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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Mensagem, ou a longa e chateada opinião sobre um livro que, coitado, não tem culpa nenhuma


Autor: Fernando Pessoa


Opinião: Aconteceu um milagre! A sério! Para quem me conhece isto vai ser chocante, eu sei, mas espero que aguentem. Para quem não me conhece, eu explico, em termos simples e simplistas: eu odeio tudo o que o Pessoa (e derivados) escreveu. Mas desta vez, nesta releitura em específico apercebi-me de algo diferente, finalmente caí em mim e dei conta que... Estava a brincar. Odiei na mesma.

Qual é o problema disto? É que há uma lei algures num tomo obscuro num canto obscuro duma biblioteca obscura, que proíbe um português de não gostar de Pessoa. Oh, não me venham com tretas, eu sei do que falo. Entre as pessoas com quem me dou, assim de repente, só conheço uma que leia tanto como eu, e de forma ainda mais diversificada. E é difícil apanharem-me em falso numa conversa sobre livros e literatura, que eu tenho sempre muito a dizer.

Ou seja, sou um tipo informado e que percebe do assunto, quer a minha professora de História do nono ano queira ou não (velhas quezílias). E no entanto sabem o que é que acontece se eu disser que não gosto de Pessoa?

"Ainda vais a tempo!", "Não sabes o que é Literatura.", "É porque não percebes, só pode.", "Olha aqui esta parte, isto não é lindo? Como é que podes não gostar?", "Quando cresceres vais perceber.".

E a lista continua. Eu raramente respondo de forma (muito) agressiva, mas sabem o que é que me passa pela cabeça?


Sim, sem tirar nem pôr. Pelo simples facto de que, por muito arrogante que eu seja, ninguém pode negar que eu percebo de Literatura, mesmo que assumam que todo o conhecimento que eu tenho do assunto passou para a minha cabeça por osmose, de tanto queimar as pestanas. Ainda por cima quando eu sou o primeiro a realçar, e a admirar, o génio de Fernando Pessoa. O homem era, de facto, brilhante, e tinha uma mente como se fazem poucas. E não é preciso ser muito esperto para perceber que o homem tinha talento - desafio-vos a tentarem escreverem textos como se fossem três pessoas diferentes, mas ao ponto de que uma pessoa que leia consiga distinguir claramente uma personalidade distinta para cada uma dessas personagens, que têm os seus estilos e peculiaridades muito próprias.

Pessoa fez disso às dezenas. É impossível consegui-lo sem se ser um génio, um esquizofrénico ou, e esta é a minha versão favorita, um bocadinho dos dois.

Portanto eu, como toda a gente com dois dedos de testa, sou da opinião de que o homem era um génio e que merece de facto ser mencionado como uma das maiores personalidades portuguesas de sempre. Apenas não gosto das coisas que ele escreveu.

Desculpem, mas eu sou um tipo chateado que anda particularmente chateado. Este longo preâmbulo serve para mostrar que quando eu digo que a Mensagem é uma leitura de casa de banho, não o estou a dizer só porque sim. Digo-o de forma provocativa, mas sei bem o que estou a dizer. A releitura não me convenceu.

Eu até consigo encontrar pedaços que aprecio. Enquanto citações. A sério, o livro está cheio de marcadores autocolantes de um laranja brilhante a apontarem para sítios à espera de serem transcritos. Mas como um todo, sabem o que isto é? Uma resposta melancólica a Os Lusíadas, e pouco mais.

"Sim, Luís, tens razão, nós já fomos os maiores. E sim, Luís, tens toda a razão, agora somos uns nhonhas. Mas sabes que mais? Ainda vamos ser os maiores outra vez, olha aqui o potencial, olha, olha aqui, oh para este povo cheio de potencial, até já nos deixámos de confiar em reuniões departamentais dos deuses, e criámos os nossos próprios mitos! Somos DIVINOS, olha para nós, estamos tristes por já não sermos o que fomos, mas potencial! NÓS SUAMOS POTENCIAL PELOS NOSSOS POROS, LUÍS!!"

