Mas está-me a parecer impossível fugir ao tema do momento: as eleições de amanhã. Aquele momento que muitos esperam com ansiedade, e que outros tantos apelidam de "o momento em que vai ficar tudo na mesma". Amanhã é o dia em que é suposto levantar o rabo do conforto precário para pôr uma cruzinha num quadradinho.
Para quê?, perguntam os muitos que não vão votar, Não há ninguém que valha a pena!, exclamam aqueles que votam em branco, Nem sei bem, são todos tão iguais..., balbuciam os indecisos, VOTA NO MESMO QUE EU!!!, berra quem já escolheu partido e o vai defender com unhas e dentes.
E no fim o mais provável é que realmente fique tudo na mesma. A dicotomia PS-PSD (agora com uma indecente, desavergonhada e descarada contribuição do CDS) é a telenovela favorita dos portugueses, e uma que promete longevidade. E é um facto inegável que esta luta de poder é uma coisa entre centro e direita, com o PS já muito esquecido das suas raízes de esquerda e mais entregue às directivas europeias, que continuam a virar à direita, sem qualquer pudor.
A esquerda lá fica esquecida, renegada por um povo que deve a sua liberdade à coisa mais esquerdista de sempre: uma revolução militar pacífica para derrubar um governo quase abertamente fascista. Claro que a esquerda de antigamente não é a esquerda de hoje, embora andem aí a surgir algumas caras que se esforçam, mas dá que pensar.
Antes de avançar gostava de fazer a ressalva que aquilo que eu percebo de política advém de três fontes: as notícias que vejo ao jantar, livros de ficção (normalmente medievais), e humoristas como o Jon Stewart do The Daily Show e os Gato Fedorento, que parecem gostar mesmo dessa coisa de gozar com políticos.
Dito isso, acho triste que no meio deste aparato todo, as pessoas se vão esquecendo daquilo que deviam discutir: as ideias. Toda a gente fala da pizza do Sócrates, ou da mulher doente do Pedro Passos Coelho, ou de como a Catarina Martins é a única mulher candidata ao cargo e outras mil coisas, mas ninguém fala das ideias que estão por detrás desta gente todo.
Também toda a gente ignora a figura abjecta, labrega, descarada e completamente despropositada que é o Paulo Portas. A sério, estamos a falar de um tipo cuja contribuição para a história política do país é um conto de corrupção que termina em águas de bacalhau por obra e graça do espírito santo, e que num dos momentos mais críticos da nossa História promete instabilidade política se não o promoverem de Ministro duma porcaria qualquer a Vice-Primeiro-Ministro. O que é que ele queria, um gabinete maior? Um carro mais bonito?
A sério, digam-me qual é o trabalho dele? Acenar com a cabeça quando o primeiro-ministro fala? Servir como embaixador do poder em todas as feiras portuguesas possíveis e imaginárias? Se há tipo que me enerva no panorama político actual, é este. Nunca vi ninguém tão sedento de poder e tão explícito quanto a isso.
Não tenho ilusões, e sei que a maior parte dos políticos são exactamente assim, mas ao menos disfarçam um bocadinho. E sou perfeitamente capaz de conceder que para umas coisas precisamos de ideologias de direita e para outras precisamos de ideologias de esquerda. Nada contra. Eu também não vou dar consultas ao hospital, nem um médico vai tentar construir um electrocardiograma com o que quer que eu tenha ali na gaveta. Mas o Paulo Portas é a personagem manhosa da história, aquela pessoa que anda lá sempre, de sorriso em punho, sem qualquer vergonha quanto à sua inutilidade.
Ainda por cima isto é algo que funciona muito bem em democracia: diferentes opiniões e diferentes perspectivas a trabalharem em conjunto para um bem comum. É por isso que as decisões são tomadas no Parlamento, com representantes de todos os partidos. Ou pelo menos era isso que acontecia se estivessemos de facto a viver numa democracia. O que acontece é que o Parlamento não é mais do que um recreio gigante com 230 cadeiras para onde os partidos vão jogar Risk.
É por isso que é notícia quando há pessoas como a Mariana Mortágua, a Catarina Martins, a Heloísa Apolónia e outros tantos, que se levantam e fazem o que é suposto: argumenta, contra-argumentam, chamam imbecis e nomes vários a algumas pessoas, dizem o que têm a dizer, e depois sentam-se tranquilamente. Só que até isso é transformado num circo, e se querem provas basta relembrar o historial de insultos infantis e de infelizes demonstrações de imaturidade que se revelam no Parlamento.
Só que quer dizer, isto é pouco, não é? O desconhecimento das pessoas em geral deste tipo de coisas é assustador. A quantidade massiva de pessoas de todas as idades que não faz ideia do que raio se está a passar a nível político no país é mais do que preocupante. Não, não é só jovens, é mesmo gente de todas as idades. As massas são abanadas pelas demagogias dos partidos, que são cada vez mais descaradas, e optam pelas saídas fáceis: ficar em casa ou votar nos mesmos. Já que tanto faz, ao menos que seja um a quem eu já conheça as manhas, não é?
Não, não é. Mas eu nada sei disto, e pouco posso fazer para além de votar bem. O que é essa coisa de votar bem, que alguns partidos até usam como slogan para dizer que votem neles? Votar bem não é votar em A, B ou C, especificamente. Votar bem é não só votar, mas votar em consciência, para que os resultados sejam de facto representativos daquilo que Portugal quer, e não daquilo que 30% de Portugal quer.
2 comentários:
O problema é que há falta de bom senso e de cultura política em Portugal.
Fala-se muito em ideologia, mas as ideologias já não existem. Exemplos?
