terça-feira, 10 de abril de 2012

O Terror

Título: O Terror
Autor: Arthur Machen
Tradutor: Susana Clara e José Manuel Lopes

Sinopse: Arthur Machen foi um dos grandes e incontornáveis escritores do início do século XX. A sua obra é imprescindível à compreensão de autores como H.P.Lovecraft, Stephen King, Bram Stoker, Sir Conan Doyle, Oscar Wilde, ou mesmo Alfred Hitchcock. Foi apontado por Luís Borges como a grande influência do realismo mágico.

O Terror é um dos três contos reunidos nesta obra. Neste conto, ambientado numa região isolada a Oeste de Gales, relatam-se acontecimentos bizarros e inexplicáveis, onde a natureza parece ganhar vontade própria e revoltar-se contra a humanidade. O poder contagioso de forças obscuras cria um clima de tensão e leva à violência.

Numa época em que todas as atenções estavam viradas para a Primeira Guerra Mundial, este conto é susceptível de diversas interpretações ou analogismos que o autor terá escondido na sua trama enigmática. Trata-se de uma obra literária muito estudada, e que merece um lugar de destaque em qualquer biblioteca.

Opinião: Aquilo que me levou a comprar este livro, para além da edição espectacular (tenho um fraquinho por capas), foi aquele primeiro parágrafo da sinopse. Uma obra absolutamente necessária à compressão de Lovecraft, Stephen King, Bram Stoker, Conan Doyle, Oscar Wilde e Hitchcock? Um autor que Luís Borges aponta como a grande influência do realismo mágico? Só se fosse parvo é que não comprava isto.

É que eu gosto de livros de terror e do terror como tema, em geral, isso já se sabia. E este livro é um verdadeiro clássico de terror. Acho que dificilmente se arranja um livro classificado como clássico cujo tema seja, de forma tão predominante, o terror, o medo irracional, a fobia extrema.

Como não podia deixar de ser, e apesar de ser um livro excelente, parece-me que é pouco conhecido. Não digo que seja melhor ou pior que outros clássicos extremamente mais conhecidos mas, verdade seja dita, toda a gente conhece os grandes romances clássicos, ou os arquétipos dos policiais, mas no que toca à literatura de terror, algumas pessoas pensam que é um género que nasceu ontem. Para essas, cá têm um autor de finais do século XIX, início do século XX, que não escreveu literatura de terror, como o fez a um nível de excelência raramente visto hoje em dia, em qualquer género.

Este livro em particular, com os seus 3 contos, tem o medo supremo do desconhecido, tema tão presente em Lovecraft, uma atmosfera de suspense quase permanente, apesar da aparente calma a que decorrem os acontecimentos, característica bem marcante de Bram Stoker, e uma escrita impecável, pormenor de que todos os autores mencionados na sinopse se podem vangloriar, à excepção, talvez, de Stephen King, mais preocupado com a história do que com a beleza literária em si.

Enfim, aquilo que estou a tentar dizer é que cada um destes 3 contos é excelente, com particular atenção para o primeiro, que dá o nome ao livro. O Terror é praticamente uma novela, tal é a sua extensão, dividido em pequenos capítulos que contam uma história assustadora e enigmática e que culminam num final no mínimo curioso e bastante interessante.

É óbvio que este livro fica aconselhado, especialmente para os fãs do género, mas sem descurar de forma alguma os menos interessados. Se há livro capaz de dar uma perspectiva do que é o terror enquanto género literário, é este, que não é tão denso como o Drácula nem tão elaborado como os contos de Lovecraft, mas que espelha na perfeição aquilo que se espera de alguém que se propõe a escrever literatura de terror.

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