Queria começar esta crónica por desejar bom-seja-lá-o-que-for-que-tenham-celebrado nestas "férias", que levam aspas porque estou na faculdade, o que, como qualquer infeliz por vontade própria na mesma situação que eu vos pode dizer, significa que estas férias foram tudo, menos férias. Pronto, tirei mesmo uns diazitos de férias, 2 ou 3 em que não fiz absolutamente nada, mas também tive outros 3 ou 4 em que estudei.
Mas bem, não adianta queixar-me, sofro estes horrores porque quero, não é verdade? Falemos das coisas que interessam: livros e afins!
Já vi em muitos outros blogs toda uma série de balanços e listas disto e daquilo, retrospectivas do ano que passou e coisas que tais que eu também podia fazer por aqui. Tinha a sua piada, confesso. Mas há um grande e terrível obstáculo que se opõe a tudo isso, uma das minhas aliadas mentais que é tão fraca que faz de inimiga. Caros leitores, seguidores e pessoas aleatórias que deram agora com esta página, apresento-vos a minha memória.
Não sei bem que mal lhe fiz, nem sei quando é que começaram os meus problemas com ela (adivinharam, não me lembro), mas acho que nunca nos demos muito bem. Não posso garantir que seja assim desde tempos imemoriais, nem que esta seja uma luta que tenha atravessado milénios, embora seja muito provável, mas garanto-vos que neste momento e já há uns largos anos que a coisa não tem funcionado muito bem.
Podia entrar em detalhes, mas não me quero desviar muito do assunto. Fiquem só a saber que tenho uma memória terrível e ainda por cima não de forma geral, mas selectiva. Isto pode parecer algo que dá muito jeito, mas é mais do estilo lembrar-me de quantas páginas tem um determinado livro, ou de 10 casas decimais de uma constante física qualquer, mas não me lembrar de algo que me disseram ontem, ou que me ensinaram há 2 dias.
Em termos práticos, isto quer dizer que com algum jeitinho e paciência para os compassos de espera, sou muito provavelmente capaz de refazer todo o meu trajecto literário, desde o livro lido mais recentemente e andando para trás, até a um livro lido há 2 ou 3 anos, mas sou completamente incapaz de saber exactamente que livros é que li este ano. Ou este mês. Portanto eu tentar escolher algo como "O melhor livro do ano", ou "O melhor autor do ano", é uma tarefa não só fútil e inglória, como vã e inútil.
E sim, podia agarrar aqui nos arquivos do blog e ir ver os livros lidos e fazer a coisa, mas bem, isso dá demasiado trabalho, não é verdade? Não vale a pena. Prefiro comentar o facto de só ter lido 79 livros. 2012 foi um ano cuja primeira metade foi ocupada com o segundo semestre do meu primeiro ano de faculdade, e cuja segunda metade foi ocupada com férias de Verão e o primeiro semestre do meu segundo ano. Acho que não preciso de mais comentários.
Mas foi apesar disso, um ano muito bom em termos de leituras. A minha memória é má, mas não me esqueci que foi este ano que me iniciei na leitura de David Soares, que reli e finalmente terminei de ler as Crónicas de Allaryia, em que li grandes épicos como 2001 - Odisseia no Espaço, do mestre Arthur C. Clarke, e It de Stephen King, um autor com lugar cativo na minha Hall of Fame privada. Foi ainda um ano que deu para me desiludir com Gonçalo M. Tavares e com Douglas Adams, mas que me deixou surpreender com o excelente Mia Couto. Enfim, eu queixo-me um pouco, mas 2012 ainda deu para finalmente ler The Hobbit, do inigualável Tolkien, que me deixou com água na boca para ler (TER!) o resto dos seus livros, e deu ainda para encontrar toda uma série de pechinchas e coisas raras: A Verdadeira Invasão dos Marcianos, de João Barreiros, Mostra-me a tua espinha e As Trevas Fantásticas, de David Soares, e a antologia Brinca Comigo!, por exemplo.
Portanto, é melhor é estar calado, já deu para perceber que foi um ano e pêras, em termos literários, afinal de contas. Avancemos para o próximo. Eu pessoalmente não sou fã de resoluções de Ano Novo e mariquices que tais, nem de celebrar o Ano Novo propriamente dito... Quer dizer, fantástico!, o tempo correu normalmente e temos que ir comprar um calendário novo e isso tudo, bla bla bla bom ano e balelas que tais.
Onde é que eu ia? Resoluções de Ano Novo, certo. Bem, não sou fã, embora já as tenha feito, nomeadamente em questões literárias, e ainda mais especificamente para coisas aqui do blog. Pois bem, este ano não prometo nada. Não vão haver mudanças estrondosas, vou continuar aqui sozinho a debitar crónicas medianamente interessantes e textos amargos e pessimistas, vou tentar ler o que me apetecer quando me apetecer e essas coisas todas. Espero ter tempo e organização suficiente para manter o blog vivo como deve ser, e é tudo.
Ah, falta uma coisa. Senti nestas "férias" uma necessidade de começar a ler livros filosóficos e sérios, ensaios intelectuais e coisas do estilo. Em parte uma certa necessidade de me cultivar mais directamente, em parte uma desculpa para variar ainda mais nas leituras e agarrar em grandes obras que tenho por aí espalhadas. Quando digo "tenho por aí", estou já a incluir aquelas que se onde se vendem e que podem ter a certeza que vou comprar. Parece que ainda no outro dia me queixava dos livros filosóficos e agora me semi-comprometo a ler uns poucos ao longo deste ano. Sou uma pessoa contraditória, passe o pleonasmo.
Mas bem, falarei mais sobre isto e várias outras coisas nos próximos dias... Mantenham-se atentos, continuem as vossas leituras e vão-me lendo. É sempre agradável ter com quem monologar um pouco.