Enfim. O livro está escrito com a mesma simplicidade técnica da poesia do ortónimo. Não, não é a simplicidade de quem recusa a máquina da complexidade estilística e quer quebrar barreiras; é a simplicidade de quem estava tão perfeitamente convencido da sua genialidade que sabia que podia não ter demasiado trabalho.

O tipo era óptimo a encadear palavras para que as frases soassem bonitas, mas era péssimo a encadear frases para que as ideias soassem a alguma coisa palpável. É por isso que a sua prosa era entediante, no mínimo, e é por isso que se dava melhor com a poesia, o formato literário em que a forma se sobrepõe ao conteúdo.

A lengalenga que nos vendem na escola é que isto é a melhor coisa de sempre. Só que não. E quem contraria é crucificado ("booo, boooo, estás a exagerar"... pois estou). Infelizmente este autor, e a grandiosidade da sua excelsa obra, já estão instalados e fazem parte da mobília. E é pena. Porque há muito bom autor, entre romances, contos, teatros e poesia (se eu tivesse paciência para procurar estes últimos), que merecia ser estudado. E em vez disso, paletes de Fernando Pessoa a serem-nos enfiadas pelas sinapses adentro! Nem digo para o eliminarem do programa, mas caramba, variem um bocado a coisa e...


Fiquemos por aqui.

sábado, 12 de setembro de 2015

Trilogia da Viagem: Camões, Pessoa e M. Tavares


Já todos conhecem a minha veia literária masoquista. É aquela minha faceta que me faz ler coisas que nem quero assim tanto e que me obriga a terminar um livro, por muito mau que seja. Tem uma razão de ser: a minha personalidade ligeiramente obsessiva-compulsiva não consegue lidar muito bem com deixar um livro (ou o que quer que seja) a meio, e o meu espírito teórico pode não querer ler algo, mas precisar de ler esse algo.

É essa veia masoquista que me vai fazer ler Os Lusíadas pela terceira vez na minha vida, Mensagem pela segunda, e Uma Viagem à Índia pela primeira. Acreditem, é preciso ser-se masoquista: embora seja fã da epopeia de Camões, não é uma leitura fácil; o livro do Pessoa deve ser uma das coisas dele que mais abomino; e Gonçalo M. Tavares é um autor que me irrita profundamente.

Então porquê, perguntam vocês? Porque existe uma ligação entre estes três livros, e eu quero vê-la muito claramente. Pessoa foi bastante óbvio quanto aos seus paralelismos com a obra de Camões, e M. Tavares foi bem explícito quanto à forma como se "colou" a essa mesma obra. E eu tenho curiosidade. Lembro-me de estudar a Mensagem e reconhecer alguns traços em comum com Os Lusíadas - chega-se mesmo a fazer a comparação, nas aulas - mas fiquei sempre com a sensação de que me estava a escapar alguma coisa.

As semelhanças e as diferenças mais imediatas são chamativas, é certo: a demanda mística do povo português está bem patente em ambos os livros, mas enquanto que Os Lusíadas nos falam desde um passado distante, com esperança e vontade, a Mensagem fala-nos desde um passado recente, com amargura e melancolia. Ambos querem a mesma coisa, mas o segundo já não tem espaço para o optimismo desbragado do primeiro.

Mas ainda assim falta qualquer coisa. Isto é demasiado simples. E onde raio se encaixa o livro de M. Tavares, esse esquizofrénico talentoso, incapaz de escrever um texto decente, mas que ainda assim arrecada todos os prémios e mais alguns?