China é um estado comunista. E a sua economia de mercado? Primeira potência económica do mundo? Um estado comunista?
Portugal é governado por um país neo-liberal: Então mas se até os descontos dos preços dos livros se regulam onde está a lei do mercado livre?
Portanto, alto e bom som, as ideologias não passam de recordações históricas.
O que é importante referir é que neste momento existem valores/direitos e interesses/lobbies.
Os primeiros, os valores, sendo que os mais importantes dizem respeito ao princípio do respeito pela vida e pela dignidade da vida humana, são essenciais para qualquer estado democrático. São as linhas gerais, as regras colectivas de uma sociedade próspera e civilizada.
Os segundos, os interesses, são os desejos e as vontades de certo grupo de pessoas. Têm por base o enriquecimento do indivíduo e não da sociedade. São tão legítimos assim como os chamados sonhos de vida e não vale a pena achincalhá-los porque eles existem desde sempre e sempre vão existir em cada um de nós.
O que é a política de hoje então? Quais os objectivos da política? O que deve ser um governante, um legislador?
Ora, a política hoje é a conciliação dos Interesses, micro e macroeconómicos, do Estado com os valores essenciais de um Estado de Direito. O objectivo de quem faz política é o futuro, sempre o futuro, mas não esquecendo o passado (Que hoje em dia este só se queima e se apaga se um asteroide vier do céu e o Bruce Willis não conseguir impedir a extinção da raça humana...). Quanto ao que deve ser um governante, existem algumas características essenciais:
- Um homem culto e instruído(Passado), atento(Presente) e previdente(Futuro);
- Honesto e leal;
- Tem sinceramente de ver bem: Não pode ficar-se pelo dia de amanhã, tem de ver o depois de amanhã;
- Não pode ter pensamentos magnânimes do tipo D. João V, mas não deve deixar de pensar em grande;
- Tem de pensar em todas as pessoas e não só em algumas;
- Deve ser patriota sem radicalismos, mas não deve encolher os ombros;
- E, acima de tudo, o vértice da pirâmide, deve ser um homem que faça e não que fale apenas.
Deste modo, e comentando os maiores partidos destas campanhas, tenho que fazer as seguintes críticas:
PSD/CDS - Casos Submarinos, Relvas, Vistos Gold põem de parte qualquer instrução e qualquer honestidade intelectual. O Dr. Luís Felipe Menezes deu desfalques à câmara municipal de V.N. Gaia e o Dr. Paulo Rangel sendo jurista não percebe o que é o princípio da presunção da inocência. A Dra. Paula Teixeira da Cruz foi uma ministra que hostilizou os advogados (O novo estatuto é caótico...)Para além disso, a doutrina neoliberal não pode ser confundida com neoliberalidades nem com neoprivatarias. É triste empresas com potencial económico e negócios feitos serem vendidas a preço de saldo. Para além disso, que ninguém se esqueºa que estivemos quatro anos sob a égide da Troika por força dum chumbo de medidas que vieram posteriormente a ser adoptadas pela coligação (Aumento de impostos).
PS - Incompetência em campanha eleitoral não pode adivinhar grandes competências em sede de governação, a deslealdade para com José António Seguro ainda está entalada em muitas gargantas. O caso Sócrates é daqueles que não tem fim e que por isso está condenado logo à partida a uma única solução: Condenação do anterior primeiro-ministro.
(Continua)
Bloco de Esquerda - O partido dos acarolados e dos bem falantes. Aqueles que acham que não pagar empréstimos é um bom princípio de Estado (Bom exemplo para o resto dos cidadãos), são aqueles que dizem que há soluções fora do Euro sem pensar que o salário mínimo (505 euros) fora do euro iria descer para o 200 contos enquanto os preços dos produtos se mantém. Estamos a brincar às casinhas ou quê?
PCP - China, Cuba, Angola... os exemplos de estados totalitários são vários e o factor comum a todos eles é que o partido comunista está no poder. Não admira que os rapazes desta ala estejam nas traseiras da barraca das Edições Avante nas feiras dos livros a fumar coisas para rir nem que a Feira do Avante seja uma alegria do catano. A bruma é necessária para que o indivíduo se sujeita ao "Colectivo".
Verdes - Sporting????? Ambientalistas burgueses? Não...
Agir - Sem segredos, totalmente despidos de segredos. O decoro não é um valor político (Aquele rapaz que é secretário de estado das finanças acho que também acha o mesmo...). Ah, e quem se despir é pago se deixar tirar fotografia...
Livre - Muita Conversa com palavras diferentes do Bloco de Esquerda. Gostava de ver ser-lhes proposto uma coligação à esquerda.
PDR - Marinho Pinto n' companhia? Opá... não muito obrigado pela parte que me toca. Deixaste uma bela encomenda na Ordem dos Advogados com a Elina Fraga (Até os processos judiciais de execução fiscal entregou aos contabilistas...) Isto de entrar a marrar como um touro dá azo a que nos espetem no cachaço um ferrão...
PPM - Uma pandilha a querer reinar? Com uma pensão garantida desde que se nasce até que se morre à custa dos "súbditos"? Pagar grandes vôos e grandes jantaradas sem acordos assinados e contabilizar isto como Representação de Estado? Tinha um palavrão para vocês...
PNR - Desculpem, mas sou a favor de mais miscigenação, mais mulatos (criados pelos portugueses, não se esqueçam!!!), mais ruivos loiros, mais caucasianos alourados mais pessoas e menos raças... isto de sermos só carecas... já imaginaram o Inverno? O preço de gorros disparava...
Após esta longa dissertação...
Em quem votar???????????????
Ainda bem que hoje já não interessa.
Abraço
FBF
Enviar um comentário