quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Peste Escarlate

Título: A Peste Escarlate
Autor: Jack London
Tradutor: Maria Franco e Cabral do Nascimento

Sinopse: Em A Peste Escarlate (1912), Jack London aproxima-se da ficção científica. A história decorre no século XXI e tem como protagonistas um velho professor universitário e três netos, todos eles reduzidos ao estado selvagem. São dos poucos sobreviventes de uma peste que dizimou a humanidade e aniquilou a civilização no ano 2013. Vítima das partidas dos netos, o avô conta aos três rapazes as aventuras que viveu para escapar à peste, através do mundo despovoado, de desertos e de cidades mortas, procurando ao mesmo tempo incutir-lhes os valores do conhecimento e da sabedoria.

Opinião: Quando comprei este livro, ao desbarato, já agora, não sabia bem o que era. Comprei porque tinha ouvido falar bem do autor, e enfim, custava um euro. Portanto posso dizer que foi uma surpresa bastante agradável, quando me apercebi que era uma mini distopia, se assim lhe quiserem chamar.

Como diz na sinopse, Jack London "aproxima-se da ficção científica", neste livro. Faz isso ao imaginar um futuro em que a maior parte da Humanidade foi dizimada por uma epidemia de acção rápida, a Peste Escarlate, capaz de matar em apenas alguns minutos, sem que a vítima tivesse previamente apresentado quaisquer sintomas ou mal-estar.

O livro retrata um sobrevivente dessa epidemia, algumas décadas depois, acompanhado dos seus 3 netos já nascidos em "estado selvagem". Este homem, antigo professor universitário, tenta educar os netos, contando-lhes histórias do seu passado antes da epidemia, enquanto estes lhe pregam partidas cruéis, de cuja crueldade não têm noção.

A certa altura fala-lhes da Peste Escarlate. Eles, curiosos, pedem para que ele lhes explique o que era isso, e ele acede a contar-lhes a história. Aquilo que se segue é uma descrição daquilo que o autor pensava que aconteceria, caso uma epidemia deste género se abatesse realmente sobre a Humanidade. O pânico e o medo são retratados de forma bastante realista, à falta de melhor palavra.

É interessante assistir à decadência de uma civilização, e ao regresso quase imediato do Homem em geral a um estado mais primitivo e instintivo, ao primeiro sinal de desordem geral. Foram precisos apenas alguns dias para se passar de uma sociedade perfeitamente organizada para o mais perfeito caos. A questão que fica um bocado ar é: será que é mesmo assim? Será que é preciso assim tão pouco para a Humanidade se desmoronar?

Acho que Jack London consegue fazer essa questão muito bem, usando a história como pano de fundo e dando ao narrador uma visão objectiva do seu próprio passado. Além de tudo isto, ainda mostra o autêntico choque de civilizações entre o avô e os três rapazes, o primeiro uma versão trabalhada e educada de um Homem, em contrapeso com os três espécimes de uma Humanidade mais em bruto, para que não nos esqueçamos daquilo que no fundo todos temos dentro de nós, e que talvez esteja só à espera de um empurrão para saltar cá para fora...

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