quarta-feira, 11 de maio de 2011

Memorial do Convento

Título: Memorial do Convento
Autor: José Saramago

Sinopse: Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.

Opinião: O motivo desta leitura foi um bocado ambíguo. Por um lado queria ler esta obra por ter sido escrito por Saramago, escritor que aprecio bastante, mas por outro lado tive que ler esta obra, para a escola.

Mas isso é um pormenor. Sendo do escritor que é, eu já sabia que não me iria desapontar, apesar de ainda só ter lido outro livro dele, e confesso que ia com as expectativas bastante altas. E a verdade é que me desapontei ligeiramente. Não sei se comecei logo por um dos melhores e os outros agora me vão parecer inferiores, mas para ser honesto tenho que dizer que gostei menos do que estava à espera. Gostei muito, adorei a escrita e as personagens e a história e a imaginação, mas não me caiu tão bem como o Evangelho.

Os dois pontos mais positivos, para mim, são mesmo as personagens e a história. Todas as personagens são impecáveis a nível da construção, todas têm uma profundidade e um relevo impressionante, mas falo especialmente de Baltasar Sete-Sóis, Blimunda Sete-Luas e do padre Bartolomeu Lourenço, o Voador. Estas 3 personagens são o que este livro tem de melhor, na minha opinião. As suas descrições, tanto físicas como psicológicas são absolutamente soberbas, sem qualquer tipo de falha.

Depois a história, que é algo que eu aprecio sempre muito, é uma história bem contada, que por vezes parece que se torna monótona e que se deixa arrastar, mas são pequenos momentos esporádicos que em nada me afectaram a leitura.

Já a escrita, essa sim apresenta uma dualidade curiosa... É que de certa forma é densa e complicada de ler, mas ao mesmo tempo consegue proporcionar um ritmo de leitura moderadamente acelerado. Como é que eu hei-de explicar isto... Custa a começar a ler, mas depois de se lerem 2 ou 3 páginas é sempre a abrir.

Ou seja, resumindo e concluindo, é uma boa leitura, que não me agradou tanto como eu esperava que agradasse, mas que ainda assim foi das melhores coisas que já li este ano.

6 comentários:

Vidas Únicas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O Memorial do Convento, apesar de ser um dos livros mais badalados do Saramago pela história e por ter dado o Nobel, não é o melhor livro dele. Há outros melhores, especialmente pré-nobel.

Atenção, é um dos livros que mais gosto e quem dera a 98% dos escritores escreverem um livro com metade do talento e interesse do Memorial e é um livro de topo. Mas na obra de Saramago há alguns melhores.

Os livros publicados mais recentes dele são um bocadinho piores, até porque ganharam alguma obsessão com religião principalmente. Mas para mim é um dos melhores da literatura mundial e, juntamente com Pessoa e Camões, o melhor português. Podíamos ter mais escritores deste calibre, se alguns dos nossos escritores não tivessem morrido prematuramente (Cesário Verde) ou se não tivessem tido uma obra tão resumida (Bocage).

Rui Bastos disse...

Ainda não lhe li tantas obras quanto isso, mas gostei mais do "Evangelho Segundo Jesus Cristo", das "Intermitências da Morte" e de "O Homem Duplicado", por exemplo!

Unknown disse...

''As Intermitências da Morte'' é muito bom. E algo difícil de ler.

Mas o Memorial continua ser uma grande obra, apesar de existirem alguns livros dele. Para mim o melhor livro dele é o ''Ano da Morte de Ricardo Reis'', seguido do Memorial e depois o Ensaio sobre a Cegueira.

Mas volto a dizer, quem dera a muitos escritores escreverem metade do Memorial xD.

Rui Bastos disse...

O "Intermitências" é para lá de genial. E compreendo quando dizes que o "Memorial" é uma grande obra, nisso tens razão, tomara muita gente escrever algo parecido... Mas tendo em conta o que já conheço dele, meh :p

Unknown disse...

esqueci-me de ''melhores'' em ''alguns livros dele''.

Eu gosto de qualquer maneira :P os romances históricos fascinam-me. Já reli várias vezes, tal como ''O ano da Morte de Ricardo Reis''.