segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Os Leões de Al-Rassan

Título: Os Leões de Al-Rassan
Autor: Guy Gavriel Kay
Tradutor: João Henrique Pinto

Sinopse: Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer - ou destruir - o mundo.
Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaditas, Asharitas e Kindates é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan - poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte - famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak - física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra.

Opinião: Inspirado na história da Península Ibérica, aquilo que o autor faz neste livro, sobre a asa da fantasia para permitir algumas liberdades, é criar um retrato fiel e sério de uma das alturas mais conturbadas da península.

De um lado os jaditas, adoradores do deus do sol, Jad, cavaleiros de Esperaña. Do outro os asharitas, que veneram Ashar, o deus das estrelas. E ainda uma terceira facção, os kindates, adoreadores das duas luas, a branca e a azul.

O leque de personagens é bastante diversificado e bem construído. De entre os jaditas destacam-se o grande Capitão, Rodrigo Belmonte, e Alvar Pellino, seu soldado. Pelos asharitas há Ammar ibn Khairan, o homem que matou o último dos califas de Al-Rassan, e Husari ibn Musa, um comerciante de setas tornado nómada. Por fim, dos kindates, destacaram-se Jehane bet Ishak, médica, o seu pai, Ishak bet Yonannon, igualmente médico, e Velaz, o criado convertido do segundo e que passou a servir a primeira, quando Ishak foi forçado à reforma.

É claro que todas estas personagens são apenas uma pequena fracção de um longo rol de individualidades bem definidas, do qual se destacam acima de todas Rodrigo e Khairan, de fés inimigas mas de certa forma iguais, ou pelo menos equivalentes. O laço que os une é difícil de explicar, como se a alma de um fosse o reflexo da alma do outro.

A trama é relativamente complexa, recheada de meandros políticos, jogos de poder e complicações de amor. Não se torna fácil seguir tudo o que acontece e conseguir ligar tudo aquilo que levou a que determinado evento se desse. Eu pessoalmente apreciei bastante, cada acontecimento foi uma oportunidade para pensar em que é que aquilo poderia influenciar o que se seguia.

Achei interessante, como já disse, e não posso deixar de destacar aquela que é provavelmente a grande mensagem do livro: que é possível, e até benéfica, a convivência pacífica entre as várias religiões, e que os problemas das mesmas advêm dos seus fanáticos. Esta última parte é bem explícita se se pensar nos Muwardis, guerreiros do deserto, asharitas vistos como selvagens, e cuja única diferença de carácter quanto aos mais altos clérigos da civilização jadita, é serem abertamente desprezíveis e violentos.

Posto isto, é uma leitura que aconselho, em especial para quem apreciar romances históricos, dos quais este é um exemplar escrito com mão de mestre.

4 comentários:

NLivros disse...

Olá Rui!

Este é um livro que tenho assinalado há algum tempo. Gostei da tua opinião, que veio cimentar a ideia que tenho de facto de adquirir o livro.
Abraço!

Rui Bastos disse...

Olá Iceman!

Pelo que conheço dos teus gostos, acho que vais gostar bastante. É um romance histórico bem escrito, bem trabalhado, e com um traço tão leve de fantasia que mal dás por ele, e nem sequer é particularmente relevante.

O que o autor faz é agarrar em factos históricos e construir ficção à volta deles, mas de forma a que faça sentido, com alguma liberdade, mas sem inventar.

E a escrita é bastante boa, é uma excelente aposta!

Abraço!

Alex (The Sleepless Reader) disse...

Sou grande fan do GGK e este e' um dos melhores. Talvez o melhor depois de Tigana, que espero re-ler de novo em breve em formato audio. Ja leste mais dele? Alem do Tigana recomendo a triologia The Fionavar Tapestry e The Sarantine Mosaic (dois livros).

Rui Bastos disse...

Infelizmente ainda não, descobri-o com este livro... Vou tratar de investigar esses!