sexta-feira, 9 de outubro de 2015

The Book Thief


Autor: Markus Zusak


Opinião: Nunca é fácil escrever sobre a Segunda Guerra Mundial. E ao mesmo tempo é demasiado fácil. É um assunto pesado e delicado que apesar de já estar semi-banalizado, não deixa de ser complicado de abordar. Ainda há muita gente sensível ao assunto, até porque não foi assim há tanto tempo quanto isso.

Mas também é uma nota fácil de tocar para chamar a atenção e para puxar a lagriminha. Falo disto porque senti isso com este livro. A história que conta é interessante, está bem explorada e, acima de tudo, muito bem contada, especialmente por causa de um certo factor de que já falo. No entanto, e apesar de estar feito com muito respeito pelos acontecimentos relatados, não é difícil começar a ouvir violinos daqueles que só tocam nos filmes durante as cenas mais dramáticas.

Nem sequer acho que o autor o tenha feito de propósito. Ou melhor, descaradamente de propósito. Parece-me mais que Zusak queria contar uma história triste, mais do que queria contar uma história sobre a Segunda Guerra Mundial. Teve a sorte, e o talento, de conseguir com que ambas as coisas encaixassem na perfeição, mas estão a perceber, não estão?

De qualquer forma, o livro é bom. Lê-se muito rápido, graças aos capítulos curtos e à escrita cativante, e embora siga muito claramente a vida de uma personagem, Liesel Meminger, a book thief do título, o livro apresenta uma visão muito mais alargada e abrangente do que seria de esperar. E isso deve-se ao pormenor de brilhantismo que Zusak deu ao livro, que é identificar o narrador com a Morte, com a sua voz muito característica e a sua forma muito específica de ver e de olhar para as coisas.

Foi uma forma de criar um narrador desapaixonado, distante, mas capaz de se interessar e de se fascinar da mesma forma que um avô se fascina pelos seus netos saltitantes a fazerem coisas que ele não consegue compreender.

Também faz com que o foco esteja em muitos pormenores que normalmente não veriam a luz do dia: as cores, as ligações entre cenários e personagens, e a evolução de cada uma dessas personagens, por mais secundária que fosse.

É claro que um livro destes não podia passar sem as suas críticas ao nazismo e a Hitler e afins, mas ao de leve, sem exagerar nem estragar a história com mensagens político-morais. O autor podia ter sido muito óbvio, mas prefere deixar a cada leitor a ligação que existe entre a história destas personagens, a da Liesel em particular, e a Guerra que acontece em pano de fundo.

Essa parte, pelo menos, não é defeito que se possa pôr. Está tudo muito bem retratado, desde a dor à tristeza, ao patriotismo exacerbado de parte da nação e acima de tudo à indiferença que tomava conta das pessoas, pelo menos durante algumas alturas.

The Book Thief foi sem dúvida uma óptima leitura, que acho que peca por, de certa forma, ter sido tão fácil de imbuir com um nível de tragédia suficiente para apelar a quase toda a gente.

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