quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Casanova (Mini-série)



Toda a gente conhece a personagem de Casanova. Muita gente até conhece a pessoa, que existiu mesmo. Mas pouca gente conhece realmente a sua história, ou tem verdadeira noção da sua personalidade.

Russel T. Davies decidiu colmatar essa falha ao juntar dois actores carismáticos para interpretar uma versão jovem e uma versão idosa de Casanova: David Tennant e Peter O'Toole. O segundo, um veterano por todas as medidas possíveis e imaginárias, é um Casanova em fim de vida, a viver praticamente escondido do mundo, num castelo do qual é o bibliotecário.

Dedica os seus dias a escrever as suas memórias e a ser constantemente desprezado pelo resto dos trabalhadores. Mas um dia uma empregada acabada de chegar fascina-se por este carismático homem e pede para que ele lhe conte a sua história, o que Casanova faz, ainda que com alguma hesitação.

E começa bem do princípio, desde os seus dias como filho de uma actriz que o abandona sem mais nem menos, passando pela sua infância perturbada e a descoberta da sexualidade que o faz florescer num pequeno prodígio em várias áreas, e durante a maior parte da sua vida adulta, com todos os seus altos e baixos.

É claro que há muitas cenas na cama de alguém, e muita gente nua, mas a série chama-se Casanova, do que é que estavam à espera? O interessante é que essas cenas não são propriamente gratuitas, nem inúteis. Digamos que fazem sentido, ao longo da narrativa. O charme e a incapacidade de manter as calças apertadas são uma parte fulcral da personalidade de Casanova, e essas cenas tornam-se essenciais para contextualizar a personagem.

São esses momentos que demonstram o quão liberal ele é, assim como o quão apaixonado consegue ser. Também é nesses momentos que se percebe como ele quase não olha a meios para conseguir o que quer, mas que ao mesmo tempo a sua verdadeira ambição é divertir-se.

Além disso, o resto da história não perde interesse por causa de tantas cenas de sexo (que, convenhamos, nem são assim tantas quanto isso, tendo em conta os padrões televisivos de hoje em dia!). Ver esta personagem a ganhar e a perder riqueza a um ritmo alucinante através dos mais (a)variados esquemas é cativante. Vê-lo a descobrir que tem um filho que mais tarde se revela um completo psicopata, é fascinante. E vê-lo a lidar com as consequências de ir para a cama com tantas mulheres é igualmente fascinante. Pode fugir, pode-se esconder, ou pode ir abertamente ter com elas, mas há sempre uma reacção.

No meio disto tudo ele apaixona-se realmente. Mais do que uma vez. A sério, a sério, duas vezes, e uma delas é mais um estranho fascínio que nem ele consegue compreender. E essas histórias são bem contadas. Essas personagens têm uma boa evolução. E tudo termina num final extraordinário, como já poucos se fazem!

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