dias entre os dois calendários, o que quer dizer que Miguel de Cervantes morreu a 23 de Abril segundo o calendário gregoriano, enquanto que William Shakeaspeare morreu a 23 de Abril segundo o calendário juliano, correspondente ao 3 de Maio do calendário gregoriano.

Mas bem, esta é a parte histórica, passemos ao que realmente interessa: o que é que este dia significa? O que raio se comemora? A resposta óbvia é que se "comemoram os livros", mas o que é que isso significa exactamente? É que celebrar os livros já eu celebro, praticamente todos os dias, quando me dou ao trabalho de pegar num e ler, nem que sejam apenas meia-dúzia de páginas. Não me parece.

Talvez seja uma forma de reconhecer a importância dos livros, e da leitura em si! Ora aí está uma hipótese que me agrada. Sabem qual é a outra? Os descontos, passatempos e afins que editoras e livrarias dão neste dia! Eu sei que isto parece um pouco contraditório, estou para aqui a falar sobre a importância da leitura, e acabo a dizer que a parte interessante é o poder comprar livros mais baratos?

Quero lá saber, digo-vos já. Qualquer leitor me compreende. Talvez seja uma visão um bocado consumista, mas quando se lê (quase) compulsivamente, qualquer oportunidade de adquirir livros mais baratos (e grátis!), nos parece a Oitava Maravilha do Mundo.

Por isso, que se comemorem muitos Dias Mundiais dos Livros, que nos dêem muitos descontos, e boas leituras para todos!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Maria Antonieta


A Biografia da rainha mais mal-afamada da história francesa, cuja vida há muito que me andava a interessar conhecer. Esta versão, escrita por uma descendente da própria Maria Antonieta, Catalina de Habsburgo, diga-se a verdade deixou-me um tanto quanto de pé atrás quando cheguei ao fim. Devo dizer que fiquei surpreendida com inúmeros episódios da vida desta soberana tão polémica, que me levaram inclusivamente a sentir alguma pena e revolta pela sua morte cruel. No entanto, tal como era boa pessoa, era também uma criatura de carácter fútil e imensamente egoísta, os dois defeitos que levaram à sua ruína.
No entanto, o que me desagradou principalmente nesta obra, foi o facto de a história ter sido habilmente suavizada no que diz respeito à corte conservadora de Luis XVI, e manageada de forma a quase sentirmos ódio da população francesa pela maneira bárbara como condenaram os seus soberanos, duas situações que me levaram a prometer evitar ao máximo ler obras históricas escritas por monárquicos ou parentes/descendentes de reis.
De qualquer forma, não posso deixar de elogiar a qualidade da escrita de Catalina de Habsburgo, que conseguiu transformar a vida de Maria Antonieta num bonito romance.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Nome do Vento


E está finalmente acabado, este Sr. Calhamaço! E com muita pena minha, digo-vos. É que é apenas o primeiro livro de uma prometida trilogia, ou seja, a história ficou a menos de meio... E para ajudar à festa, ao longo das últimas páginas são-nos dadas várias pistas sobre o que vai acontecer nos livros seguintes. Coisas do género: "e ainda não vos contei isto nem aquilo!". É honestamente irritante, mas o resto do livro compensa.

Compensa tanto que nem sei por onde começar. Talvez por dizer a primeira coisa que me veio à cabeça, quando virei a última página: Épico. A sério, não tenham dúvidas, se há coisa que este livro é, é épico. Um relato minucioso da vida de um... não sei como o definir, Kvothe não é o nosso herói típico. E daí talvez seja. A ver se me consigo explicar.

Normalmente, os heróis dos livros (e filmes e etceteras), são uns espectaculares espécies da raça humana, altos e espadaúdos, superiores à maior parte da pessoa, tanto física como moralmente, e ou são nobres rebeldes, ou mendigos ambiciosos. Kvothe não. Tem uma constituição normal, e o seu forte é o intelecto, que é muito (muito, mesmo), acima da média.

Tudo começa de forma interessante. Aquilo que parece ser um simples estalajadeiro, não o é realmente, e quando um Cronista chega à sua estalagem (já agora, mesmo nas últimas páginas há um desenvolvimento interessante acerca disto), determinado em escrever a história de do lendário Kvothe, o estalajadeiro, de nome Kote (e que se percebe logo que não é simplesmente um estalajadeiro, a poucas linhas do início), revela-se, e começa a contar a sua história.