Tenho curiosidade. E a minha curiosidade é que manda. Portanto pode não ser já, mas ainda este ano hei-de ler os três de seguida, para ser capaz de falar com certezas. Ainda por cima tenho algumas esperanças de que este livro de M. Tavares seja melhor que os outros e me deixe satisfeito de alguma forma!

sábado, 27 de junho de 2015

Estantes Emprestadas [18] - Literatura e Cinema


Caríssimos, apresento-vos um inédito na minha "carreira" por este mundo dos blogs: uma professora minha do Secundário escreveu uma crónica para esta rubrica! Isto é um marco! Uma vitória! Ainda por cima foi uma das minhas professoras favoritas, Maria de Lurdes Sanches, professora de Português, aturou-me no meu 12º ano e tivemos variadas e produtivas discussões, invariavelmente sobre Pessoa e/ou Saramago. Foi uma excelente professora, que sempre teve mais interesse em cativar a turma para os assuntos do que propriamente em debitar matéria e análises pré-feitas. Preferia que discutíssemos, mesmo que fossem sempre os mesmos, sempre com as mesmas conversas ("a poesia do Pessoa não presta, outro tipo qualquer que escrevesse aquilo não era levado a sério, Saramago é que era, bla bla bla", conseguem adivinhar quem era o chato?)

E pronto, desafiei-a a escrever sobre cinema. Podem ver o resultado ali em baixo: uma cróinca curta, mas interessante, que mostra bem o que é gostar de Cinema, e como é que se lida com as adaptações que se fazem de livros. À professora, muito obrigado (embora eu já soubesse que me ia encher o texto de Pessoa, e por isso ainda me vingarei de alguma forma)!!

“Cuidado, Macacoi, que o gajo 'tá na esquina!”, gritava Sagui, em Esteiros de Soeiro Pereira Gomes, numa passagem deliciosa de um dos livros que marcou a minha adolescência. E ainda hoje, embrenhada na leitura ou perdida no enredo de um filme, me apetece imitá-lo e avisar os meus heróis do perigo iminente. E é isto a literatura ou o cinema: o transporte para um mundo mágico em que deixamos o que somos atrás da capa ou do grande écran.

Desde que o cinema nasceu, enquanto a Sétima Arte que se juntou às outras “clássicas” seis, o seu caminho foi feito a par dos livros e da escrita revelando um outro olhar ou ficando perto ou alterando o original ou até decepcionando-nos quando nos adultera a nossa impressão de leitor. Ora, creio que o cinema tem mesmo que recriar, que nos alterar a história que tínhamos arrumada e arranjadinha na memória, que fazer jus ao célebre verso “Sentir, sinta quem lê!” que, neste caso, será quem realiza. Confesso que nem sempre é fácil assistir à destruição - ou ao que julgamos ser uma destruição - de uma obra que consideramos intocável. Foi o caso do filme “Amor nos Tempos de Cólera”, de Mike Newell, adaptação de um dos livros da minha vida, perante a qual me senti revoltada ao ver o meu Gabriel reduzido a uns diálogos dignos da pior telenovela mexicana. É que nem a presença de Javier Bardem me aplacou a ira! Mas acredito que terá agradado a muitos e terá levado alguns à descoberta de um autor e originou, certamente, muitas discussões. Porque, indiscutivelmente, livros e fitas são socializadores.

No contexto português, temos inúmeros casos de adaptações de obras de vulto da nossa literatura tanto por realizadores portugueses como estrangeiros, como “Amor de Perdição”, com a primeira adaptação ainda em filme mudo por um realizador estrangeiro, e, mais tarde, por Manoel de Oliveira. Eis um caso singular: um Camilo em registo alucinante, a deixar o leitor cansado de tanto correr atrás daquelas personagens envolvidas constantemente em peripécias, adaptado com a técnica do nosso querido Manoel em planos fixos, de câmara imóvel e em cenários quase exclusivamente interiores. Aqui, ao contrário do exemplo que dei atrás, impera a palavra, ao invés da acção rápida, sobressai o interior das personagens que se mantém as de Camilo. Um outro olhar, portanto. E válido!

