sábado, 12 de fevereiro de 2011

Beowulf: Compreensão

Com mais umas largas páginas lidas, já posso debitar mais qualquer coisa sobre este pequeno grande e trabalho livro.

Já cheguei à conclusão que me está a dar mais trabalho a ler que Os Lusíadas, pois além de ter que ir ver as notas do tradutor, ainda tenho que, por vezes, ir procurar o significado de algumas palavras em inglês, ou ter de ler várias vezes a mesma frase para conseguir sequer perceber o que está lá escrito.

Depois, como já foi referido nos comentários, este longo poema épico não faz uso da rima, mas antes de "versos aliterativos", em que o mesmo som se repete várias vezes no mesmo verso, o que lhe dá uma musicalidade muito distinta.

Ah, e não sei se cheguei a dizer isto quanto a'Os Lusíadas, mas isto tem que ser ler. Tem mesmo que se ouvir, para que se possam apanhar os sons, que são uma parte fundamental da obra. Ler simplesmente para dentro não funciona com este tipo de livros, e em especial com este Beowulf, com os seus versos aliterativos.

Mas também, diga-se de passagem, mesmo que não se queira, o texto quase que pede para ser lido. Eu bem que começo a ler silenciosamente, mas o texto começa a entranhar-se completamente e tenho que fazer um grande, grande esforço para não começar a ler alto e bom som.

E isto porquê? Porque o texto é realmente grandioso, como um épico tem que ser. E este em particular quase que cheira a épico, tem aquele toque medieval, aquela sociedade brutal e sangrenta, muito guerreira, onde impera a honra acima de tudo... Ainda por cima passa-se algures na Escandinávia, lá para o Norte, o que ainda junta aquele elemento Viking que pronto, é um ingrediente perfeito para tudo o que sejam feitos épicos.

A nível da estrutura, já se começa a notar uma certa organização em termos de ideias, ou seja, da estrutura interna. Um monstro destrói o salão, o herói mata o monstro, vem outro monstro vingar o primeiro, e o herói depois mata-o... Além de ser literalmente "braço por braço, cabeça por cabeça".

Enfim, bastante entusiasmante, ainda que ligeiramente complicado de ler. A ver se ainda o acabo neste fim-de-semana.

4 comentários:

WhiteLady3 disse...

Acho que tudo o que é poesia tem de ser lida em voz alta. Seja épica ou não, em português ou inglês, para entender o que está escrito e tudo o que tenta transmitir, tem de ser lido em voz alta.

Rui Bastos disse...

Acredito que sim. Talvez o meu desgosto pela poesia em geral me tenha toldado um pouco essa visão (aa), mas estou a sentir isso com estes épicos :p

WhiteLady3 disse...

Já desgostei mais de poesia. Continua a ser um género que não leio facilmente, sobretudo porque acho que é necessário estar com disposição e ter tempo para tal. Com tempo quero dizer que é preciso pensar e ponderar cada palavra, tentar perceber o que cada linha nos diz e como nos toca. A leitura da prosa é mais fluida, diz o que pretende sem grandes voltas, mas a poesia convida à reflexão e nem sempre há tempo para tal.

Rui Bastos disse...

Pois, talvez. Mas não é mesmo género que me atraia.