Bem, tem de tudo. Familiares assassinados, uma vida pobre e miserável, uma Universidade-estilo-Hogwarts-embora-bem-diferente, os poucos amigos leais, as donzelas, as criaturas lendárias, a "magia" (é complicado, se lerem percebem), entre tudo aquilo necessário a um bom livro de fantasia.

E que óptimo de livro de fantasia que este saiu! Simplesmente fenomenal. Das melhores coisas que tenho lido nos últimos tempos! Eu sei que digo isto muitas vezes, mas que querem, tenho sorte. E acreditem, as 966 páginas deste não me impediram nem um bocadinho de o ler em sensivelmente 1 semana, com aulas pelo meio e tudo. Só para verem, estou com pouca vontade de ler o próximo livro da pilha, apetecia-me antes o segundo volume desta trilogia!

domingo, 11 de abril de 2010

Os calhamaços


O que é, afinal um calhamaço? Suponho que dependa do leitor: para alguém que pouco ou nada lê, 400 páginas podem ser um autêntico calhamaço, mas para os leitores mais habituais, 400 páginas é quase normal, e para ser considerado um autêntico calhamaço, tem que ter a partir de 700 páginas.

Lembrei-me de vir falar disto hoje, porque estou a ler um calhamaço dos grandes, O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss, com as suas 900 e qualquer coisa páginas, e reparei numa coisa.

Para começar não é assim tão calhamaço quanto parece. Sim, tem muitas páginas, mas tem um tipo de letra grande. Parece enorme, mas se formos a ver é capaz de ser bem mais pequeno do que aparenta. Mas não foi nisso que eu reparei, perdoem-me a divagação. Aquilo em que eu reparei foi que o simples facto de ser um calhamaço me deixou com vontade de o ler. Pode parecer algo... parvo, julgar um livro pelo seu tamanho, mas é inevitável, quando vejo um livro grande, fico logo em pulgas para saber o que raio ocupa tantas páginas.

Não sei bem explicar, acho que por ser tão grande implica várias coisas. Que o/a autor/a teve paciência para escrever aquilo tudo, e como tal não pode ser um tótó qualquer; que tem de ser uma história interessante, para ocupar tantas páginas; e que deve ter potencial, para ser publicado, pois livros grandes implicam custos maiores na produção. Mas, como é óbvio, isto é o meu espírito optimista de leitor a falar. O/A autor/a pode perfeitamente ser um tótó sem o mínimo talento para escrever... Paciência para escrever e talento para escrever não são directamente proporcionais. O livro pode até nem ter o mínimo de interesse, pode não passar de 900 páginas de palha, em que pouco ou nada se conta. E, claro, as editoras também publicam grandes falhanços.

E nem todos os leitores são tão optimistas quanto eu... Alguns não gostam de ler livros deste tamanho por várias razões: ou porque não é prático (convenhamos, gente que lê fora de casa, e que anda com os livros atrás, não deve achar muita piada a carregar 3 kg de livro de um lado para o outro), ou porque pensam naquelas razões todas que eu apontei ali em cima, ou porque simplesmente lêem devagar, e um calhamaço de 900 páginas lhes iria ocupar demasiado tempo, o que faria com que se fartassem do livro, e não o aproveitassem como deve ser.

E é por isso que os calhamaços devem seguir um certo conjunto de regras informais. Devem ter capítulos pequenos (bem, grande parte dos livros os devia ter pequenos, mas livros grandes então...). A leitura torna-se mais fluida, o que é essencial para ultrapassar as 900 páginas. Os autores de calhamaços devem ter muito cuidado com o que escrevem... Com tantas páginas, não é muito difícil um/a autor/a se deixar levar, e ter 200 páginas a encher-chouriços. É das coisas que os leitores da Stephenie Meyer mais se queixam. Embora eu pessoalmente nunca tenha lido a sua saga de vampiros, aquilo que mais oiço dizer é que metade dos livros só lá estão para, lá está, encher chouriços.

Conclusão: calhamaços? Sim, se faz favor. Pelo menos enquanto não me desiludirem.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Deuses Americanos

Para um autor que ao princípio nada me dizia, e que depois me deixou ligeiramente curioso, tenho que confessar que "Deuses Americanos" superou as minhas expectativas de uma maneira que eu nunca tinha visto.

Aliás, a primeira vez que eu ouvi falar de Neil Gaiman, foi por altura da estreia do filme "Coraline", que se baseou num livro seu. E esse filme (e por consequência esse livro), não me atrairam minimamente, pois embora tivesse um certo estilo à la Tim Burton, era demasiado... infantil, para o meu gosto.