Mais recentemente, “O Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, e “Os Maias”, de Eça de Queiroz, foram sucessos de João Botelho. Em ambos os casos, há uma fidelidade distante às obras. Pelo menos, foi o que eu senti enquanto leitora e espectadora. Se, por um lado, respiramos Pessoa e Eça, por outro, é muito forte a presença da recriação do realizador tanto nos cenários, surpreendentes nos dois filmes, como na opção de fazer sobressair apenas alguns aspectos das duas obras literárias. E não podemos esquecer o “Ensaio sobre a Cegueira”, de Saramago, adaptado e realizado por Fernando Meirelles, brasileiro, e que contou com um elenco internacional. Poderia continuar a dar aqui exemplos deste permanente diálogo entre a escrita e a imagem mas, por agora, apetece-me ir ver um filme, ler um livro ou ambas as coisas.

Literatura e Cinema: uma forma de arte a proporcionar uma outra e que sorte temos por podermos sentir lendo ou vendo… Mas adoptemos a atitude do Sagui e gritemos aos nossos heróis “Cuidado, Macacoi, que o gajo 'tá na esquina!”

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Procura da Verdade Oculta: Textos filosóficos e esotéricos

Título: A Procura da Verdade Oculta: Textos filosóficos e esotéricos
Autor: Fernando Pessoa
Organizador: António Quadros

Opinião: Não sendo fã de pessoa, por vezes estranho a curiosidade que sinto em relação ao homem. A verdade é que por muitos nomes que lhe chame, o acho uma figura fascinante.

Desde que tive o desprazer de ser apresentado à sua poesia e fui obrigado a ficar a conhecê-lo melhor (e aos seus heterónimos), que sempre quis ler alguma da sua prosa.

A primeira vez que o fiz foi com O Banqueiro Anarquista. Acho que não gostei tanto como a Alice, mas até foi uma leitura agradável.

Este livro, no entanto, é um caso diferente. Organizado por António Quadros, A Procura da Verdade Oculta: Textos filosóficos e esotéricos é maçudo e com tendência a descair para o aborrecido.

Há passagens interessantes, e umas dezenas de páginas que deram verdadeiro prazer, mas não posso dizer que tenha gostado do livro. A culpa talvez tenha sido de ter lido isto "à bruta", ou seja, de seguida, quando me parece ser um livro quase de consulta ocasional. Ou melhor, mais académico do que de leitura normal, chamemos-lhe assim.

Os textos aqui recolhidos não foram escritos com o intuito de estarem reunidos num só livro, e embora a organização não seja má, e não existam grandes quebras temáticas, Pessoa claramente gostava demasiado destes assuntos para que a sua genialidade (que reconheço, apesar de tudo) vertesse incólume para o papel.

Há críticas a teorias e filosófos, argumentos fortes e alguns mais circulares, mas o autor demonstra ter uma enorme clareza de espírito. Isso não impede, no entanto, umas primeiras páginas confusas, pois de tanto que queria falar, acabou por não desenvolver tudo como o devia ter feito.

Eventualmente a coisa fica mais assertiva, e começo a notar algumas conclusões e raciocínios interessantes, mas continuo a achar tudo demasiado confuso para alguém que era capaz de escrever poemas tão falsamente simples.

É que nota-se que pensou muito em tudo isto, mais que não seja pelo seu estilo denso e pesado. O problema é que por causa disso mesmo acabou por ser perder demasiadas vezes em considerações dentro de considerações, e a perder o fio à meada.

E quando se põe a falar de fenómenos esotéricos, e das suas experiências sobrenaturais enquanto vidente? O homem era completamente maluco da cabeça. No bom e no mau sentido.

Já para não valor em algumas das pérolas que de vez em quando se lembrava de soltar assim de repente, como esta:

"A existência de Deus é, pois, idemonstrável, mas é um acto de fé racional, natural portanto - inevitável até - em qualquer homem no uso da sua plena razão.
E tanto assim é que o ateísmo anda sempre ligado a duas qualidades mentais negativas - a incapacidade de pensamento abstracto e a deficiência de imaginação racional. Por isso, nunca houve grande filósofo ou grande poeta que fosse ateu."

Nem sei bem o que dizer sobre isto. Talvez mostre esta citação da próxima vez que alguém me disser que tenho que ser mais tolerante e gostar de Pessoa.

Quanto ao livro, acho que tinha tudo para ser bastante interessante, mas acabou por ficar um bocado maçador, especialmente mais perto do final. Mas realço que mesmo assim encontrei ideias interessantes e uma escrita bastante aceitável.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Banqueiro Anarquista

Título: O Banqueiro Anarquista
Autor: Fernando Pessoa

Opinião: Só tive duas razões para ler este livro: a minha curiosidade natural e a pequenez do livro. Não sou fã dos escritos de Pessoa, embora tenha lido maioritariamente poesia. Portanto, a minha vontade de ler um livro escrito pelo poeta não era lá muita. No entanto sou demasiado curioso, e aproveitei o reduzido tamanho deste livro para experimentar.

A estrutura é simples, um imenso diálogo, que me fez lembrar os diálogos de Platão e dos gregos afins, em que duas personagens discutem uma ideia (ou várias), neste caso a anarquia.

Só que, uma vez que foi Pessoa a escrevê-lo, isto não podia ficar por aqui. Tinha que haver um qualquer tipo de paradoxo. Então não é que o homem que não só afirma ser anarquista, como afirma ser mais anarquista que os outros proclamados anarquistas, é um banqueiro, que enriquece à custa dos outros? É um bocado contraditório que alguém que se diz seguidor de uma doutrina que deseja abolir todas as convenções sociais, e criar uma sociedade verdadeiramente livre, seja afinal alguém que faz uso dessas mesmas convenções sociais para enriquecer, indo contra os ideais anarquistas que defende.

Mas a verdade é que Pessoa consegue, através do banqueiro, fazer uso de uma argumentação surpreendentemente lógica, culminando com uma espécie de "se não os consegues vencer, junta-te a eles" muito peculiar, em que o banqueiro diz que a única maneira de se ser verdadeiramente livre é estando livre das convenções e imposições sociais, e como destruí-las é impossível, tem que estar acima delas, ou seja, neste caso, tem que ter tanto dinheiro que deixa de ser escravo do sistema capitalista, sem ter necessidade de se preocupar com o dinheiro.

Surpreendente e único, tresanda a Pessoa e ao seu uso de uma linguagem extremamente acessível para transmitir ideias complexas e possivelmente rebuscadas, bem como à estrutura ideológica paradoxal e retorcida, tão frequentemente presente nos seus poemas, e que são praticamente a única coisa que realmente me agrada, na sua lírica. Neste pequeno livrinho encontram-se estas e outras características muito pessoanas, que fazem dele um pequeno livrinho invulgar e invulgarmente agradável.

domingo, 4 de julho de 2010

O Banqueiro Anarquista


Trata-se da primeira obra que leio de Fernando Pessoa, uma narrativa curta, um pequeno ensaio sob a forma de diálogo sobre a Anarquia.


A conversa desenrola-se entre um banqueiro, aparentemente anarquista que justifica os seus ideais a um amigo, que pensa inconciliável o estatuto de banqueiro com a política anárquica.

O banqueiro expõem, então uma série de pontos de vista e ideias com a mais racional linha de pensamento, e defende ainda que a única forma de um anarquista se tornar um pleno homem livre, é ser rico.

Diz ele, que só se sendo rico, se pode estar imune ao factor de maior peso da sociedade burguesa: o dinheiro. E justifica assim a sua profissão, dizendo-se ainda um homem praticamente livre, uma vez que é imune ao peso do capital.

Muito interessante, e realista, bem aos modos de Fernando pessoa, e considerado por muitos a melhor ficção do autor, um ensaio com o seu quê de contraditório, que deixa definitivamente o leitor a meditar sobre o assunto.