Neste livro somos presenteados com uma das mais curiosas investigações de Poirot (pelo menos que eu tenha lido), não pelo crime em sim, mas pelo método. E também pela vítima, que foi, possivelmente uma das personagens mais interessantes que já vi num livro.
Uma mulher, autêntica tirana doméstica, que controla na totalidade a vida dos seus filhos, enteados e nora, é encontrada morta, depois de uma excursão à qual não foi. Todos tiveram oportunidade para a matar, e praticamente todos tinham motivo. Cabe a Hercule Poirot descobrir o assassino.
E para mim, a forma como o faz é simplesmente brutal. A única investigação que ele realiza, é conversar com todos os intervenientes na situação, fazendo perguntas por vezes estranhas, mas todos com um intuito bem definido na sua mente.
E consegue, de facto, descobrir o assassino, que era alguém em quem eu, nunca por um momento, pensei. A maneira como a autora nos passeou as ideias entre praticamente todas as personagens, é simplesmente enganadora, e o meu único remédio, às tantas, foi ficar à espera do final, que foi mesmo ao estilo de Poirot, com toda a gente reunida na mesma sala, e um monólogo do famoso detective, em que ele, lentamente, decompõe a situação, os indivíduos, e acaba por revelar o assassino, dando, como sempre, a impressão que ele já o sabia desde o início.
Não o veria como uma das melhores obras de Agatha Christie, mas parece-me mais uma "experimentação" da sua parte. Toda esta história de resolver o crime sem ir à procura de indícios, sem praticamente sair da sala, conversando com os intervenientes, e descobrindo, através das características psicológicas de cada um, quem mente e quem diz a verdade, quem é influenciável e quem influencia... Uma grande experiência, é o que me parece, e é também o que acaba por tirar alguma piada à história, pois não há uma "acção real", se é que me faço entender. Mas não deixa por isso de ser um bom livro, aliás, como praticamente todos desta autora (eu pelo menos ainda não li nenhum que não gostasse)!
2 comentários:
Cartas na Mesa, da mesma autora, aproxima-se muito desse mesmo método: é à base de conversas, e perguntas que parecem desadequadas, mas no fim são fundamentais :) Quero ver se em breve leio mais livros da Agatha!
Talvez seja um método que Agatha Christie goste de usar, de vez em quando. O que eu sei é que é interessante! Lê mais que não te arrependes ;)
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