sexta-feira, 18 de março de 2011

Divina Comédia: Inferno


Foram 34 cantos da mais dolorosa agonia. A dos condenados, claro, que eu não sofri nadinha, antes pelo contrário!

A viagem pelos 9 círculos do Inferno, com Virgílio (o autor da Eneida) como guia, é um verdadeiro desfilar de atrocidades e das mais imaginativas condenações, sempre estranhamente apropriadas ao tipo de pecador.

Uma vez que esta parte corresponde a aproximadamente um terço do livro, já me acho no direito de fazer algumas considerações. Para começar, o trabalho do tradutor, o Professor Marques Braga, é excelente. O facto de a língua original ser o italiano também facilita a coisa, uma vez que o português é suficientemente parecido, mas conseguir fazê-lo sem perder o tom épico é algo de extraordinário.

O maior defeito que encontrei foram mesmo as notas. Nunca vi umas notas ao texto tão exaustivas. Tornam-se chatas e ligeiramente ridículas. Por exemplo, a certa altura, quando se se d'"O Poeta", lá vem uma nota a explicar que "O Poeta" é Virgílio. Ou seja, não só explicam pormenores históricos, e de contexto, como explicam (demasiadas) coisas a nível de interpretação, o que para algumas pessoas menos habituadas a ler é capaz de ser porreiro, mas acho que pessoas assim não se põem a ler a "Divina Comédia", não é?

Mas bem, tirando esse pequeno pormenor (mas que me fez arrastar a leitura mais do que era suposto), até agora posso dizer que estou a gostar bastante desta leitura, que me vai servir para finalizar esta Temporada Épica. Prevejo que a leitura ainda dure mais um mês, se calhar... Isto tem que ser ler com muita calma, e eu cá não tenho pressa, embora já ande com saudades de ler uma prosazita convencional...

Sem comentários: