quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Um Contrato com Deus (Colecção Novela Gráfica #1)


Autor: Will Eisner
Tradutor: Paulo Furtado


Opinião: É bom sinal, quando um livro me consegue surpreender. Especialmente quando o faz da forma que este o fez. Afinal, já conhecia o nome do autor, como é óbvio. Will Eisner é um nome quase omnipresente para qualquer fã de banda desenhada que investigue um pouco a sua história. Mas nunca me tinha ocorrido que além de ser uma figura mítica, Eisner foi um autor de BD, em vários formatos, e que portanto andavam por aí coisas dele para ler.

Foi, portanto, de muito bom grado que vi esta colecção ser anunciada com este livro como primeiro volume. De repente todo um novo mundo se abria à minha frente! Eventualmente fiquei com receio de me decepcionar, mas continuei curioso, como não podia deixar de ser.

Agora, após finalmente ter lido, posso dizer com toda a certeza que vale a pena. Não sabia o que esperar e tinha algum receio de encontrar aquele tipo de BD antigo, com desenhos fracos, mau acabamento e histórias simplistas.

Não podia estar mais enganado. A capa foi um bom indício, assim como os dois prefácios escritos pelo autor (para diferentes edições), mas só com as primeiras páginas é que me apercebi do quão pouco eu conhecia a história da BD.

O que encontrei foi uma arte sóbria, mas cartoonesca, a preto e branco, com reminiscências retroactivas de Frank Miller (que levou o estilo que Eisner aqui apresenta a um brilhante extremo em Sin City), e um traço limpo como há poucos. Até a forma como o texto se integra nos desenhos está pensada ao pormenor e realmente proporciona uma leitura fluida e bastante conjunta entre texto e imagens.

As histórias, que são quatro, são pequenas pérolas da narrativa, normalmente profundamente tristes, invariavelmente trágicas de alguma forma, e ao mesmo tempo extremamente realistas. O contexto de um prédio no Bronx é suficientemente bem dado para que as histórias pareçam verdadeiras. Em vez de as ficarmos a conhecer por BD, podíamos tê-lo feito pelas notícias.

É assim tão simples, aquilo que Eisner faz. Pelo menos parece simples. E é de uma eficácia extrema. Não há dúvida de que fiquei fã.

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