Título: José e Pilar
Realizador: Miguel Gonçalves Mendes
Sinopse: A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Rio.
Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo - ou, pelo menos, em torná-lo melhor.
José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser contado doutra maneira".
Opinião: Vi este filme há uns dias, e tenho andado a matutar sobre o que escrever aqui no blog, sobre ele. Para começar, não se insere naquela categoria de filmes adaptados de livros, mas não estou preocupado com isso, está relacionado com livros, já que é um pequeno pseudo-documentário sobre o maior nome da escrita nacional: José Saramago, o nosso primeiro (e até agora único) prémio Nobel da Literatura.
Adorei. Tenho tanta coisa para dizer que nem sei como a dizer. No entanto, acho que podia resumir tudo nesta frase de Manuel Halpern (retirada daqui):
"Miguel Gonçalves Mendes mostra o José que havia em Saramago."
É que foi exactamente esta a sensação que eu tive ao sair do filme. O filme fez-me ficar a saber que o José Saramago existia, era uma pessoa a sério, que não era apenas Saramago, o autor polémico, genial, com uma escrita pouco ortodoxa, que foi para Espanha por não poder aturar quem por cá governava, e que quase que passava mais tempo a "protestar" contra a Igreja e contra as religiões em geral do que a escrever livros.
Fiquei a conhecer José Saramago, a pessoa. José Saramago, o homem ligeiramente arrogante, com um raciocínio aos 80 e tal anos de fazer inveja a muita gente com menos de 30, que amava a sua mulher, que tinha sentido de humor, que escrevia duas páginas por dia, e muito mais!
Eu que já gostava de Saramago, fiquei absolutamente fascinando. A minha vontade é a de comprar tudo o que encontrar dele para ler de rajada.
Mas nem só de Saramago se faz "José e Pilar". Não me posso esquecer de falar da mulher dele, Pilar del Rio, uma mulher extraordinária, autêntica assistente pessoal/chefe do escritor, que esteve ao lado dele enquanto ele escrevia os seus livros, enquanto esteve internado no hospital e sempre. Uma mulher de ferro, com uma determinação fora-de-série (ainda que demasiado feminista para o meu gosto), que o guiava, o ajudava e o amava.
Um filme espectacular, que dá vontade de rever. Gostem ou não gostem do homem, vão ver e depois falamos. Até lá:
"O caos é uma ordem por decifrar."
José Saramago
5 comentários:
Adorei. Um excelente "pseudo-documentário" que me deixou abismada com o Saramago enquanto homem.
Um senhor de ideologias e princípios fixos, alguns com os quais eu não concordo mas admiro a sua postura e consistência face às contradições de que foi alvo. É um estilo único.
Fiquei com o bichinho de ir a correr à livraria mais próxima adquirir todos os livros e ler de uma assentada só.
Apaixonei-me no imediato, o amor que os unia, o trabalho em conjunto, a união.
E quanto a Pilar, devo já dizer que Pilar del Rio se tornou na minha heroína! Feminismo e direito das mulheres, sempre! :D
Vamos ver outra vez? ;D
Epah... a parte do feminismo não me agradou por aí além *assobio*
Claro que não (aa) não é? :p
É uma parvoíce!
Não, não, não.
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