Qual não é o meu espanto quando na capa deste livro, do mesmo autor de "Coraline", vejo um comentário a dizer que Gaiman entrava no território de Stephen King, um dos meus escritores favoritos (se não mesmo o favorito)! Foi compra quase instantânea.

E, depois de uma data de tempo na pilha há espera de ser lido, devorei-o completamente em 3 dias. Foi verdadeiramente surpreendente, não estava à espera da história que dali saiu. Além do mais, o comentário sobre o Stephen King tinha razão, pois em alguns momentos o estilo era tal e qual. Transmitia a mesma sensação, embora diferente, de certa forma. O estilo de King é muito único, assim como o de Gaiman, e embora este último tenha conseguido, de certa forma, ter semelhanças, fá-lo de uma forma muito própria.

Se bem que eu sou suspeito. Sou praticamente um fanático por mitologia, sempre foi algo que me fascinou completamente. E adoro Stephen King. Este livro está na onda do Stephen King, e mete deuses por todos os lados. Ou seja, ganhou logo o meu afecto, quase de imediato.

E a verdade é que está bem escrito, é um grande livro, com uma grande história, e que me deixou com uma tremenda curiosidade de conhecer mais deste autor!


"Afinal, liberdade para acreditar significa liberdade para acreditar no que está errado. Tal como liberdade de expressão nos dá o direito de permanecermos calados."

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dos Livros

Pelo que percebi, este "Dos Livros" é apenas um excerto de um livro maior, pertencente a uma colecção de ensaios de Montaigne.

E, tal como vem bem explícito na introdução, não é uma história, ou mesmo um ensaio na verdadeira acepção da palavra. É antes uma simples transposição de pensamentos, da mente do autor para o papel.

Neste "mini-livro" propriamente dito, Montaigne fala de livros, e da leitura (não fosse isto uma edição comemorativa do Dia do Livro), realçando bem a diferença entre o valor universal de um livro, e o seu valor pessoal.

Claro que o livro tem todo ele um tom muito pessoal, e que me deu a impressão que o autor conversava consigo mesmo, numa espécie de monólogo em que divaga livremente sobre o assunto escolhido.

Só tenho pena que o livro seja mesmo mini mini, pois gostei dos raciocínios do autor. E também porque não pude apreciar a sua escrita como deve ser, embora me tenha parecido sublime.


"Quero que se comece pelo último ponto; compreendo suficientemente o que significam morte e volúpia; não se entretenham a dissecar estas noções; procuro razões conclusivas, boas e firmes, que me ajudem a aguentar o esforço. Nem as subtilezas dos gramáticos, nem o engenhoso agenciamento das palavras e da argumentação me são úteis."

terça-feira, 6 de abril de 2010

Diário de Um Deus Criacionista

Uma leitura difícil, devo já avisar. Não pela complexidade da obra em si, mas pelo estilo do autor, que tem uma escrita demasiado densa e, por vezes, confusa.

É um estilo algo... peculiar, com frases que chegam a durar duas páginas, repetições exageradas, diálogos sem qualquer sinal que os indique e, o que mais me fez impressão, mudanças abruptas da pessoa do narrador.

São mudanças de uma primeira pessoa do singular para uma primeira pessoa do plural (por exemplo), sem mais nem menos, o que, como é óbvio, me confundiu um bocado.

Quanto à história propriamente dita, juro que não percebi exactamente o objectivo. Se era malhar no cristianismo, se era conciliar a religião com a ciência

É que por um lado temos um Deus que dita as leis da ciência, e que, de certa forma, complementa a evolução natural; mas por outro lado, é-nos apresentado um Deus longe de ser perfeito, que falha, que não é omnipresente, omnisciente e muito menos omnipotente.

Ou seja,  de certa forma tenta conjugar duas visões quase rivais, a religião e a ciência, ao mesmo tempo que mostra como é errada a visão dogmática da Igreja.

De destacar, ainda, o grafismo do livro, com cores, algumas imagens e brincadeiras com a formatação. Foi um aspecto do livro que por vezes me irritou solenemente (pareceu-me que o aspecto do livro tinha muito mais importância que o conteúdo, e se é verdade que me marcou, toda esta "inovação", pois é certamente diferente daquilo a que estou habituado a ver, também é verdade que não traz nada de novo à história, e às vezes é apenas desnecessário); mas que, por vezes, me agradou, pois consegue acrescentar outra dimensão às palavras.

Não o aconselho a toda a gente, pois é uma leitura algo penosa, mas que não deixa de ser divertida (concorde-se com o que lá vem ou não).