Autora: Vera Brosgol
Opinião: Ficam já a saber que por mim não tinha pegado neste. Não só não parece ser o meu tipo de leitura, como nunca tinha ouvido falar deste livro. Felizmente a minha cara-metade tem entre os dons dela uma capacidade quase sobrenatural de descobrir livros peculiares e, invariavelmente, interessantes.
É o caso deste. "Lê, é giro.", diz ela. E lá vou eu. Nem sempre funciona às mil maravilhas (daqui a uns dias já descobrem um falhanço), mas costuma dar bom resultado... Assim foi. Anya's Ghost nunca na vida estaria no meu radar, mas após a leitura tenho pena disso. Se quase perdi isto, o que mais ando a perder? Não bastavam já aqueles que conheço, ainda tenho que desesperar por aqueles que não conheço?!
"Calma Rui, estás a ser parcial por ter sido a tua namorada a mostrar-te isto. Parece ser só uma história de fantasmas para adolescentes e ainda por cima com um traço infantil."
Vamos ignorar o Sr. Burro da Silva. Claramente não sabe o que diz. O traço é estilizado, sim, mas agradável e cartoony o suficiente para a fantasma parecer tão real e credível como qualquer outra personagem, e isso é um ponto de bónus, pelas minhas contas.
A história de fantasmas é tudo menos tradicional, e apesar dos protagonistas serem adolescentes, os temas abordados dificilmente o serão. O início é calmo e interessante, sofre uma fantástica viragem de rumo, e consegue terminar da melhor forma possível.
Estamos a falar de uma adolescente, Anya, uma miúda de uma família russa, e que só quer ser parte dos fixes e ter o namorado ideal. É uma rapariga esperta, mas uma aluna medíocre, e com tendência para se meter em problemas na escola e em casa. Até ao dia em que encontra uma fantasma, também ela uma miúda, morta há vários anos e esquecida no fundo de um poço. A amizade improvável tem resultados positivos... Até ao momento em que deixa de ter.
No final ficam a faltar algumas pontas por atar que mereciam ter sido abordadas, como a relação de Anya com as pessoas da sua escola (especialmente aquele miúdo meio esquisito), ou o ritmo bipartido entre os dilemas pessoais de Anya e o mistério que é a rapariga fantasma. De resto, impecável.
O resultado é um livro agradável, que se lê com gosto, e que embora merecesse algumas diferenças em certas abordagens (o sentimento de inadequação de Anya fica quase completamente por explorar), não se lê pior por isso.
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